Capítulo 5- Sentimentos diferentes.

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Decidi ir para a biblioteca adiantar os meus estudos, qual não é o meu espanto quando vejo o Spencer, como se tivesse apercebido que eu estava a olhar para ele, ele olhou diretamente para mim e senti um tremor no corpo inteiro (porque que eu sinto isto?).

Virei costas e decidi ir para o pátio lá fora, estava um pouco de frio devido ao outono a aproximar-se a passos largos, mas não importava, também não pretendia ficar muito tempo.

Estava tão aplicado nos meus estudos que nem dei conta que o Spencer tinha chegado.

-Estas a evitar-me?-perguntou apanhando-me desprevenido.

-Ãhm..não-respondi, ele aproximou-se ficando à minha frente.

-Então porque que te fostes embora assim que me vistes na biblioteca?

-Não sei-respondi encolhendo os ombros, para ser honesto nem eu sei porque fiz isso, se calhar não queria me desconcentrar?...Agora que penso nisso mais estúpido fica, fico corado, ele aproxima a cara perto da minha tão perto que os nosso narizes quase tocam.

-Estas corado?-pergunta.

-O que?! Não!-respondo, empurrando-o um pouco para se afastar da minha cara, agora mais corada.

-Então não te importas que fique ao teu lado certo?

-N..não, faz o que quiseres-respondo dando espaço para ele se sentar.

Sentou-se pousando a mochila ao lado e tirando um livro começando a lê-lo, decidi concentrar-me nos meus estudos também, mas o problema é que não estava a ser fácil com ele ao meu lado, reparei que as mão dele eram grandes e que o cabelo era preto como carvão, desci mais um pouco o meu olhar ate aos lábios rosados e um pouco grossos, devo ter ficado tanto tempo a olhar para eles que eles se mexeram na minha direção.

-Algum problema?

-N...não, n...nenhum!-afastei-me e desviei a cara para ele não ver as minhas bochechas coradas- Tenho de ir embora- disse enfiando os livros na mochila o mais depressa possível e sem esperar a resposta dele corri pela porta de saída, eu não podia estar mais ali eu não podia mais estar ali com ele.

Corri ate à minha bicicleta e pedalei ate a casa o mais depressa que conseguia para tirar a cara dele no meu pensamento "Porque que isto me esta a acontecer?" "Merda" "Porque que perto dele eu fico assim?", estava tão concentrado nos meus pensamentos, que embati numa pedra e cai para a frente de joelhos no chão, eles estavam arranhados devido ao impacto, mas não queria saber a única coisa que eu queria saber é porque eu sou tão diferente assim.

Cheguei a casa, mais tarde do que o previsto, não só os meus joelhos estavam a doer como devido a pedra que embateu a roda da minha bicicleta acabou por a furar, por isso tive de ir a pé o resto do caminho.

-Filho, finalmente chegastes, o que aconteceu?-perguntou a minha mãe alarmada assim que viu o estado da minha bicicleta e dos meus joelhos.

-Só tive um pequeno acidente mas está tudo bem.

-Mostra, deixa ver isso-pediu a minha mãe, mostrei-lhe e ela foi buscar agua oxigenada para por nas feridas-Prontinho.


Após o jantar fui diretamente para a cama, custou-me a adormecer por mais que tentasse os meus pensamentos iam ate aqueles cabelos e lábios "Raios o que se passa comigo?"

Na manha seguinte após uma noite mal dormida dirigi-me ate á minha sala, interrompi-me antes de entrar pela porta, não queria ver o Spencer, ou queria? O que eu iria dizer sobre a fuga de ontem? Suspirei e entrei, ele ainda não tinha chegado, ainda bem, teria mais tempo para pensar numa desculpa, mas ele não chegou e já estávamos a metade da aula, uma onda de preocupação invadiu-me "o que terá acontecido?"

Chegou a hora do almoço e nada de Spencer, parece que ele se tinha evaporado, admito estava preocupado embora não soubesse dizer o porque.

Estávamos quase a acabar as aulas da tarde e eu já estava a perder as esperanças que ele voltasse, o que terá acontecido? Porque que eu estou preocupado? Eu nem o conheço sequer.

Após pensar isto ouve-se um toque na porta, era ele.

-Desculpe o atraso- e sorriu.

-Já esta mais que na hora, mas pode sentar-se, mais vale tarde do que nunca-respondeu a professora ligeiramente irritada por terem interrompido o seu raciocínio.

Ele sentou-se ao meu lado como se nada tivesse acontecido tirando o mesmo bloco que notas e o mesmos lápis gasto para retornar a desenhar o desenho que não tinha terminado.

Reparei que desta vez era um retrato de uma menina e esta segurava um coelho no colo, ainda faltava muitos detalhes, mas dava para perceber bem o que era.

-É a minha irmã-sussurrou ele, apercebendo-me que estava literalmente a olhar para cima do bloco, afastei-me rapidamente envergonhado.

-Desculpa não queria...-tentei me desculpar no mesmo tom, ele levanta a mão para me calar.

-Não precisas de desculpar, não me importo, já estou habituado a que vejam o que eu desenho- respondeu continuando a desenhar, que lata, virei a cara embirrado-Não te mexas! estas prefeito assim-disse ele olhando para mim com o bloco e o lápis na mão e com um olhar como se tivesse encontrado a sua musa de inspiração- Quero desenhar-te.

-O QUE?!-falei um pouco mais alto do que devia e agora toda a turma estava a olhar para nós incluindo a professora que suspirava de frustração, por mais uma vez que lhe terem cortado a onda de raciocínio.

-Algum problema, vocês os dois?-perguntou ela com um olhar que se matasse já estaríamos mortos.

-N...não, nenhum professora, peço desculpa, não voltará a a acontecer -desculpei-me envergonhado e a aula continuou a onde tinha parado.

-Então posso?-perguntou o Spencer, com um olhar esperançoso.

-Porque?-perguntei.

-Gosto das tuas feições, tens uns traços perfeitos, fiz alguns rascunhos, mas só com memoria visual não consigo apanhar todos os detalhes e estava a tentar arranjar coragem para te perguntar, pensei que fosse o momento perfeito, uma vez que estavas interessado nos meus desenhos. -respondeu pondo a mão atrás da cabeça e mostrando um sorriso nervoso.

Não sabia o que dizer, nem o que sentir, sentia-me lisonjeado, mas ao mesmo tempo sentia-me assustado por alguém que não conhecia minimamente quer me desenhar e ficar com o desenho, porque que alguém quereria um retrato meu?

-Porque? nós nem nos conhecemos minimamente-disse, ele estendeu a mão.

-Spencer Walker, prazer-cumprimentou sorrindo de leve.

-Josh Matthews-retribui o cumprimento.

Tenho um pressentimento que daqui para a frente as coisas vão mudar.

Ao meu melhor amigo.Onde histórias criam vida. Descubra agora