Entre irmãos

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Adam acendia um cigarro na sacada do prédio

A fumaça se confundia com a neblina da noite fria. O barulho da música soava baixo, quase como se tivesse longe demais. Porém, era só descer um andar de escadas e logo a poderia se ver o aglomerado de pessoas da alta sociedade. Todas bem vestidas, com suas conversas fúteis ou manipuladoras demais.
Todas pareciam longe demais dos pensamentos de Adam

Ele suspira.

Estava pensando em Madeleine.
Não era ali que queria estar, era com ela
Ele se perguntava como aquilo tinha acontecido
Como tudo foi por água a baixo quando botou os olhos nela naquela boate

—Parece que você se deu bem, irmão.

Adam reconheceu a voz. Deu um sorriso de satisfação

—Você demorou, Christopher...- ele o encara, ainda encostado na sacada.- Achei que fosse mais habilidoso.

Christopher solta uma risada sarcástica

—E Eu achei que você fosse um covarde. Obviamente eu tinha razão....- ele olha para Adam de cima a baixo.- Se veste como um deles, anda como eles, fala como eles, mas sempre será um Lancaster.

— E o que é ser um Lancaster pra você? Foder com a vida de quem a gente deveria cuidar? Porque foi isso que aquele homem nos ensinou. - fala Adam, com indiferença

—Voce se acha melhor que eu não é? - Christopher curva a cabeça

Adam se sente desconfortável. Mesmo que o tempo passasse, que os anos fossem afastando a lembrança do irmão. Ainda sim, ele sentia o poder de Christopher sobre as pessoas.

—Desculpe se eu consegui tudo o que você não conseguiu. Eu tive uma família que me acolheu, tive amor, uma vida confortável...- Adam sorri, querendo provocar o irmão.- Tive a Madeleine.

O punho de Christopher se fecha com força.
O nome dela na boca dele era como um veneno

—Do que adianta você ter tido tudo isso, se você também não se libertou do sentimento que existe dentro da gente? Ou você acha que eu vou acreditar que você se aproximou dela porque se apaixonou? Você quis chegar até mim através dela

Adam engole em seco
E apaga o cigarro que fumava

—Verdade que ela foi uma ponte. Eu soube da história dela, de tudo que aconteceu. Foi aí que eu descobri que você tava vivo e cumprindo a sua vingança...- ele desvia o olhar de Christopher.- Só não entendo porque deixou ela viva.

Christopher tira do bolso uma arma e engatilha ela.
Ele caminha até Adam, apontando a arma pra cabeça dele

—Eu derramei lágrimas pela sua morte em vão. Enquanto você comia, eu implorava por restos. Jurando vingança aos meus irmãos. Depois de anos, o que eu descubro? Que um deles teve a audácia de me trair. Agir pelas minhas costas esse tempo inteiro.

Adam olha para a ponta da arma, não duvidando que ele a dispararia

—Que moral você tem pra falar? Olhe só pra você. Um assassino. Que teria coragem de matar o próprio irmão...você não é tão diferente de Erick.

Christopher se irrita quando comparado a Erick e dá um soco no rosto de Adam, que cai pra trás, atordoado

—Eu mataria sim. Mas eu não ia estaR matando o Christian, porque ele morreu naquele incêndio. Eu estaria matando esse filho da puta que se diz ser meu irmão...ou melhor, posso matar as pessoas que te fizeram ficar tão felizinho. O que você acha? Sua suposta mãe está aqui? - ele sorri enquanto aponta a arma para a escada. Ameaçando descer.

Adam se enfurece. Não ia permitir que machucassem a sua família, sua família verdadeira

—Não ouse chegar perto deles! - ele levanta e peita o irmão

Christopher sentia-se ofendido por tamanha audácia. Não suportava ser desafiado. Era como se tivessem voltado a infância, com brigas implicantes e imaturas

—Voce só pode ser muito retardado pra me desafiar desse jeito. Já que sabe tanto sobre o que fiz esses anos todos, porque não conta quanto sangue eu carrego nas mãos? Mais um ou dois...ou vários. Não ia fazer diferença.

—O único sangue que você não carrega é o que vai te fazer sangrar!-diz Adam, provocativo.- Eu não sei o que te impede de matá-la, o que eu sei é que se você não fizer isso, ela vai fazer primeiro.

Christopher reage a fala do irmão. Se sente incomodado de como ficou exposto aos julgamentos dele. Mais um efeito colateral da fraqueza dele.

—Presta atenção, Christian. Se você chegar perto dela novamente, eu não vou hesitar em puxar o gatilho...- ele olha em volta.- Você escolheu essa vida. Então viva ela.- ele ordena

Ao guardar a arma de volta, ele sai da sacada

Deixando Adam sem reação.
Ele sabia do que Christopher era capaz
E ele não podia botar a vida da família dele em risco
Mesmo que o coração doesse em ter que tirar Madeleine da sua cabeça
...

Vou Até Você - (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora