A voz

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Será que fui atropelado por um caminhão, e ele passou por cima de mim duas vezes?

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Será que fui atropelado por um caminhão, e ele passou por cima de mim duas vezes?

Esse foi o primeiro pensamento de Off, assim que despertou naquela manhã. Sentia que cada pequena parte de seu corpo doía.

A pequena fresta de luz que saia da janela ia de encontro aos olhos do rapaz deitado. Aquele pequeno detalhe poderia ser ignorado por Off, mas não naquele dia. Esse pequeno detalhe para o rapaz era como uma sentença de morte.

Com dificuldades virou seu corpo em direção contrária aquela luz.

Só depois de alguns minutos, Off notou que não estava mais em um chão frio, mas sim em uma cama.

Confuso, tentou abrir os olhos para descobrir onde estava mas não conseguiu.
Até mesmo abrir os olhos o causava dor. Após a terceira tentativa falha de abrir os olhos, o jovem desistiu.

Depois me preocupo com isso.

Pensou e voltou a dormir.

Mas tarde, quando acordou novamente a dor ainda estava lá. Sua cabeça latejava e sentia seu corpo dormente. Sua boca estava com um gosto terrível e tinha a sensação de que iria vomitar.

"Off.." pode ouvir alguém chama-lo baixinho.

Pensando que ouvirá errado, o jovem ignorou o chamado.

Se culpava por ter bebido tanto até aquele estado. Prometeu a si mesmo que nunca mais beberia.

Não até aquele estado em que se encontrará.

"Off.." Depois de ouvir seu nome novamente, o garoto notou que realmente havia alguém o chamando.

Sentiu um leve movimento ao seu lado.

Calmamente, abriu apenas um olho com dificuldades. Tinha medo que a claridade pudesse o cegar. Com a vista embaçada, olhou em volta e percebeu que estava em seu quarto.

Pensava consigo como tinha conseguido chegar até a própria casa. Não se lembrava de nada, apenas tinha pequenos flexes de memória de que tinha ido beber com seus amigos e que havia ido visitar o túmulo de Gun. Enjoado, Off tentou se levantar, mas seu corpo parecia que pesava e pôs a deitar novamente. Ele precisava ir no banheiro, sabia que teria que limpar seu próprio vômito do chão caso se não o fizesse. Entretanto seu corpo parecia não o escutar.

Quando ia tentar novamente, uma voz o chamou.

"Off..." Olhou em direção de onde ouviu seu nome.

Coberto até o pescoço, com cabelos engrenhados e olhos fechados, Off viu Gun.

Ainda lento, fechou os olhos novamente.

Será que ainda estou bêbado? Estou vendo coisas.

"Off.." ouviu novamente.

Olhou atentamente para quem o chamava. Não sabia se era alucinação ou se tinha enlouquecido de vez, mas Off tinha certeza de que aquele ser que estava deitado ao seu lado, lembrava muito seu falecido amigo. Seu coração disparou.

Algo passou lhe pela cabeça. Com olhos arregalados e assustado, não conseguiu se mexer.

Oh, merda! Será que eu...?

O que foi que eu fiz? Não. Não. Não. Não. Não.

Em sua mente, acreditava que enquanto estava bêbado tinha desenterrado seu amigo e o levado até sua casa.

Oh merda, eu estou ferrado. Merda, Off! Puta merda.

Incrédulo, ignorou as dores do seu corpo e aproximou lentamente do cadáver que estava ao seu lado. Com medo e enjoado, olhou para as próprias mãos.

Se eu o desenterrei, não era para estar sujo de terra?

Pensou notando as unhas limpas.

Olhou novamente para seu falecido amigo. Seu coração disparava e suas mãos tremiam ao olhar para o homem que não deveria estar ali.

Off não entendia o que estava acontecendo. Queria levantar e poder correr mas seu corpo se mantinha paralisado. Ainda assustado, com receio levou a mão até a face do outro.

Gun esta morto a tanto tempo como é possível ainda estar tão conservado?

Quando sua mão tocou na pele facial do outro se surpreendeu. Pensou que ao tocar a pele iria se desmanchar, porém quando seus dedos tocaram aquela face a mesma se mantinha firme e macia.

Como isso é possível?

Acariciou o rosto novamente, desta vez explorando cada canto do rosto de seu falecido amigo. Tocou entre seus olhos, nariz, boca, queixo e entre suas sobrancelhas.

Parecia tão vivo.

"Off.." Assim que ouviu seu nome saindo da boca do outro, em um pulo, se afastou.

Mas que merda é está?

Mesmo com o corpo dolorido, e com dificuldades levantou se dá cama. Tropeçando nos próprios pés, o rapaz caiu no chão. Off tremia. Desajeitado, levantou do chão e com passos rápidos, foi em direção a porta.

Eu enlouqueci.

Quando estava para pegar na fechadura da porta de seu quarto, uma voz, de forma arrastada, o impediu:

"Off... me ajuda "

Sentiu seu corpo arrepiar e com rapidez abriu a porta e, em passos rápidos, foi em direção ao banheiro. Ao entrar no mesmo, correu em direção ao vaso e pôs a vomitar.

Depois de sentir que tinha botado tudo para fora, ainda apoiado no vaso, respirou fundo. Tentava acalmar sua mente e seu corpo.

Não sabia o que estava acontecendo ou o que deveria fazer.

Isso é um sonho?

Para comprovar, Off bateu em seu próprio rosto com força.

Sentindo a dor da realidade, enfim, acreditou que aquilo não era um sonho. Mas como acreditar que aquilo era possível?

Gun vivo... do seu lado... em sua cama...vivo...

Não.

Não mesmo.

É fruto da minha imaginação.

É, é isto.

Ainda tonto devido ao esforço que teve, levantou do chão e se apoio contra a pia que tinha ali. Olhava fixamente para si mesmo contra o espelho. Podia ver sua cara cansada, seus olhos caídos e sua pele opaca. Off estava em um estado deplorável.

Depois de voltar a si, resolveu tomar um banho.

Queria que, de alguma forma, a água gelada pudesse resolver seus problemas. Acreditava que após aquele banho, todas as suas preocupações estariam resolvidas e os acontecimentos de minutos atrás sumiriam e ele voltaria sua vida normalmente.

Sim, é o que aconteceria.

O Último Adeus ◇OffGun◇Onde histórias criam vida. Descubra agora