Capítulo 10

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"Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia."

Willian Shakespeare

Chegamos à mansão rapidamente, eu estava descabelada, minha pele estava rosada pelo calor do sol forte, e Miguel tinha o ar aborrecido.

— Onde está sua noiva? — perguntei só para alfinetá-lo. Ele me encarou sério e suspirou cansado, depois virou-se para Arthur e entregou-lhe o garanhão negro, ignorando a minha pergunta.

Caminhou com passos largos até a entrada principal de sua casa, e eu mantive os passos apressados para acompanhá-lo. Quando abriu a porta, notei sua surpresa ao se deparar com o professor Fernandes e um homem, que devia ser seu filho, sentados no sofá, conversando com Nan.

Quando os homens nos viram, levantaram-se para nos cumprimentar.

— Di Ângelo, meu amigo! — ele o abraçou. — Desculpe-nos por aparecer sem avisar, mas como já tínhamos combinado...

— Não precisa se desculpar, meu amigo, você é sempre bem-vindo. — ele correspondeu ao abraço e depois estendeu a mão para o outro homem cortesmente.

— Senhorita Davidson! — o professor caminhou em minha direção e beijou minha mão. — É uma honra revê-la.

Sorri.

— Igualmente, professor.

— Este é meu filho, Guilherme. Como havia lhe falado, ele é um estudioso como eu e ficou muito curioso quando lhe falei da senhorita. — disse-me, apontando o homem que viera com ele. Devia ter a idade aproximada de Miguel, mas era bem diferente. Tinha os cabelos castanhos bem aparados e os olhos cor de mel, seu nariz era reto, como os das estátuas gregas, o que lhe favorecia uma masculinidade envolvente. Possuía um rosto anguloso, perfeitamente barbeado, e sustentava um sorriso simpático. Ele se aproximou e beijou minha mão, sem deixar de me olhar nos olhos. Aquilo me deixou um pouco constrangida e corei.

— É uma honra conhecê-la, senhorita Davidson.

— Receio ter chegado em hora imprópria. — lamentou-se Fernandes.

— De modo algum. — respondeu Miguel. — Amanda... quer dizer... a senhorita Davidson — consertou — precisou de ajuda com o cavalo, e eu tive de ajudá-la, foi só isso.

— Gosta de cavalos, minha jovem? — Fernandes perguntou, e eu assenti. — Eu já tive meus dias de glória, mas hoje em dia prefiro o conforto da carruagem. — brincou, e todos sorrimos – Sou um velho que não aguenta mais tanta aventura. — sorriu tristemente.

— Não fale assim, pai! — interveio Guilherme. Ele tinha uma voz grave e atraente. — Ainda tem muita aventura pra viver!

— Queira Deus! — falou bem humorado. — Mas indo direto ao assunto que me trouxe aqui, eu gostaria de ver o caminho que fez pela mata sobre a qual me falou, senhorita Davidson. Quando puder, gostaria que me acompanhasse até lá, se não for muito importuno.

— Não é importuno, professor, eu só preciso... trocar de roupa. — sorri.

— E prender os cabelos. — objetou Miguel.

O que havia de errado com meus cabelos soltos? Fitei-o.

— Não vejo por quê. — retruquei.

— Não convém que uma dama permaneça de cabelos soltos na presença de cavalheiros.

Eu o fitei incrédula, tinha permanecido de cabelos soltos por toda a manhã na presença dele e até então ele não havia reclamado.

— Está falando sério? — perguntei, e ele apenas me fitou sem responder.

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