Prólogo

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Seu escritório particular devia ser um lugar onde ele se escondia quando queria ficar realmente sozinho. Jamais seria capaz de encontrá-lo se Nan não estivesse me acompanhando. Era preciso ir até o fim do corredor e passar por uma porta que se abria para uma antessala pequena, onde não havia mais que um aparador com um jarro de flores e outra porta. Esta, muito estreita.

Nan girou a maçaneta um pouco hesitante e me informou que deveria subir as escadas que eram tão estreitas quanto a porta.

— Não há como errar. — ela me disse. — Vai encontrar o escritório quando acabarem os degraus.

Senti-me como uma princesa subindo as escadas de uma torre em direção ao seu calabouço, mas não hesitei, provavelmente ali não seria a minha prisão, talvez fosse a minha libertação. Subi degrau por degrau, sem conseguir pensar em palavras para dizer, e quando cheguei ao topo, encontrei outra porta. Esta estava entreaberta.

Toquei a maçaneta, sentindo meus dedos frios, e a empurrei lentamente. O ambiente estava em meia luz, havia alguns candelabros acesos, porém, não o suficiente para iluminar todo o local, que para minha surpresa era maior e mais aconchegante do que previ ante àquelas escadas apertadas. Olhei ao redor e notei Miguel numa poltrona, de costas para mim. Estava sentado desleixadamente com uma taça de vinho em uma mão e a cabeça apoiada na outra.

Entrei devagar, tentando fazer o mínimo de barulho ao encostar a porta. Ele continuou imóvel, sem me notar, então caminhei alguns passos tímidos, parando ao lado de um dos candelabros acesos. Minha sombra projetada na parede pareceu chamar sua atenção, e ele se virou para trás sobressaltado...

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