Four

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É quase impossível conciliar as exigências do instinto sexual com as da civilização.

Freud disse e era o que Clarke vinha tentando fazer todo esse tempo, omitir os desejos sexuais por seu professor da faculdade, por medo do que os outros iam pensar e principalmente por medo do que ele ia pensar. E agora ele estava ali, jogando a pergunta na cara dela. Colocando em perigo tudo o que ela lutava diariamente para esconder.

Confusa, seu corpo estremece. Clarke não sabia se ele estava mesmo falando de arte ou se estava falando de outro tipo de prática. Aquela que ela pensava fazer com ele, todas as noites debaixo dos seus lençóis.

— Griffin?

Ela volta à Terra e força um sorriso. Não sabia se entrava no jogo dele ou se falava exatamente das suas pinturas. Encara o rosto bonito na sua frente ela esperando uma resposta e decide ficar no meio termo para saber até onde ele ia.

Você teria que ir à minha casa pra ver.

Ele ri e Clarke fica ainda mais na dúvida se aquilo era bom ou ruim, mas logo ela recebe uma resposta.

É... talvez um dia desses. Bom, mas agora eu preciso ir — Bellamy desliga o notebook e o fecha — então, se você tiver alguma dúvida sobre o assunto e quiser me procurar sabe onde é minha sala.

Sim, eu sei, por acaso é a mesma que eu frequento para ter aulas de história.

Ele sorri e se levanta da cadeira.

Até a próxima aula Griffin.

— Até.

Ele sai e ela fica pensativa, aquilo tinha sido estranho. Ao mesmo tempo que ele parecia envolvido na conversa e interessado talvez, de repente ele sai assim como se nada tivesse acontecido.

Mas é claro que ele acha isso tão errado quanto Clarke, o que ela estava pensando? Que simplesmente ele pediria o telefone dela e a chamaria pra sair?

Ela balança a cabeça e pega os livros e seu caderno. Precisava ir pra casa, não queria ficar mais ali naquela biblioteca. Queria relaxar um pouco, talvez pintar ou até mesmo voltar a fanfic mental que ela criara com o professor Blake.

"Ah, mas porque eu estou me iludindo tanto?"

Pensava ela enquanto pegava sua bolsa no guarda volumes e saía da biblioteca. Na cabeça de Clarke, talvez um homem como ele nunca se interessaria por alguém como ela. Não que tivesse a auto estima tão baixa assim, não era isso. Apenas que talvez ele preferisse mulheres mais interessantes, do ciclo social dele que deve ser de pessoas mais intelectuais. Ela era uma universitária com um futuro ainda a construir.

Ao contrário do que ela pensava, Bellamy a enxergava, mas ela não sabia.

No decorrer da semana os dois não se esbarraram até a sexta-feira, quando tinha mais uma aula dele. Clarke dessa vez não chega atrasada e até é uma das primeiras a chegar na turma de história. Assim que entra o professor a olha dos pés à cabeça e sorri pra ela, satisfeito por ela ter deixado o cabelo solto, como ele sugeriu. Clarke agradeceu mentalmente por estar vestindo algo decente, porque ele realmente a olhava e olhava...

Ela senta-se no seu lugar e logo a sala estava cheia. Enquanto ele falava, o som da sua voz a leva para a noite passada. Onde mais uma vez, entediada, lá estava ela se deixando levar para o prazer provocado pela imagem dele projetada no seu imaginário. A conversa na biblioteca tinha levado seus pensamentos eróticos com ele para outro nível. Clarke sorri e cruza as pernas, voltando a sua atenção para a aula. Bellamy falava lá na frente e nem imaginava o que se passava na mente da sua aluna mais aplicada, segundo ele.

ᴀʀᴛᴇ ᴇ ᴀᴍᴏʀ ᴘʀᴏɪʙɪᴅᴏ | Bellarke [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora