CAPÍTULO 36 - HUMBERT HUMBERT QUATRO

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Lang Qiao ainda não havia terminado de provocar seu chefe. Ela planejava tirrar sarro de Luo Wenzhou enquanto o assunto ainda estava no ar. No entanto, quando ela se inclinou para frente para dar início a provocação, seus olhos acidentalmente avistaram o retrato que caiu no chão. No segundo seguinte, a audácia, proveniente do álcool, abandonou completamente o seu ser.

Havia uma repartição no departamento criminal, especializada na criação de retratos de suspeitos. Alguns deles eram muito fiéis. Em comparação, esse retrato era elementar, na melhor das hipóteses. No entanto, era tão estranhamente vívido e convincente que, apesar das técnicas de desenho bastante toscas, parece que o desenhista deve ter esboçado esse rosto em sua mente mil vezes antes de finalmente recriá-lo no papel.

Lang Qiao perguntou: "O que é isso?"

Tao Ran ficou sóbrio graças ao chute repentino de Luo Wenzhou. Percebendo que havia estragado tudo, apoiando-se no sofá, ele se esforçou para se levantar e foi ao banheiro para jogar um pouco de água fria no rosto. Então ele voltou para ajudar Luo Wenzhou limpar a bagunça no chão: "É o caso Lianhua-Shan? O velho nunca superou isso."

"Lianhua-Shan¹" não era uma montanha, apesar do que o nome implicava. Na verdade, era um lugar nos subúrbios ao norte da cidade de Yancheng. Nos primeiros dias, costumava ser um município independente, mas há mais de uma década, havia se fundido com a cidade de Yancheng. Agora, através de um planejamento do governo, era um "Zona de Desenvolvimento Econômico."

Na mesma página das anotações, estavam registradas mais algumas fotos amareladas, que cairiam ao toque, pois a fita que as segurava era muito antiga. Algumas revelavam a vida cotidiana, outras obviamente vinham de estúdios de fotografia, todas tinham uma iluminação exagerada, um moinho holandês ao fundo e uma jovem no centro, cujo sorriso havia se tornado rígido pois sorriu por muito tempo. Ao todo havia seis fotos anexadas.

Registros fotográficos antigos podem ser bem estranhos. Todos eles desapareciam ou ficavam amarelos ao longo dos anos. Mas se a pessoa na foto levasse uma vida feliz, as cores do envelhecimento pareceriam ternas e pacíficas. Por outro lado, se a pessoa sofrer mais tarde uma tragédia, você poderá sentir uma sensação de tristeza ao ver as fotos, como se um pouco da amargura e da raiva do falecido tivessem sido transferidas para elas.

"Você está falando do... Mestre Yang?" Lang Qiao perguntou: "Mas por que ele estava envolvido nos casos daquele distrito?"

"Na época, a delegacia tinha uma política de que todos com menos de 35 anos precisavam fazer um rodízio nos escritórios locais, eles tinham que trabalhar nas delegacias de polícia dos distritos ou das cidades próximas. A designação do meu mentor foi Lianhua-Shan e ele ficou lá por quase um ano." Luo Wenzhou pegou cuidadosamente a foto no canto e colocou-a de volta entre as páginas: "Em pouco tempo, eles encontraram o caso, você provavelmente nunca ouviu falar. Eu mesmo ainda estava no jardim de infância."

"No começo, um homem veio e relatou que sua filha tinha desaparecido." Tao Ran falou enquanto folheava o caderno. O oficial que escreveu nele tinha uma caligrafia muito elegante. Na página logo antes das fotos, o nome "Guo Heng" foi escrito, com três sublinhados grossos. "Ah sim. Quem fez o primeiro relato, foi Guo Heng. A criança desaparecida era sua filha de 11 anos, apelidada de 'Feifei'."

Ao ouvir isso, a mão de Luo Wenzhou, que estava pegando um caderno grosso, se contraiu. Ele olhou para Tao Ran meio surpreso: "Você ainda se lembra do nome da garota, mesmo quando está bêbado?"

Tao Ran evitou o olhar dele: "O velho falava muito sobre isso. Depois de todos esses anos convivendo com ele, eu poderia recitar praticamente todos os detalhes de trás para frente."

Silent Reading (默读 - MODU) BL Novel por Priest (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora