Bang Chan

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Cansaço não era a única coisa que eu sentia naquele momento. Rejeitar Felix havia sido doloroso, assim como o selinho de despedida ao deixá-lo em casa para enfrentar os problemas, sabendo que tenho os meus próprios para encarar sozinho. Soube qual era a sensação que o híbrido teve, assim que pisei em casa e vi meu pai. A vontade de voltar para o carro e dirigir para qualquer outro lugar era grande, contudo, enfrentá-lo é um mal necessário.

Foi uma conversa longa, tensa, cheia de trocas de farpas e dolorosa. Meu pai me deu vários socos até eu propor um acordo.

O acordo não era muito bom para mim, mas protegia Felix e isso é o suficiente, eu posso lidar com o resto desde que meu garoto fique bem e sem estar longe de mim.

Minho chegou em casa com os meninos um pouco depois de meu pai dizer que ia a um jantar importante, o qual não me importei em saber sobre.

— Brigaram de novo? — Foi a primeira coisa que o meio ômega disse assim que olhou na minha cara e fui o meu lábio inferior cortado e minha bochecha um tanto inchada.

— Acontece. — Dei de ombros, vendo Jisung se sentar na minha cadeira e Changbin se jogar na minha cama, como se nunca tivessemos terminado o nosso namoro. Minho seguiu para o banheiro, voltando com a caixinha de primeiro socorros nas mãos.

— Temos que parar de nos encontrar assim, você sabe disso, né? — O Lee reclamou, se sentando ao meu lado e começando a cuidar do pequeno corte em minha boca.

— É a última vez, pelo menos vindo do meu pai. Nós fizemos um acordo. — Olhei para Changbin pelo canto do olho, vendo-o suspirar e ajeitar a postura.

— Isso significa que precisamos conversar sobre nós dois, certo? — O alfa moreno questionou, colocando a destra em minha coxa. Eu assenti. — Vai me contar tudo dessa vez?

— Sem mais segredos. — Afirmei.

— Como está o Felix? — Han soou desanimado, um pouco receoso, como se tivesse medo de que eu não fosse lhe dizer por conta de algum motivo.

— Ele está em casa, com o Myung, então eu acredito que ele esteja sendo cínico e debochado. — Respondi baixo, notando Minho terminar de cuidar do corte e guardar tudo de volta na caixinha. — Eu quase não consegui deixar ele lá, minha vontade era de trazer ele aqui para casa e ficar cuidando dele.

— Ele está muito bravo ainda, não está? — A voz do ômega soou baixa, quase um sussurro. Minho se aproximou do mais novo e se sentou na coxa dele, o abraçando de lado, lhe confortando.

— Mais com os pais dele de com a gente, na verdade. Afinal, os pais dele omitiram a família por dezoito anos. Aliás, alguém ficou de me explicar o que aconteceu antes do Felix fugir, certo, Minho? — O meio alfa suspirou, tendo a mão do mais novo em sua coxa como sinal de conforto, já que a conversa seria tensa.

O Lee me explicou, com o máximo de detalhes possíveis sobre como tudo aconteceu, se segurando ao máximo para manter o sorriso falso nos lábios, quando claramente ele estava segurando o choro. Não senti raiva, nem fiquei bravo, com todo o relato. Claro que era meu direito saber das desconfianças do mais novo sobre o meu passado, entretanto eu entendia que o mesmo não queria me dar esperanças e depois destruí-las caso fossem apenas uma coincidência. Eu apenas abri os braços para que ele migrasse para o meu colo, o abraçando forte e acariciando seu cabelo, sentindo as gotas grossas molharem a manga da minha camisa.

Minho se culpa demais, guarda muito dos sentimentos dele apenas para ele, Han e eu tivemos que aprender a lê-lo para entender o que se passa nessa cabecinha especial. E Felix se tornou um ponto muito delicado, aparentemente, para nós quatro.

2402: A Era AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora