❄|Dois contratos.

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Há cinco dias para o Natal,

Meu verdadeiro amor enviou a mim, um noivo e dois contratos.¹

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RyuJin

Nakameguro, Japão – 20 de Dezembro de 2020.

Estava há bons minutos parada em frente ao grande espelho do quarto de hóspedes encarando meu reflexo e tentando pensar em formas de não perder o autocontrole quando descesse os dois lances de escadas até o jantar que estava sendo organizado nos andares abaixo.

Vovó bateu à porta pela terceira vez somente na última hora, e aguardou minha permissão para entrar e vir até mim segurando meus ombros com afago. Ela me analisava avaliativa e com um sorriso satisfeito nos lábios finos, como se enxergasse diante de si sua mais bela obra prima enfim concluída.

— Eles chegaram, querida. – beija a lateral da minha cabeça, onde o cabelo estava preso com uma joia de família, permitindo que os fios caíssem no lado oposto por sobre meus ombros. — Seja gentil, uh?

— Serei respeitosa, baachan. – pontuei respirando fundo e encarando meu reflexo uma última vez. A camisa de seda que usava por baixo do blazer escuro, não me protegia do frio, mas eu sabia que vovô cuidaria pra que a sala estivesse aquecida o suficiente pra que pudéssemos ter um jantar agradável.

Calcei os saltos por cima da meia fina preta, ajeitando a saia consideravelmente mais acima dos joelhos que o recomendável, e sai do quarto seguindo vovó pelos corredores da antiga Minka até os andares de baixo. Minhas vestes formais, nada festivas e em um negro tão escuro quanto o luto, deixariam claro a forma com que trataria aquilo tudo: apenas negócios.

Os funcionários da casa de veraneio dos meus avós, aguardavam alinhados na parede adjacente à lareira, impecavelmente bem vestidos e num silêncio quase sepulcral. Eles fizeram uma reverência sutil quando nós entramos no cômodo, despertando os homens de uma conversa cordial sentados nas poltronas e sofá ao redor da mesa de centro.

Um homem em seus pouco mais que quarenta anos, levantou-se de seu lugar assim que notou nossa presença, fazendo os demais segui-lo. Pude notar que a única mulher que os acompanhava demorou seu olhar sobre mim antes de também levantar e me oferecer um sorriso educado. Ela parecia ter a idade de vovó, e vestia-se elegantemente adornada por joias que reluziam à luz do cômodo, sem deixar de me olhar como se pudesse ler minha alma, o que não duvidaria que fosse a intenção.

Vovó e eu nos inclinamos, fazendo uma reverência polida, sendo retribuídas pelos convidados masculinos de forma um pouco desajeitada. Aparentemente o Whisky já havia sido oferecido por vovô, que não esperava uma oportunidade mais intimista para que pudesse fazê-lo, e agora, todos os homens estavam ocupados por um copo com uma dose generosa da bebida para abrir o apetite.

Brand New Eyes »» Lee TaeminOnde histórias criam vida. Descubra agora