Capítulo 1

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      Acordei com a voz do piloto dizendo que estávamos aterrissando em Portland. Arrumei minha postura na poltrona e apertei o cinto novamente. Era a primeira vez que viajava de avião, nem acreditava que tinha conseguindo dormir a viagem toda, estava morrendo de pavor que algo pudesse acontecer, como o avião cair ou algo assim. Olhei para a janela, tudo era cinza e chovia. - É Íris seja bem vinda à cidade da chuva - pensei. Quando soube que a instituição que me mandariam ficava em Portland, decidi pesquisar sobre a cidade. E pelo visto as pesquisas estavam certas. Outono cinza de pura chuva.  Pela janela do avião não dava para saber se estava amanhecendo ou perto do anoitecer, mas isso não importava. Queria que algum momento eu pudesse acordar e ver que tudo isso fosse um sonho, que não tivesse Portland nenhuma me esperando, aquele definitivamente não poderia ser meu lar. 

   O desembarque no aeroporto parecia uma loucura, eu não sabia para onde ir, estava simplesmente sendo carregada pela multidão. Como era a minha primeira vez em um aeroporto, não sabia onde pegaria minhas malas e aquilo me deixou um pouco apavorada. Pedi algumas informações aos funcionários que basicamente me disseram para “seguir o fluxo”. Tentei me lembrar de algumas recomendações que Elizabeth insistia em falar a cada cinco minutos enquanto ainda estava em Nova Orleans, agora entendia porque ela falava tanto, esse lugar era realmente confuso. Esperava que não tão cedo tivesse que colocar os meus pés aqui de novo. Finalmente, eu havia achado o desembarque das malas, até que seguir o fluxo tinha sido um bom conselho, o próximo conselho que eu queria era como conseguir achar a minha mala no meio naquela multidão de pessoas. Tentei me infiltrar inúmeras vezes entre as pessoas, para conseguir enxergar alguma coisa, mas era quase impossível com apenas os meus 1,65 de altura. Aos poucos a multidão foi se desfazendo, e só algumas malas restavam, consegui pegar a minha, que não era lá muito grande, agora o próximo passo era saber quem iria me buscar.

       Ainda lembrando de algumas recomendações de Elizabeth havia me dito, eu provavelmente veria alguma plaquinha com o meu nome e o nome da instituição. Mas pelo o que já vivenciei no desembarque, não quero nem pensar no custo que iria ser para enxergar a tal da plaquinha com o meu nome. Descendo as escadas rolantes para o portão de saída principal, já podia notar uma certa euforia.  Pessoas se abraçando e chorando por todo lugar, homens e mulheres se beijando, alguns com buquê de rosas na mão.  – Será que a pessoa que veio me buscar trouxe flores? Ri do meu pensamento irônico. Parecia que as pessoas de Portland eram bem apaixonadas, se isso fosse uma doença, esperava nunca me contaminar. Focando no meu objetivo real, eu necessitava encontrar a pessoa que viria me buscar, não gostava dessa sensação de estar perdida, ou de não saber o que fazer. Afastando-me da multidão para ter uma visão melhor, não encontrei ninguém que carregasse uma placa com meu nome, aquilo era quase desesperador, mesmo que não estivesse com a mínima presa de conhecer a nova instituição, também não gostaria de ficar naquele aeroporto. Na verdade não me parecia uma ideia ruim viver em um aeroporto, seria que como no filme do Tom Hanks, O Terminal. Procuraria um cantinho para dormir, e do nada construiria praticamente uma moradia, pelo menos estaria rodeada de pessoas novas, estrangeiros o tempo todo. Quando era mais nova tinha essa ambição de conhecer o mundo, acho que toda a criança carrega isso dentro de si. Mas quando cresci e deparei-me com a minha realidade, toda essa ambição se desfez. É impossível ter outro sonho em mente a não ser um lar fixo, algo para chamar de seu. Presa em meus pensamentos não notei quando um estranho se aproximara de mim. Levei um susto terrível, achei que seria sequestrada, e já pensava que as rezas de Elizabeth tinham sido fracas demais.

  - Mas que mer… Me solta - disse tirando a mão do homem dos meus ombros.

 - Calma! - o homem tomando uma distância, o que já me fez respirar com tranquilidade. - Meu nome é Jason, sou da instituição WoodChester. - ele fez uma pausa e ficou me analisando. Eu devia estar com cara de maluca. - Você é a Íris? - ele levantou uma plaquinha com meu nome e deu um sorriso gentil.

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