Capítulo 5: Acidentes

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Era uma noite comum de quinta-feira, eu estava no telhado compondo, papai se arrumando para receber Samy, Tavinho no vídeo game e vovó preparando um jantar de dar água na boca! De lá do telhado podia sentir o cheiro divino de arroz à grega, feijão fresco e o famoso escondidinho de carne moída com purê de batata que todos amam, inclusive eu.

Ouvi a campainha tocar, era Tia Samy. Em um pulo desci do telhado na sacada, de onde me dirigi as escadas e corri para abraça-la, pois ela tinha viajado para visitar uma amiga recém-casada em Campos do Jordão. Samy retribuiu o abraço e disse que estava morrendo de saudades. Ela parecia procurar meu pai, mas quando ia perguntar por ele viu o mesmo descendo as escadas com Tavinho montado em suas costas. Os dois avançaram em Samy que graças a Tavinho que agarrou a mão dela e puxou com toda força, acabou caindo em cima de papai e os dois acabaram se beijando! Eu e vovó ficamos perplexas e ao mesmo tempo morrendo de felicidade. Enquanto Tavinho gargalhava sem a maior preocupação, papai pegou na cintura de Samy e a ajudou a se levantar o que a fez ficar com mais vergonha ainda. Os dois se desculparam (sem motivo algum pois, se gostam e devem ter aproveitado a situação), e com ar desconfortável jantaram.

Jantei rapidamente e voltei para o telhado de onde pude observar o casal beijoqueiro que estava conversando no jardim. Eu estava concentrada quando de repente Tavinho chega e me dá um baita susto! Só não gritei com ele por medo de ser descoberta, então tampei a boca dele com minha mão direita e sussurrei:

- SHIIIII! Cala a boca moleque! Se o papai descobrir que a gente tá aqui, ele vai nos matar!

- Ah, cala você Maria Luiza! Você é estúpida!? Os dois estão tão juntinhos que nem vão ouvir a gente. Fica tranquila. – Respondeu com voz alta.  

- Guri, tu é burro ou o quê? Fala baixo, se não te empurro daqui! – Rebati com raiva.

Vovó apareceu na sacada e cochichou:

- Maria Luiza e Luiz Otávio Olsen de Sá, o que os dois pensam que estão fazendo discutindo no meu telhado enquanto espionam o pai de vocês? – Disse com tom de repreensão.

Tentamos enganá-la, mas não deu certo. Vovó nos chamou de bisbilhoteiros, mas mesmo assim nos acompanhou e observou discretamente os dois pela janela. Os olhos dela brilhavam marejados. Perguntamos o porquê dela estar quase chorando e ela respondeu que lhe bateu um sentimento nostálgico de quando meus pais eram adolescentes e namoravam naquele mesmo lugar.

Papai se aproximou de Samy, colocou suas mãos nas bochechas dela e soltou um “E-eu, eu...”, mas quando ia terminar a frase começou a tremer e a ficar vermelho, então Tavinho gritou: “Manda a ver papai!”. Nesse momento, eu tampei a boca dele, peguei sua mão e “corri” para o outro lado do telhado e vovó para o meu quarto. Papai, ao ser interrompido pelo grito, olhou para cima, mas não viu ninguém. Se despediu de Samy que foi embora decepcionada para o seu novo apartamento.  

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