CAPÍTULO 38 - HUMBERT HUMBERT SEIS

1K 182 280
                                    


A casa era grande demais para o seu próprio bem. Não havia vitalidade suficiente para preencher os corredores vazios, então eles fediam a tristeza e solidão.

A escuridão é muito espessa para ser afugentada pelo sol ou por flores frescas.

Ele ficou no saguão, hesitando.

Em teoria, este era o lar dele. Mas sempre que pisava na entrada imaculada, sempre quando encarava a sala iluminada pela luz do sol brilhante que atravessava aquelas gigantescas janelas francesas, seu coração enchia-se de pavor.

De repente, uma música fraca surgiu no andar de cima: uma voz feminina aguda e melodiosa cantava suavemente. Ele perdeu o foco. Então, como se sentisse o que estava por vir, ele caminhou lentamente na direção da música.

Estranhamente, a luz do sol que beijava sua pele era úmida e fria, nada parecida com a luz solar comum, sendo semelhante ao vento forte de uma tempestade de verão. A luz percorreu seus braços nus, expostos pelo uniforme escolar de manga curta, o deixando arrepiado.

Ele caminhou para o segundo andar. A música ficou mais alta e clara. A melodia familiar fez sua garganta apertar, deixando-o sem ar. De repente, ele sentiu um desejo crescente de se virar e fugir.

No entanto, quando ele se virou, ele percebeu que tudo atrás dele já havia se fundido com a escuridão. Não havia outro caminho senão aquele à sua frente. Tudo parecia ter sido talhado em pedra há muito tempo.

A escuridão inevitável o envolveu, forçando-o a subir as escadas estreitas para abrir a porta.

"Boom!" Algo deve ter explodido bem ao lado de seus ouvidos. Ele olhou para baixo e viu a mulher caída no chão.

Seu pescoço estava torcido em um ângulo estranho. Sua pele mostrava um tom de azul. Seus olhos estavam bem abertos, como se a alma ainda estivesse ali, apesar do corpo sem vida.

A mulher olhou diretamente para ele. Rastros de lágrimas vermelhas marcavam suas bochechas. Ela o acusou: "Por que você não me ajudou?"

Com falta de ar, ele tentou se afastar.

A mulher lutou para se levantar e estendeu a mão para ele com o braço coberto de manchas de sangue sob a pele¹: "Você sabia disso o tempo todo. Por que você me ignorou? Por que você não me ajudou?"

A escuridão tempestuosa a pegou pela mão, arrastou-a para o chão e a enterrou sem piedade. Ela chorou, gritou e o acusou, agarrando-se a ele várias vezes, mas cada vez que o fazia ela era puxada de volta pela escuridão.

Seu senso também escapou dele. Subconscientemente, ele foi até ela e segurou a mão fria e manchada dela. Em meio aos uivos e gritos, ele sentiu-se cair. Ele despencou e despencou para o coração do abismo. De repente, algo o agarrou por trás. Suas costas encontraram um corpo forte e quente. Um braço o circundou. Uma mão cobriu seus olhos.

Ele sentiu o cheiro de tabaco vindo daquela mão grande e esbelta. No segundo seguinte, um flash de luz passou por entre aqueles dedos e, em seguida, houve outro estrondo...

Fei Du acordou assustado.

Ele estava sentado em seu escritório, folheando uma proposta de projeto bastante chata e adormeceu no meio do processo.

Aconteceu durante à tarde. O vento enevoado zuniu pela janela. Nuvens espessas se reuniram no céu, armando uma grande tempestade. Os barulhos estrondosos e as luzes esporádicas ofuscantes em seu sonho eram influências dos trovões e relâmpagos. O celular continuou tocando ao lado dele. Já havia três chamadas não atendidas, não é de admirar que ele continuasse ouvindo aquela música no sonho.

Silent Reading (默读 - MODU) BL Novel por Priest (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora