ᴀʀᴛᴇ ᴇ ᴀᴍᴏʀ ᴘʀᴏɪʙɪᴅᴏ | Bellarke [Concluída]

Three

"...o conjunto das imagens não gratuitas e das relações de imagens que constituem o capital inconsciente e pensado do ser humano..."

Clarke lia pra si mesma e estava até concentrada quando sente alguém se aproximar da sua mesa na biblioteca. Antes de levantar a visão, ela ouve.

— Griffin.

A voz dele já fazia com que ela juntasse as pernas embaixo da mesa. Levanta a visão e lá estava ele na sua frente, de pé a olhando. Clarke se recompõe dos seus pensamentos e levanta-se da cadeira pigarreando.

— Professor.

— Não, não quero te atrapalhar, não precisava se levantar — ao ouvir isso, ela percebe o quanto tinha sido bobo ter levantado pra ele e se pune mentalmente, se culpando por ficar tão nervosa assim. Afinal era só o professor de história, Bellamy quebra o silêncio, tira o lápis do bolso e estende para ela — Vim te trazer isso.

Clarke olha para o objeto e pega, sentindo as pontas dos seus dedos tocarem a pele da mão dele. Ele demora mais tempo do que o esperado para soltar o lápis. Como se quisesse prolongar o momento por mais alguns segundos. Por fim, cede sem muito esforço. Ela olha para o lápis e não o encara.

— Obrigada — fala tentando soar o mais seca e indiferente possível. Ele coloca uma mão no bolso e continua olhando-a, enquanto ela se senta. Clarke sente o incômodo da atenção dele sobre ela e levanta o olhar até que seus olhos encontrarem os dele — eu já disse, obrigada.

— De nada — ele desvia o olhar para o livro que estava sobre a mesa — estudando? — Clarke assente, torcendo para que ele fosse logo embora dali. — História da arte?

— Sim.

Ele sorri de canto e molha os lábios.

— Posso? — Bellamy pergunta apontando para a cadeira vazia ao lado dela. Clarke estava em um desespero interno, negar que ele se sente ali com ela? Qual desculpa daria já que a biblioteca estava lotada. Ele havia deixado a mochila lá no guarda volumes e tinha apenas um notebook na mão e uma garrafa, com água — Griffin?

— Ah...pode — ela tira sua bolsa que estava na cadeira e espera que ele se sente mais afastado. Mas contrariando a todos os seus desejos ou não, Bellamy nem ao menos puxa a cadeira mais para longe, apenas senta-se. Clarke observa todos os movimentos dele, abrindo o notebook, arrumando o óculos, até perceber o quanto estava sendo boba. Afinal era apenas seu professor que resolveu sentar-se ao seu lado na biblioteca. Balança a cabeça desviando sua atenção para o livro novamente. Mas Bellamy percebe o gesto da loira e franze o cenho.

— Quer que eu saia? Te atrapalho?

Clarke vira o rosto pra ele e nega com a cabeça, ela não tinha palavras naquele momento. Ao mesmo tempo que queria e torcia para que ele saísse dali, estava gostando de tê-lo por perto.

Ele assente e volta sua atenção para a tela do notebook. Um silencio se faz naquela mesa e Clarke tenta ao máximo manter seu foco. Ela poderia ir embora, porém não era o que ela queria naquele momento. Queria estar ali, queria que ele ficasse, mas não o queria perto demais, poético talvez. O limite criado por ela mesma quando se tratava do professor Blake estava gritando. Assim como o tesão que ela sentia por ele.

Bellamy por sua vez, estava curioso para saber o que sua aluna lia. Olha para o livro dela aberto e sem que Clarke perceba, ele começa a ler para si mesmo.

"...imaginário da natureza, do corpo, da mente, das relações sociais. Buscando por si mesmo, o ego acredita se encontrar no espelho das criaturas para se perder naquilo que não é ele..."