Capítulo 11: Acelerando

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Como o sobrado era muito grande, tínhamos muitos quartos: um para mim, um para Tavinho, um para Papai e outro para a vovó. Havia também outro que era para ser o de hóspedes, mas estava mal cheiroso por conta do mofo. Nicolas então teve que dormir no quarto de Tavinho. “E agora, como que vou cantar?” – pensei aflita.

- Maaluuu! – Gritou Tavinho antes que eu pensasse em uma desculpa.

Sem escapatórias, peguei meu violão e fui. Chegando à porta com passos silenciosos pude ouvir os dois conversando sobre videogames e diversas outras bobeiras sobre o universo masculino. Enquanto Nicolas sentado na cama explicava a Tavinho como avançar no jogo de Zumbis Alienígenas, fiquei em pé na porta admirando-os.

- Até que enfim Malu! Vem cantar pra mim mana! – Disse fazendo bico. – Minha irmã canta muito bem!

- Sério, guri!? – disse Nicolas, curioso. – Quero muito ouvir.

- N-não, você não vai gostar, eu não canto bem e vim avisar que hoje não vou cantar porque tô com dor de garganta e ...

- Canta a da mamãe por favor ... – disse com um sorriso e com os olhos marejados.

Não resisti ao olhar tão acolhedor de meu pequeno irmão. Respirei fundo e comecei:

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você

E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você

Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor
Nem mais bonito...”

Quando estava chegando a quarta estrofe, Tavinho pegou no sono. Nicolas me olhava perplexo. Assustada e com medo da opinião dele, peguei meu violão e corri para o meu quarto, de onde subi no telhado para agradecer a mamãe e a Deus pelo dia perfeito que eu tive.

- Boa noite mamãe! Bem, onde quer que esteja, espero que esteja bem e que saiba que eu te amo e sempre te amarei, e que hoje eu só queria te ter aqui comigo para te dar um abraço bem apertado e para te transmitir a minha felicidade. Mas já que nem tudo é como queremos, vou te contar como foi o meu dia maravilhoso, por isso ai do céu escute bem...

Quando ia falar com mamãe, ouço a porta da sacada de Tavinho se abrir, era Nicolas! Ele falava com alguém no telefone. Primeiramente, não queria ser uma intrometida e ouvir, mas a curiosidade tomou conta de mim.

- Liz, meu dia foi ótimo! Eu me diverti muito com a Malu, e acho que ela também se divertiu. Foi incrível! O único problema foi a teimosia dela de querer voltar sozinha para casa, o que quase me matou de medo e preocupação depois de ver um cara idiota seguindo ela! Fiquei com muita raiva, e ainda não entendo o porquê de querer tanto protege-la... Enfim, ela é perfeita! Canta como um anjo, tem a voz mais doce do mundo, meu coração acelera só de ouvir cada nota que saia das suas cordas vocais e do seu violão. Quanto mais a conheço, mais a admiro. – disse enquanto sorria com seus olhos e lábios, e observava as estrelas. – Ah, desculpe, viajei aqui. Que bom que a tia Gê melhorou, fico mais tranquilo. E você também se cuida viu mana, não quero ter que cuidar de duas bebês choronas! Hahaha! Tchau, até amanhã, te amo sua feia! – disse se despedindo de Elizabeth enquanto dava risada.

 Fiquei mexida com tais elogios, tão mexida, que quase caí de cima do telhado! Me desiquilibrei, e caí sentada na sacada do meu quarto. Olhei para o lado, e graças a Deus Nicolas não estava mais lá e não viu a minha queda. Pelo menos foi o que pensei.

...

Amanheceu, Nicolas acordou cedo, bem antes que todo mundo e preparou um café da manhã delicioso, com direito a frutas, panquecas e até pudim, que é a minha sobremesa predileta. Eu acordei, e ainda sonolenta esbarrei nele na cozinha.

- Bom dia! Dormiu bem senhorita? – Cumprimentou-me com voz doce como se fosse um mordomo. 

- Bo-bom dia! Sim... e você? – Respondi, timidamente.

- Muito bem. – Respondeu com um sorriso leve e tranquilo. – Espero que goste da refeição bela moça... – disse com as bochechas coradas.

- Obrigada. – respondi feliz.

Enquanto eu comia pudim, meu queixo ficou todo lambuzado com a leve cobertura de chocolate. Enquanto eu comia alegremente, ele olhava para o meu rosto dando risada.

- Por que está rindo? Algum problema, seu bobo!? – perguntei, irritada.

- Tá sujo sua tonta! – respondeu passando seu polegar sobre meu queixo retirando os pingos negros de chocolate.

Eu reparei um pouco mais em seus belos olhos verdes. Fiquei hipnotizada e me aproximei dele, mas fui interrompida pelo barulho estrondeante de Tavinho correndo enquanto descia as escadas e pelos gritos de vovó que atravessavam as paredes:

- LUIZ OTÁVIO, VOLTA AQUI TEU GURIZINHO BENDITO! – disse usando um pouco de seu sotaque italiano, quase sem poder gritar.

Eu e Nicolas nos afastamos, tomamos café e papai foi leva-lo em sua casa.

Parece que o final de semana passou voando, mas infelizmente ficaríamos sem aula por quatro dias devido ao conselho de classe, a reunião de professores, depois a de pais, e dedetização. Aproveitei esse tempo longo para conversar e conhecer muito mais Nicolas e Elizabeth. Cada vez mais me encantei pelo garoto dos olhos verdes e mal podia esperar para vê-lo novamente.  

OBS: Me desculpem a demora, é que tive alguns compromissos inadimissíveis, mas continuarei a postar capítulos diários como sempre faço. Obrigada pelo carinho e por gostarem tanto do meu trabalho <3   ~ Agnes, ou simplesmente, Thais Sá. 

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