Capítulo 7

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"Algumas quedas servem para que nos levantemos mais felizes"

Willian Shakespeare

Nan arrumara meu cabelo perfeitamente. Prendeu-os no alto da cabeça, formando uma cascata de cachos afogueados e arrematou o penteado com o enfeite azul.

Olhei-me no espelho e não pude deixar de apreciar meu reflexo. A pele branca e os cabelos acobreados davam um contraste perfeito com o azul marinho do vestido, que ajudava a realçar a cor dos meus olhos, tornando-os ainda mais azuis. Uma sensação de familiaridade com o reflexo fez meu corpo estremecer. Olhando-me daquela maneira, quase tive a certeza que aquela era a verdadeira Amanda Davidson, não a que eu conhecia e que adorava jeans e batinhas. Aquela era a verdadeira "eu". Era como se, de repente, me encaixasse perfeitamente naquele mundo, e mesmo com todas as prerrogativas contrárias em meu ser, eu tivesse nascido ali, naquela época, em meio àquelas pessoas que já não me pareciam estranhas ou diferentes.

Alguém bateu à porta suavemente, e Nan foi abri-la. Meus olhos se encontraram com os dele. Parado à soleira da porta, vestido em um traje preto elegantíssimo e um chapéu, parecia ter saído de um filme antigo, com seu casaco escuro e longo. Ele entrou no quarto devagar, com os olhos fixos nos meus.

— Está linda.

Baixei o rosto tentando esconder o rubor em minhas bochechas, que ninguém jamais me proporcionaria no século XXI , embora fosse inegável o fato de que jamais havia encontrado um homem que as fizesse ficar tão quentes, contrastando enfaticamente com a minha pele branca.

— Mas se me permite dizer, falta-lhe uma coisa.

Ele se aproximou mais e tirou de dentro do bolso interno do casaco um estojo aveludado. Quando o abriu, prendi o fôlego. Era uma joia linda, um colar delicado, totalmente cravejado com brilhantes e safiras, que reluziam incrivelmente sob a luz dos candelabros. Jamais em minha vida pensei que algum dia usaria uma joia como aquela.

— É... lindo! — falei encantada.

— Permita-me?

Sorri e assenti com um movimento leve de cabeça. Eu estava extasiada. Tudo nele me encantava, desde a voz ao romantismo comedido. Ele se pôs atrás de mim, e senti como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo quando suas mãos tocaram meu pescoço para afastar os cabelos. Ele prendeu o colar delicadamente e se pôs em minha frente.

— Agora está deslumbrante.

Seus olhos se prenderam aos meus por um momento a mais, e quase não pude conter minha respiração acelerada. Ele mexia demais comigo, e eu estava completamente perdida naqueles olhos negros.

— Devemos ir agora. — sugeriu e me ofereceu o braço; eu aceitei com orgulho, desejando que aquele fosse só o início de uma noite perfeita.

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Chegamos a uma linda construção, um palácio ao estilo da época. Estava iluminado e cheio de pessoas. Homens e mulheres em seus vestidos elegantes, com chapéus e joias, e um frio no estômago me fez congelar e tremer. Definitivamente eu não saberia como me portar na frente de todos.

Di Ângelo saiu primeiro e me estendeu a mão para me ajudar a descer da carruagem.

— Parece nervosa.

— Não pareço, estou!

Mistérios do Destino - Atemporais Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora