Amor a primeira Briga

Capítulo 20

Terminamos o passeio com todos intactos, nenhuma pessoa perdida pela floresta. Voltamos para o colégio ao anoitecer, o silêncio entre nós quatro era pertubador, eu não fazia a miníma ideia do que fazer, afinal, duas garotas brigando por mim, isso nunca tinha acontecido antes.

Chegamos no colégio e fui para o meu quarto, joguei minha mochila na cama e fui atrás da  Lana para uma conversa do lado de fora

- O que aconteceu na floresta?

- Caramba Emma, você ainda não percebeu que essa garota me odeia?

- Por que ela te odiaria?

- Por sua causa, porque ela gosta de você e ela se incomoda de você ser mais próxima de mim do que dela e ai quer acabar com minha vida!

- Gabi não gosta de mim

- Achei que você fosse mais esperta

Lana então saiu e me deixou falando sozinha, sentei na grama do jardim e comecei a pensar.

Pensar... Eu não fazia isso a muito tempo, comecei a olhar para as estrelas, sempre que eu estava triste ou nervosa, Laura sentava comigo do lado de fora para observar as estrelas, isso me acalmava muito, ter ela me acalmava demais. Caramba, nunca fui tão disputada assim, não acho que Gabi tenha coragem de ter feito aquilo, elas se odeiam, isso eu sei, mas envolver morte? Isso é demais. 

Fiquei um tempo observando as estrelas e me veio a Laura novamente na minha cabeça, peguei meu celular no bolso para ligar para ela, o meu celular estava desligado desde que entramos no ônibus, liguei e apareceu um monte de chamadas perdidas de casa, meu coração quase saiu pela boca, imaginando que tinha acontecido algo com meus pais, retornei a ligação e Nanda me atendeu no primeiro toque

- Alô, Nanda?

- Oi querida...

Nanda disse em um tom de tristeza, o que me fez ficar ainda mais preocupada 

- O que houve? Cheguei do passeio de tinha um monte de chamadas perdidas

Ela ficou em silêncio por uns minutos e eu a pressionei novamente, e então ela disse...

- Querida, eu sinto muito, muito mesmo, mas a Laura está na UTI e está em estado grave

Senti meu corpo gelar, senti minhas mãos formigarem e senti a fraqueza chegando acompanhada da tontura. Laura estava tão bem, o que tinha acontecido? A minha Laura, não pode ser...

Larguei o telefone e sai correndo, enxergando tudo embaçado por causa das lágrimas, quando percebi, estava na porta do quarto da Lana

- Acho que não é melh... O que houve? 

Ela perguntou assim que me viu chorando, não conseguia responder, só chorar

- Ei, olha pra mim - Ela levantou meu queixo com o polegar - O que houve?

Me aproximei e encostei no peito dela, como se implorasse para um abraço, ela entendeu e imediatamente me apertou bem forte, e eu desabei. 

Depois de me acalmar contei para ela que a pessoa mais importante da minha vida estava prestes a morrer, familia não é só biologicamente, familia é amor, e a Laura, bem, ela é a minha familia, ela é a minha mãe, é o meu pai, é os meus irmãos, é tudo pra mim, e eu estava perdendo ela sem ao menos poder fazer nada. Nos sentamos no chão e ela continuou abraçada comigo

- Desculpa te atrapalhar, mas eu nem vi pra onde estava indo, quando dei conta, já estava aqui

- Não tem problema, até gostei disso

Dei um sorriso leve

- Por que você não pede pra diretora te liberar pra ir ver ela? É uma emergência, ela entenderia

- Acha mesmo? 

- Claro

- Vem comigo?

Estava tarde e a diretora não estava mais no escritório, então fomos bater no quarto dela

- Desculpa te acordar há essa hora diretora, mas é uma emergência - Disse assim que ela abriu a porta

- Diga

- A Laura... - Não consegui terminar a frase sem começar a chorar novamente, então Lana continuou por mim

- Laura está no hospital, em estado grave, ela ainda não sabe o que aconteceu e queria pedir permissão pra senhora deixar ela ir agora visita-la

- Não está um pouco tarde para visitas?

- Não está não, essa hora as visitas ainda estão liberadas

- Bom, então nesse caso Emma pode ir, sinto muito, querida

- Lana pode ir comigo? - Eu disse em prantos

As duas ficaram surpresas

- Por favor...

A diretora olhou para mim e para Lana e fez que sim com a cabeça, liguei para José e ele não hesitou em nenhum segundo em me buscar. Chegamos no hospital e a enfermeira disse que eu podia ir vê-la. Eu perguntei o que tinha acontecido e ela disse que a causa dela estar no hospital era um aneurisma, que tinha se rompido, e isso explica o desmaio que ela teve quando estava comigo

Fui para o quarto e ela estava lá, mas apenas o corpo, porque aquela, nem de longe, parecia a minha Laura, ela estava cheia de tubos e estava pálida, com um curativo na cabeça. Cheguei perto dela e segurei sua mão

- Oi - Eu disse soluçando em meio as minha lagrimas - Eu estou aqui, eu estou aqui Laura. Você não me disse que estava doente, porque Laura, porquê? Você não pode me deixar, você é tudo que eu tenho, e eu te amo tanto 

Comecei a chorar mais e senti que ela tinha apertado meus dedos

- Eu sei, eu sei, você também me ama, então não me deixe por favor, eu preciso de você. Eu preciso que vocês esteja aqui pra mim te contar com toda euforia do mundo que gosto de uma garota, que gosto da Lana, preciso de você aqui para apresenta-la a você, preciso de você para receber um abraço sempre que precisar, eu preciso de você para fazermos brincadeira de bexiga d'agua no jardim, preciso te apresentar como vó dos meus filhos, dói tanto te ver nesse estado. 

Vi uma lagrima escorrer do seus olhos, mesmos eles estando fechados

- Você cuidou de mim desde que nasci, e quero que você saiba que sou muito grata por isso, obrigada por tudo, obrigada por me ensinar tudo que eu sei, obrigada por fazer parte da minha vida, obrigada por não desistir de mim em nenhum segundo sequer, obrigada por cuidar de mim como se eu fosse sua própria filha. Eu te amo, mãe

Assim que terminei de falar ela apertou minha mão bem forte e os aparelhos começaram a apitar, indicando que ela estava tendo uma parada cardíaca, gritei os médicos e eles fizeram de tudo para tentar trazer ela de volta, mas não foi possível, Laura tinha partido. Cai no chão ajoelhada e comecei a gritar e chorar, meu Deus, como pôde tirar a minha melhor pessoa?

Minha mãe tinha partido, com ela, levou um pedaço de mim, não podia acreditar que isso estava acontecendo. Estamos todos sujeitos a morte, mas a verdade é que ninguém está preparado pra isso, e eu não estava preparada para perder a minha melhor pessoa.