Ainda sem perceber muito bem o que aconteceu, sai da sala juntamente com o Spencer.
Parei junto ao meu cacifo e ele fez o mesmo, será que ele queria falar?
-Então sempre nos vamos conhecer?- perguntou ele encostado ao teu cacifo, não vejo porque não, mas para ser sincero não estava com disposição para o fazer, mas ele perecia tão entusiasmado para me conhecer, então aceitei.
Decidimos falar no mesmo local de sempre, o banco de jardim, descobri o porque de ele se ter mudado (mudança de trabalho da mãe dele), descobri o que ele queria fazer a seguir à escola (ir para artes).
-E os teus pais aceitam a tua decisão?-perguntei, normalmente pais não aceitam que os filhos vão para cursos de arte.
-Sim aceitam, para eles está tudo bem, desde que seja feliz-respondeu dando uma trinca numa bolacha oreo-E tu? Já pensastes o que vais fazer?-perguntou trincando mais um pouco a bolacha, lembrei que já não comia nada desde o almoço, mas não tinha dinheiro para comprar algo, vou ter de esperar.
Antes que eu pudesse responder, o meu estômago traiu-me e produziu um ronco, como se não tivesse comido nada à uma semana, olhei para o lado antes que ele notasse o meu embaraço.
-Toma- disse ele oferecendo-me uma bolacha
-Não é preciso obrigada ahah- respondi nervoso, o meu estômago voltou-me a trair
-De certeza?-perguntou com um olhar desafiador, acabei por aceitar, estava com fome e não podia negar isso, ao pegar na bolacha os nossos dedos tocaram-se num instante, olhei para os olhos dele, percebi que o azul destes eram claros quase cinzentos, quando dei por mim estávamos bastante perto, afastei-me rapidamente que quase cai do banco.
-B...bem, o...obrigada, m...mas já esta a ficar tarde é melhor ir andando- levantei-me apressado sem dar hipótese dele falar alguma coisa.
Mas o que raio tinha acontecido?
Cheguei a casa distraído devido à situação que aconteceu.
-Chegastes tarde, está tudo bem?- perguntou a minha mãe encostada à banca da cozinha com chá quente na mão.
-Sim está tudo-respondi.
-De certeza?-duvidou a minha mãe, lógico, mãe como é consegue perceber o que há de errado com o filho dela.
-Sim...- ela olhou-me de alto a baixo, fazendo-me sentir desconfortável.
-Esta bem-disse fazendo sinal para que eu passa-se, passei por ela antes de ir para o meu quarto.
Deitado na cama penso novamente no que tinha acontecido, porque que aconteceu? porque que me senti assim ao pé dele? Antes que pudesse continuar os meus pensamentos, estes são interrompidos pela vibração do meu telemóvel.
É uma mensagem do Spencer:
" olá, peço desculpa pelo que aconteceu, queria saber se esta tudo bem, não te queria deixar sem a vontade, nem constrangido. cumprimentos Spencer."
O que eu ia responder agora? Não sei o que dizer, comecei por responder:
"olá, não precisas de pedir desculpa eu só me lembrei que estava com pressa ahahah e que estava atrasado para chegar a casa."
Poucos minutos depois recebi a mensagem dele a dizer "esta bem" e recomeçamos a falar durante horas, que quando dei por mim já era horas de jantar.
-Filho, vem comer!-gritou a minha mãe da cozinha, deixei o telemóvel da cama e desci as escadas para ter com a minha mãe, o meu pai já tinha chegado a casa entretanto, não aparentava estar bêbado, mas também não aparentava estar sóbrio. Este sentou-se no seu lugar pronto para começar a refeição, eu sentei-me no meu e a minha mãe começou a servir.
Estava maravilhoso o jantar, como sempre, mas o meu pai teve de estragar tudo.
-Está uma merda-afirmou ele, eu revirei os olhos e a minha mãe suspirou-Fiquei sem apetite, vou para o quarto- disse com rispidez, levantando-se da mesa desajeitado caminhando ate ao quarto. A minha mãe levou a mão à cabeça, já eu segurei a outra mão livre da minha mãe, como forma de apoio, ela olhou para mim com um sorriso forçado
Como odeio o meu pai por fazer isto, gostava de ter a força para o desafiar e leva-lo à razão ou simplesmente denuncia-lo à policia, mas a minha mãe não me deixa, diz que ele continua a ser o mesmo Frank, mas eu não posso deixa-la sofrer assim, tenho mesmo de acabar as escola rapidamente.
-Mãe, já chega, tens de acabar com isto, estas a sofrer, tu precisas de ajuda.-disse, ela olhou para mim com olhos chorosos, como eu odeio a ver assim.
-Eu sei filho, mas eu acredito...-começou ela a dizer o que já sabia desde o inicio.
-Mãe ele já não é o mesmo Frank, ele foi-se- respondi com rispidez, arrependi-me logo de o ter feito-Desculpa mãe.
-Não, tu tens razão...ele já não é o mesmo Frank- ficamos em silencio a olhar para o vazio, ela levantou-se e num tom serio e disse- Vou denunciar o teu pai.
-De certeza?-perguntei para ter a certeza do que tinha ouvido.
-Sim, já chega de ele nos fazer sofrer e ele não vai conseguir ver isso-respondeu com determinação.
-Fico feliz mãe, tu estas a fazer a escolha certa-abracei-a e choramos os dois, talvez de alivio, ou talvez de tristeza, ou ate talvez de medo, mas ambos sabíamos que era o certo a se fazer.
-Eu sei filho-disse ela limpando as lágrimas depois de nos abraçarmos-Mas então conta lá o que aconteceu hoje?-perguntou mudando completamente de assunto.
-Nada mãe, porque?-respondi fingindo que não sabia do que ela estava a falar.
-Vá lá, eu sei que aconteceu alguma coisa, sabes que não podes esconder nada à tua mãe eu descubro sempre- lá isso é verdade, então decidi contar que tinha conhecido o rapaz novo na escola, não era propriamente mentira.-Fico feliz, que tenhas feito um novo amigo, e como é que ele é? E o que os pais dele fazem?-perguntou ela sem esconder o entusiasmo.
-Os pais dele mudaram-se para cá porque a mãe dele decidiu mudar de emprego para outra cidade e ele é alto, mas não muito, tem cabelo preto liso e brilhante, olhos azuis quase cinzentos e um sorriso bonito-parei pois apercebi-me que estava a dizer coisas que não devia, isso e a minha mãe que olhava para mim com olhos apaixonados e com a cara pousada na mão-Yah só isso, vou para o meu quarto- disse afastando-me dela.
-Fico feliz, por estares feliz-diz ela após eu ter me afastado um pouco, olhei para trás e ela estava a sorrir, devolvi o sorriso.
Mas o que se passa comigo? Porque disse aquilo daquela maneira?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ao meu melhor amigo.
Teen FictionJosh e Mateo, são melhores amigos desde sempre, ate que um incidente provoca a morte de Mateo, Josh terá de aprender a lidar com a vida sem o seu melhor amigo pondo á prova os seus sentimentos mais profundos. Uma historia de amizade e autodescoberta...