Capítulo 10: Proteção

51 5 0
                                    

O cinema estava lotado, mas conseguimos pegar bons lugares. O filme começou, no início não era tão engraçado, então Nicolas, cansado, acabou cochilando na poltrona. Fiquei observando enquanto ele dormia e percebi que ele fica muito lindo enquanto dorme, então, pateticamente, comecei a sorrir. Toquei na sua mão para que ele acordasse e nesse momento ele pegou a minha e a puxou fazendo com que minha cabeça ficasse sobre seu peito.

- Obrigada por tudo, fazia tempo que não me divertia assim. – disse cansado e voltando a cair no sono.

Não sabia o que dizer, por isso fiquei quieta e aproveitei aquela situação para sentir sua respiração. Me senti tão bem, queria apenas que o tempo parasse.

...

O filme acabou. Antes que as luzes se acendessem levantei e Nicolas acabou acordando. Fomos embora.

...

Caminhamos até o ponto de ônibus.

- Desculpe Malu por ter cochilado, é que eu estava muito cansado. – disse normalmente parecendo que tinha esquecido da cena em que ficamos tão próximos.

- Não foi nada. – Respondi meio decepcionada.

- Algum problema? – ele perguntou.

- Não, nada... – respondi.

- Você tem um cheiro tão doce... É-É, me desculpe por ter puxado sua mão naquela hora, é que eu me empolguei e acabei agradecendo de um jeito muito embaraçoso... – disse enquanto dava uma risada sem jeito.

- Eu é que te agradeço. Nunca fiz isso com ninguém antes, agora sei o quanto é bom ter amigos. Muito obrigada e me desculpe por dar tanto trabalho. – respondi com um sorriso patético no rosto.

Nicolas ia me responder, mas o ônibus chegou. Realmente, o destino me ama! Cada situação que ele me coloca!

...

Já era tarde, passava das 22:00 Horas, por isso, Nicolas pediu que eu não me distanciasse dele.

O ônibus chegou a confeitaria da vovó, então resolvi descer lá.

- É aqui. Tchau Nicolas, muito obrigada por tudo. – disse.

- Como assim “tchau”? Vou te levar para a sua casa! Está muito tarde. – disse seriamente.

- Mas Nicolas, você está exausto! Tem que ir para sua casa descansar! – disse um pouco aborrecida.

Desci do ônibus, e quando vi Nicolas também tinha descido.

- Nicolas! Eu te agradeço muito, mas sei muito bem o caminho de casa! – gritei enquanto acelerava o passo.

Não percebi, mas logo a frente tinha um grupinho de marginais, aqueles típicos “filhinhos de papai” que ficam rondando os outros para dar uma de rebelde. Fiquei meio apreensiva, mas continuei a caminhar. Olhei para trás mas não avistei Nicolas. Estava com um pouco de medo, mas continuei. Um dos caras, aparentando ter uns 17 anos, me encarou e eu desviei o olhar.

- Qual o problema garota? – ele disse soltando uma risada maléfica no final.

Eu continuei a caminhar e não disse nada. O cara começou a andar na minha direção, então me desesperei.  Quando ele estava se aproximando, Nicolas chegou, me abraçou e encarando meu perseguidor disse:

- Ah, então você estava aqui. Vamos vou te levar para casa. Como seu namorado tenho que te proteger.

AI MEU DEUS! Era a segunda vez que ele dizia aquilo! Estava morrendo de vergonha, então apenas balancei minha cabeça concordando com a fala dele. De mãos dadas seguimos para minha casa.

- Viu Malu, eu disse para deixar eu te acompanhar! Podia ter acontecido algo horrível! Por favor, não solte a minha mão! – disse preocupado e aborrecido enquanto apertava minha mão com força.

Comecei a chorar. Me senti ingrata e um fardo por aborrecê-lo tanto.

- Me desculpe por ser um fardo e por ter ignorado sua ajuda. Você é muito importante para mim, apenas não queria te incomodar. – disse chorando a ponto de soluçar.

- Não chore Malu! Eu te acompanhei por minha própria vontade. Você também é muito importante para mim, por isso que quero te proteger. Eu que me desculpo por ser meio grudento e por não respeitar sua vontade. – disse chateado.

Eu não sei por que, mas naquele momento, o que eu mais queria era abraça-lo. Então o fiz.

Ele, surpreso, retribuiu me abraçando também.

- Eu tava com tanto medo! – eu disse meio sem querer.

- Está tudo bem. – Disse acariciando meu cabelo.

Nos afastamos e continuamos a caminhar em silêncio.

...

Chegamos ao portão do sobrado.

- Obrigada Nicolas por fazer eu me divertir tanto e por ter me protegido. E me desculpe todo aquele transtorno. – Disse eu envergonhada.

- Você se desculpa de mais. – Disse se aproximando de mim.

Me desesperei, será se ele ia me beijar!? Quando ele estava se aproximando mais ainda...

- PAPAI, A MALU-CA CHEGOU! E ELA TÁ COM UM GAROTO! – Gritou Tavinho do alto da sacada.

Papai olhou pela janela com cara de poucos amigos e saiu de dentro de casa bufando de ciúmes.  Nicolas rapidamente se afastou assustado.

- Olá senhor! – Disse Nicolas cordialmente e trêmulo.

- Quem é esse garoto Maria Luiza!? – disse com voz alta ignorando o comprimento de Nicolas.

- É meu amigo, por que? – Retruquei.

Papai lembrou da aposta, abaixou a cabeça e disse:

- Desculpe pela grosseria. É, Nicolas? Bem, entre, vamos jantar vocês dois devem estar famintos, aquelas porcarias de Shopping não enchem barriga! – Disse tentando ser simpático.

- Obrigada senhor, eu aceito o convite! – Respondeu Nicolas achando melhor não recusar.

Entramos. Apresentei Nicolas para Tavinho que o convidou para jogar vídeo game. Nicolas aceitou.

Os dois jogaram um pouco e pararam para jantar. Jantamos enquanto papai fazia várias perguntas para Nicolas. Eu estava morrendo de vergonha e vovó apenas dava risada da situação.

- Preciso ir embora... – anunciou Nicolas.

- AAH, mas já!? Não vai não! – lamentou Tavinho. – Dormi aqui hoje amigo!

- É Nicolas, durma aqui. Está muito tarde e meu carro está no conserto. Não tem problema algum, ficarei honrado de receber o amigo educado da minha filha em minha casa! – disse papai bajulando-o para convencê-lo a ficar.

- Se não for incomodar, eu aceito! – Nicolas respondeu agradecido.

                                                                             ...

[THINGS]Where stories live. Discover now