Apos aquele momento embaraçoso, decidi ir andado ate casa.
Pedalei o mais depressa que conseguia para tentar tirar do pensamento todos os momentos que vivi só hoje, quando dei por mim já estava no nosso quarteirão e passei por tua casa.
O carro da tua mãe estava cá fora, pergunto-me como estará ela, espera ai, travei a fundo e olhei a tua casa ( bons momentos que passamos juntos), eu poderia perguntar diretamente á tua mãe.
Respirei fundo e aproximei-me da porta, quando já estava perto desta hesitei em bater, o que eu ia dizer? Tudo bem? Como está? Como é que se dá os pêsames a uma mãe que perdeu um filho?
-Josh?-levantei a cabeça e vi acara cansada e triste da tua mãe na ombreira da porta, devo ter estado tanto tempo à frente dela que ela apercebeu-se da minha presença.
-Ahm, olá- comecei, ambos estávamos desconfortáveis, ambos não queríamos começar esta conversa. Apos alguns minutos de silencio ela apercebeu-se que ainda estávamos no lado de fora porta.
-Por favor, entra-convidou ela deixando-me entrar primeiro.
A casa não parecia a mesma, estava tudo lá como estava na ultima vez que viemos para casa juntos depois da escola e que a tua mãe nos ofereceu lanche e ela estava feliz, eu estava feliz e tu estavas feliz...Agora a casa estava escura e sem um pingo de alegria.
-Queres tomar alguma coisa? Fiz um chá de camomila, queres?-perguntou, para tentar animar.
-Obrigada- aceitei e sentei-me no sofá à espera dela.
Nesta havia um grande retrato onde estavas lá tu, a sorrir fazendo com que as covinhas se sobressaíssem, dei por mim a admirar-te, cada traço como se estivesses à minha frente neste momento, sabias que eras bonito? Comecei a ter inveja da Kim por te ter tido, espera ai o que é que eu estou a pensar?
-Aqui está o chazinho-anunciou a tua mãe trazendo duas canecas e pousando-as nos suportes para copos, saltei com o susto por ela me ter apanhado de supressa-Esta tudo bem? Estas um pouco vermelho.
-Ahm...sim esta tudo bem -sentei-me e beberiquei do chá quente.
-Estas bem?-perguntou apos uma longa pausa olhando-me nos olhos, ok, era agora que íamos começar esta conversa.
-Sim, quer dizer mais ou menos, quer dizer não-respondi e beberiquei no chá-E a senhora?Apos um longo suspiro, ela olhou para o mesmo quadro que eu olhei a alguns minutos atras e respondeu.
-Tem sido dias difíceis, mas tenho estado a fazer o meu luto...Gostava de saber o que o levou a fazer isto, será?...-os olhos dela estavam-se a encher de lagrimas, eu sabia o que ela estava a pensar, o mesmo que eu penso desde esse dia "a culpa é minha?"
-Não, não é, a culpa não é sua você é uma excelente mãe...era uma excelente mãe- ela fez um sorriso tímido.
-Obrigada Josh, tu eras um bom amigo, o Mateo gostava muito de ti sabias? Uma vez ele disse-me que tinha medo de te perder e eu disse que isso era impossível acontecer...-e era mesmo, já nos conhecíamos desde o infantário e desde ai tínhamos-mos tronado melhores amigos, eu é que tinha medo de o perder, por ele ser mais popular que eu e ter uma namorada, mas felizmente isso não aconteceu... teve de ser a morte a estragar tudo-Não sei se queres ir para o quarto dele, deixei tudo como estava e tem uma carta para ti, assim como ele fez uma para mim- uma carta para mim? Uma carta para a tua mãe? O que andastes a fazer?
-Não, deixe estar, eu ainda não me sinto confortável a lá entrar...
-Eu percebo, no dia da sua morte os policias deram-mas e tem uma também para a Kim guardei-as no meu armário eu vou busca-las-disse levantando-se e reaparecendo mais tarde com elas na mão e entregando-mas-Não te importas de a dar á Kim, pois não?- olhei para as cartas com o nome do seu remetente escrito na sua letra cuidada.
-Não, não me importo
Apos a visita a tua casa continuei o caminho ate á minha, entrei em casa sem ninguém aperceber-se da minha chegada e fui direto ao quarto onde guardei a carta na gaveta da minha secretaria, não tinha coragem de a ler neste momento.
-Josh?-chamou a minha mãe-Estas em casa?
-Sim, já vou-fui ao encontro da voz dela na cozinha, ela estava a preparar o jantar.
-Onde fostes para chegar tão tarde?
-Estive em casa do Mateo...-se é que agora posso chamar assim a tua casa, a minha mãe olhou para mim com uma expressão de preocupação no rosto.
-Como estava a mãe dele?
-Bem... dentro dos possíveis- respondi.
-Tenho de ir lá visita-la um dia-disse recomeçando a fazer o jantar
Olhei para a sala e não vi a minha figura paterna em lado nenhum.
-O pai?
-Não vem jantar a casa hoje...
Pelos visto as emoções de hoje não iam acabar por aqui...
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Ao meu melhor amigo.
Teen FictionJosh e Mateo, são melhores amigos desde sempre, ate que um incidente provoca a morte de Mateo, Josh terá de aprender a lidar com a vida sem o seu melhor amigo pondo á prova os seus sentimentos mais profundos. Uma historia de amizade e autodescoberta...