Viagem

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— Preciso conversar com você.

Toca uma música qualquer no meu quarto. Estou sentada no tapete, separando algumas ideias pra redecorar meu quarto. Já faz tempo demais desde que algo me fez mal e isso me deixava muito aliviada. Eu tentava evitar qualquer tipo de aborrecimento.

Mas meu pai parecia insistir em assuntos delicados. Ele vai até a caixa de som e a desliga.

— O que foi?- pergunto, sem dar muita importância. Continuo com meus desenhos.

— A inspetora ligou. Perguntou se você já estava bem o suficiente pra conversar com ela. Mas antes nós precisamos falar sobre umas coisas que ela me disse. - ele fala seriamente.

Suspirei.

— Ela falou que você se envolveu em vários crimes nesses últimos meses, inclusive assassinato. E eu me pergunto até onde vai esse seu envolvimento? Você já me escondeu coisas demais, agora eu exijo que você me diga o que aconteceu.

—Pai, foram acasos. Acasos horríveis, mas que acontecem, principalmente numa cidade violenta como essa. - eu tento me desviar da verdadeira razão.

Ele me olha desconfiado.

— Isso não tem nada a ver com aquele assassino, tem? - ele finalmente pergunta, que era sua real intenção na naquela conversa.

Quando eu dizia que escutava Christopher, que via ele em todos os lugares, as pessoas se negavam a acreditar, o que é normal. Porque fisicamente isso é impossível. E essas partes do depoimento não tinham validade, eram mostradas como apenas reflexos traumáticos. Que eu escutava coisas por traumas.
Se eu começasse a agir daquela maneira, a quem quer que fosse. Eu estaria me afundando, ninguém acreditaria.

—Por um momento achei que sim. Mas agora não sei. O que eu sei é que eu não me envolvi nesses casos de propósito. Foi tudo tão rápido, virando uma bola de neve incontrolável. - eu digo

— Ai filha.- ele abaixa a cabeça, num tom preocupado. - Vou ligar pra inspetora vim aqui amanhã. Que você resolva logo suas pendências com a polícia. Não aguento mais ver você sofrer, ficar relembrando todo esse passado, muito menos reviver as memórias desse monstro.

Apesar de ter esquematizado o que eu devia falar pra ela. Ainda sim queria fugir disso. Ela me intimidava a dizer a verdade, mesmo que fosse a mais absurda.

Ele sai do quarto e me deixa no silêncio.

Meu celular toca. Erick.

— E aí? Como tu tá?

— Tô presa nessa casa. Algo mais a acrescentar? Acho que não.

Como você é dramática.

Porque não é você que tá aqui, tendo que escutar o papai jogar na minha cara as minhas irresponsabilidades.

— Se eu pudesse, trocava de lugar com você.

— Ah claro, com certeza.- sorrimos

Silêncio

O que foi? Pra que você realmente ligou?

— Vai rolar uma festa fora da cidade. Eu e meus amigos da faculdade estamos organizando. Mas tem um porém...vai ser em Bosque Livre e eu queria saber se você que ir.

— O que ?! Você só pode tá louco de querer fazer uma festa em bosque livre!

— Antes de você vim me julgar, me escuta primeiro. Não fui eu que decidi isso, aquele lugar tá super badalado depois daquela matéria no jornal. Eles insistiram de ir pra lá. Além disso, a gente não pode parar nossa vida, impedir de ir em lugares por conta do que aconteceu! Não foi o lugar que matou nossa família.

Vou Até Você - (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora