Capítulo 21

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A maioria diz que pais são apenas de sangue, quem doa o material ou quem gera. Eu sou a prova viva de que não é assim que funcionava, meus genitores, como prefiro dizer, passaram a minha infância toda longe de mim, quem me criou foi a Laura. Eu sei o que vocês devem estar pensando, mas porque ela dedicou a vida dela a uma criança que ela não tinha obrigação alguma? Eu também sempre me perguntei isso, como ela nunca desistiu de mim? por que?. Assim como eu peguei um amor imenso por ela, ela pegou por mim, Laura era um anjo, a humanidade não merecia ela, ninguém merecia, eu não merecia.

É tão dificil pensar que uma pessoa que você ama com todas suas forças não vai mais estar ali para dar o seu bom dia, ou dizer o quanto você é importante para ela. É dificil imaginar que nunca mais vamos senti o cheiro, o abraço da pessoa especial, porque ela se foi, ela simplesmente se foi. Eu tenho certeza que ela sabe que eu a amo, e que sou muito agradecida pelo o que ela fez comigo, por nunca ter desistido, por ter me dado amor, carinho e atenção.

Lana passou a tarde toda me esperando no hospital, de noite fomos para a minha casa e ela dormiu lá. Eu estava em estado de choque, paralisada, só andava porque Lana me guiava. 

Acordei de um cochilo de trinta minutos, e notei que Lana não estava no quarto, me sentei na cama e logo em seguida ela apareceu com uma bandeja com uma torrada, um suco de laranja e uma maçã. Achei super fofo, mas não tinha estomago pra nada

- Bom dia, princesa

- Lana... o que é isso?

- Você praticamente passou o dia anterior inteiro sem comer, você precisava se alimentar, então acordei mais cedo e fui tentar fazer alguma coisa pra você

- V... Você fez tudo isso sozinha? - Gaguejei surpresa

- Sim, foi dificil achar as coisas, porque sua cozinha é enorme, mas consegui

Consegui dar uma risada leve, mas nada a mais que isso

Ela se sentou na cama e apoiou a bandeja em cima de mim, não estava com fome, mas não queria decepciona-la, então tomei um gole de suco e comi um pedaço da torrada e empurrei o prato, insinuando que não queria mais

- Emma!, qual foi? você precisa comer tomei

- Desculpe Lana, mas eu não to com um pingo de fome

- Toma pelo menos o suco

Assim o fiz, para ela parar de insistir

- Emma, posso te fazer uma pergunta?

- Sim, claro que pode

- Por que insistiu que eu viesse ficar com você?

- Ultimamente a gente tem ficado muito próximas, e você me traz uma calma inexplicável... Eu só queria você perto de mim

A porta abriu com tudo e nós duas nos assustamos, era a minha mãe com o velho costume dela de entrar sem bater, ou anunciar.

- Que susto mãe! Não sabia que viria

- Oh querida, é claro que eu viria para o velório e enterro da nossa querida funcionaria. O que ainda está fazendo na cama, vamos levante, se não vamos chegar atrasadas

Velório....  Parecia que a ficha não iria cair nunca, meus olhos se encheram de lágrima e me levantei da cama, esperando um abraço reconfortante da minha mãe, mas ela apena me ignorou.

- Quem é essa menina, Emma?

- Oi dona Alice, prazer, meu nome é Lana

- Ela é uma amiga do colégio, mãe

- Prazer Lana, agora se arrume Emma, vou descer para ver seu pai

Ela bateu a porta e instantaneamente comecei a chorar, coloquei as minhas duas mãos em frente ao rosto e desabei. Lana vendo aquela cena, correu para me abraçar bem apertado, aquilo me reconfortou tanto, mas continuei chorando sem parar

- Ei, Emma, olha pra mim - Ela segurou meu queixo com a ponta dos dedos - Infelizmente você perdeu uma pessoa muito importante, é normal ficar triste e chorar horrores, mas a Laura, bem eu não conheci ela, mas tenho certeza que ela odiaria te ver assim, chorando, sem comer, ela te daria uma enorme bronca!

Eu ri, porque era exatamente isso que aconteceria se ela me visse assim

- Ela continua viva aqui - Apontou para o meu coração - E aqui - Apontou para a minha cabeça - Ela te ama, e quer te ver bem, e você precisar ficar bem, por ela e por você

Eu a abracei, com toda minha forca a abracei

- Obrigada

- Fique tranquila

Lana me ajudou a me arrumar e descemos para encontrarmos meus pais, era bem obvio que eles não foram nenhum pouco com a cara da Lana, ela se apresentou pro meu pai e ele fingiu que ela nem tava la. 

A cerimonia iria ser na própria capela do cemitério, fiquei na entrada para cumprimentar todo mundo. Após todo pessoal chegar entrei na capela e fiquei do lado de Laura, observando ela pela ultima vez, não consegui segurar o choro.

- Obrigada por ser tudo o que eu precisava - Dei um beijo na testa dela


Após o enterro fomos todos pra casa, subi para o meu quarto e fiquei la com Lana, para tentar me acalmar, minha mãe entrou no meu quarto me chamou para conversar pra fora 

- Seu pai pediu para mandar essa menina embora, precisamos de privacidade

- O que? Não vou manda-lá embora, ela é a minha amiga!

- Essa mendiga é a sua amiga? Eu achei que você estava melhor de amizades viu

- NÃO FALE ASSIM DELA! - Gritei indignada com o que ela disse

- Emma Scott, não grite comigo! Eu sou sua mãe

Fiquei em silêncio, mas estava chateada demais para engolir sapos como sempre

- Minha mãe esta morta

Ela abriu a boca e em seguida colocou a mão

- Ela morreu noite passada, você só foi a pessoa que deu a luz, ela me amou, me deu carinho, atenção, educação, amor, tudo o que vocês deixaram de me dar

- Nós trabalhos dia e noite para te garantir um futuro Emma! Olha ao seu redor, acha que essa mansão caiu do céu? Eu e seu pai trabalhamos duro para isso, e você é uma mal agradecida

- Vocês nem sequer perguntaram o que queria, acham que só porque são meus pais sabem o que eu quero e o que eu penso! Mas deixa eu te contar Alice, não é bem assim que as coisas funcionam, eu não sou um robô fácil de manipular, eu sou uma pessoa com sentimentos e opiniões próprias, eu só queria o amor e atenção de vocês, coisa que dinheiro nunca vai comprar. Laura me deu isso, e só ela tem o titulo de mãe pra mim, você não conhece a Lana, então não fale o que não sabe, porque como eu falei, o mundo não gira em torno do seu nariz

Entrei no quarto e bati a porta, dei de cara com Lana e soltei o ar que eu nem sabia que tava segurando, ela tinha ouvido tudo e então correu para me abraçar, pois sabia que eu iria desmoronar a qualquer momento

Amor a primeira BrigaOnde histórias criam vida. Descubra agora