Sasuke e Naruto

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Assim que Kakashi saiu, os garotos começaram a explicar onde eu havia me metido. Agora, alguns meses depois, vejo que minha situação era ainda mais complicada do que eu tinha imaginado.

~Kakashi

Saí do meu quarto e fui correndo para a cozinha, tomando cuidado para voltar pelos mesmos corredores em que viemos, evitando as câmeras. Se desconfiassem que eu ajudei Sakura a fugir, eu teria muitas coisas a mais para me preocupar.

Com sorte, poderíamos liberá-la depois de um mês, o prazo máximo para o rei escolher outra esposa caso algo aconteça com a primeira, e inventar uma desculpa qualquer. Itachi poderia nos ajudar nesse quesito, mas, no momento, eu precisava de algo imediato. Como explicar que a garota supostamente escolhida havia sumido?

Pensei rápido. Só existia uma maneira de sair ileso daquela situação, ou quase. Precisava parecer que tínhamos sido atacados e Sakura, capturada. Jamais esperariam que ela estivesse dentro do palácio.

Andei pela cozinha, procurando algo que pudesse ser usado para quebrar uma janela. Em uma das gavetas, achei um rolo de macarrão. Deve servir. Com uma pancada, estilhacei uma das janelas da saleta em frente à cozinha. Começava a contagem regressiva.

Tomando cuidado para não cortar a mão, espalhei os cacos de vidro pelo chão de mármore em frente ao buraco que formei. Pela lógica, se a janela fosse quebrada por fora do palácio os cacos deveriam estar do lado de dentro.

Dei um passo para trás, admirando o trabalho enquanto o alarme começava a soar pelo local. Só faltava uma coisa para a cena do crime ficar perfeita; eu ainda estava inteiro. Teoricamente, quem quer que tivesse invadido o palácio também teria me atacado.

Respirando fundo, tomando coragem, fechei os olhos e quebrei meu nariz com o rolo de macarrão, contendo um urro de dor. Rapidamente coloquei o rolo de volta na cozinha, com cuidado para não derramar sangue, e deitei a alguns passos dos cacos de vidro. Rezei para que acreditassem na minha história e, mais do que tudo, que viessem me socorrer logo.

~Sakura

Naruto e Sasuke me guiaram até o sofá e começaram a me contar suas histórias.

Naruto era um imigrante ilegal do Brasil, descendente de um japonês e uma brasileira, que conseguiu ficar no Japão enquanto seus pais foram deportados. Bem, isso explica o sotaque. Encontrou Kakashi enquanto tentava conseguir um emprego no palácio que não demandasse a cidadania japonesa e foi convidado a morar no abrigo, com a condição de que cozinhasse. Naruto prontamente aceitou, embora Sasuke não gostasse muito da ideia. No início, as brigas entre os dois eram frequentes - e ainda são, de acordo com Naruto - mas acabaram ficando amigos com o tempo.

Sasuke foi condenado por ajudar seu irmão Itachi a fugir depois de assassinar sua família. De acordo com ele, estavam formando uma facção para tomar o poder e instaurar uma ditadura, o que causaria uma guerra civil. Para impedir que isso acontecesse, Itachi tirou suas vidas por ordens do antigo líder do reino, mas não conseguiu fazer o mesmo com seu irmão. Sasuke entendeu seus motivos e o ajudou a se esconder, mas acabou tendo a cabeça a prêmio junto com ele. Já conhecera Kakashi previamente, - fora parceiro de Itachi na força policial - ele ouviu sua história e ofereceu um abrigo que não era usado há mais de um século. O Uchiha aceitou, e ajudou a reformar o local para que ficasse habitável. Atualmente, ouviu boatos de que seu irmão se juntou a um grande grupo criminoso chamado Akatsuki, mas ainda não tinha muitas informações sobre seu papel ou nível de influência na organização.

Em meio às histórias deles, contei a minha. De como meu pai era um minerador que achou uma mina de ouro e comprou um título de nobreza. De como minha mãe era a única pessoa que sempre me apoiava, independentemente do que eu fazia, e como ela se foi logo depois de se tornar uma nobre, por causa de uma doença. E, por fim, contei do desfile que havia me levado até aquele abrigo.

E assim, em meio a diferentes histórias que levaram a um mesmo caminho, fiz meus primeiros amigos de verdade, por mais que ainda não me sentisse totalmente à vontade com eles. Mas era meu primeiro dia ali, a intimidade viria com o tempo. Pude perceber naquela conversa que eram pessoas boas, e isso já era suficiente. Não pretendia mais aguentar pessoas cruéis na minha vida.

~Kakashi

Agradeci aos céus quando vi os outros guardas correndo em minha direção, alertas por conta do alarme. Estava bem difícil respirar com o nariz quebrado. Contei a eles a história que havia bolado; que Sakura tinha sido capturada por um grupo de homens encapuzados. Infelizmente, não pude ver seus rostos.

Rapidamente me levaram até a enfermaria e limparam os cacos de vidro do chão. Eu realmente esperava não ter que fazer nenhuma cirurgia, ou complicaria ainda mais a minha situação. Felizmente, a senhora Tsunade passou um remédio no ferimento, fez uma atadura e mandou que eu descansasse. Não foi um ferimento tão grave, você deve estar curado em menos de uma semana, ela disse. Ao menos não levaria muito tempo. Não queria que Sakura me visse assim, por mais que eu encobrisse meu nariz com a máscara na maior parte do tempo.

Voltei para o meu quarto, tentando deixar a minha cara menos feia possível. Nesse meio tempo, Yamato, meu colega de quarto, chegou.

— Meu Kami, o que fizeram com você? — ele perguntou, olhando para o machucado.

— Um ataque à senhorita Yoshida — respondi, meio fanho por causa do nariz quebrado.

— Deve ter sido feito por alguém muito bom para te derrubar. Não é qualquer um que consegue deixar um capitão da guarda real inconsciente.

— Pois é. A julgar por seus mantos, presumo que eram da Akatsuki.

— Realmente. Não acho que uma pessoa só conseguiria quebrar o nariz de um guarda armado — eu consegui, de certa forma — Mas por que atacar justamente ela?

— Vai saber. Talvez soubessem que o rei a escolheria. Se não tiver informações sobre ele, podem pedir um bom valor pelo resgate.

— Se for o caso, eles devem ter espiões no palácio, seria uma boa falar sobre isso para um general — considerei suas palavras. Aquilo exigiria uma investigação rigorosa de cada membro da guarda real, mas talvez pudesse aplicar essa estratégia futuramente — Enfim, vou deixar você terminar aí. Sua voz está meio estranha.

— Muito obrigado — respondi, com uma ponta de sarcasmo na voz. Eu não estava muito no clima de conversar.

Só espero que Sakura goste do abrigo. Afinal, se meu nariz estava sangrando naquele momento era por causa dela, embora essa fosse a menor das minhas preocupações. Eu faria tudo de novo se precisasse.

Princesa Sakura [HIATUS - em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora