This is the end...?

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Dizer que eu fiquei desesperado seria pouco. É claro que eu sabia que um dia precisaria conhecer a mãe de Any, mas, por Deus, eu ao menos gostaria de estar vestindo alguma roupa. E eu sabia que nem aquilo poderia fazer agora, com medo de fazer algum barulho que pudesse ser ouvido do outro lado da porta.

Ainda assim, levantei apressado e girei a chave na fechadura o mais devagar e silencioso que consegui, fazendo um sinal para Any ficar quieta e parar de se mexer tanto, pelo chão de madeira.

— Any? Está em casa, filha?

Any me encarou com o olhar alarmado, perguntando o que deveria fazer e eu me aproximei dela devagar, evitando fazer barulho, abraçando-a até estar com a boca perto do seu ouvido.

— Espere um instante — instruí num sussurro quase inaudível.

— Any? — sua mãe tornou a chamar, a voz agora se aproximando do quarto.

— Responda como se tivesse acabado de acordar.

— Oi, mãe — Any respondeu e eu quase ri da sua falsa voz de sono, que mais parecia uma voz de pós-sexo. O que era exatamente a verdade.

— Está estudando? — Nós dois pulamos assustados quando ela tentou abrir a porta, mas obviamente estava fechada.

— Estava dormindo, mãe — Any se apressou a falar, antes que a mãe perguntasse o porquê daquela porta estar trancada. — Está tudo bem?

— Ah, sim. Só queria te avisar que Carlos vem jantar aqui hoje. Deve estar aqui por volta das sete.

— Pode deixar que eu ajudo a preparar o jantar — ela falou, parecendo já saber o que a mãe queria.

— Obrigada, filhinha. Vou só tomar um banho e escolher uma roupa bonita. Você me ajuda com isso também?

— Claro, mãe.

Esperamos em silêncio enquanto ouvia os passos se distanciando e estava prestes a falar quando Any colocou uma mão sobre minha boca, pedindo para que eu esperasse mais um pouco. Apenas quando ouvimos uma porta abrindo e fechando, seguido de uma música tocando alta pela casa, foi que ela relaxou.

— Essa foi por pouco — ela falou, soltando o ar com força.

— Muito pouco — concordei, abraçando-a com força.

— Você precisa ir, Josh. E rápido. Ela nunca demora no banho.

— Tudo bem.

Beijei sua boca rapidamente antes de me afastar, começando a me vestir às pressas. Ainda estava vestindo a blusa quando Any começou a me empurrar para fora do quarto, depois de olhar pelo corredor para se certificar de que o caminho estava livre.

— Te ligo à noite — prometi, já parado à porta da sala, puxando-a para um último beijo. — Te amo, Any.

— Vai logo! — ela ordenou, me empurrando de leve para fora do apartamento, um sorriso enorme no seu rosto. — Também te amo — ela murmurou ainda sorrindo e soltou um beijo no ar antes de fechar a porta.


Xxx


— Você só pode estar brincando, Taylor! — resmunguei por entre os dentes, parando à sua frente para bloquear a sua passagem. — É a festa do seu filho. Você não pode sair dessa forma.

Eram quase onze da noite quando vi Taylor falando ao celular e logo entendi que algo não estava bem. E foi só me aproximar para ouvi-la falando, pouco antes de desligar, que ia resolver o problema agora mesmo. O problema é que dentro de dez minutos o espetáculo da entrada do bolo aconteceria e era esperado, no mínimo, que nós dois estivéssemos ali. Mas pelo visto Taylor  não estava muito incomodada com isso.

— Josh, é por uma hora apenas. E não vou sair da casa. Só preciso fazer algumas ligações.

— Agora?! Não dá para esperar até amanhã?

— Claro que não. Você acha que eu não ficaria se tivesse opção? Acha que eu quero perder a hora dos parabéns do meu filho?

— Eu não estou vendo você fazer grande esforço para ficar — retruquei num tom calmo, embora fervilhasse por dentro.

— Josh, eu não vou discutir com você agora. Ainda mais aqui — ela reclamou, olhando rapidamente para a multidão às suas costas.

Estávamos perto da porta de vidro que dava para dentro da casa, alguns degraus acima da área onde a festa estava acontecendo, mas mesmo com a música alta, as pessoas só precisariam dar uma segunda olhada na nossa direção para saber que estávamos discutindo. E a última pessoa que eu queria que visse isso era Noah. Não hoje no seu aniversário, quando ele estava tão feliz se divertindo com os amigos.

Então apenas dei um passo para o lado, deixando Taylor passar e entrar na casa.

Soltei um suspiro cansado, descendo as escadas e fui direto para o bar, pegar algo forte para beber.

— Está tudo bem?


Logo reconheci aquela voz doce ao meu lado e me apressei a esconder a alegria que me invadiu apenas por ouvir sua voz, ainda tentando manter nosso segredo. Mas quando me voltei na sua direção, foi impossível agir com naturalidade, o copo de uísque puro parado à caminho da minha boca.

— Merda, Any — resmunguei, tendo que trincar o maxilar por um tempo e respirar fundo.

— O quê?

— Você está linda demais. Não era assim que deveria estar.

— Era para eu estar feia? — ela perguntou, franzindo o cenho. — Além do mais, porque você está agindo assim? Você ajudou a escolher tudo isso.

— É mas eu... Eu não tinha visualizado tudo junto. E eu acho que esse vestido encolheu um pouco.

— Não encolheu nada. Você é que está vendo demais. E para de me olhar desse jeito ou as pessoas vão perceber! — ela pediu apressada.

— De que jeito? De quem está doido para te...

— Não fala! — Any me interrompeu e eu cheguei a ver sua mão erguendo para tapar minha boca, mas se conteve a tempo.

Apenas sorri, meneando a cabeça para tentar afastar aquelas imagens que teimavam em invadir minha mente sempre que estava pensando em Any e levei o uísque à boca, dando um longo gole.

— Mas você não falou se está tudo bem — Any insistiu depois de um tempo.

Olhei para ela rapidamente e só então entendi o motivo da sua pergunta.

— Você viu — murmurei antes de dar outro gole, acabando a bebida. Não sabia se era bom ou ruim Any ter me visto discutindo com Taylor. — Não, não está bem, mas logo vai ficar.

Discretamente peguei sua mão na minha, apertando-a de leve antes de soltá-la.

7 Minutos No Paraíso - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora