Acorde

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Um nevoeiro forte abraçava a cidade. A chuva era forte e trazia consigo uma ventania fria. As ruas estavam solitárias e algumas luzes dos postes estavam acesas, mas devido ao nevoeiro não podia se ver a frente.

O rapaz lutava contra a fúria da natureza. Correndo pelas ruas vazias, tentava fazer com que suas pernas fossem mais rápidas. Mas devido a grande quantidade de possas e suas roupas encharcadas sua velocidade não poderia ser aumentada.

Seu peito queimava. O vento e a chuva forte contra seu rosto impedia que o oxigênio entrasse em suas narinas. Cada lufada de ar era um grande esforço  para seu corpo já cansado.

A distância do seu destino diminua a cada passo. Ao longe, a cor verde de um pequeno prédio de dois andares surgiu ao meio do dia cinzento. Vendo o local a qual lutou para chegar estar tão próximo, o rapaz apertou seus pés e, de forma desumana, acelerou sua velocidade.

Os portões estavam abertos e entrou com rapidez. Suas mãos lutaram para abrir as portas duplas da entrada do prédio. Apenas na terceira tentativa teve sucesso e assim a porta se abriu com um baque mudo. Os corredores estavam estranhamente silenciosos e vazios. Apenas o barulho de sapatos molhados contra o soalho pode ser ouvido junto com respirações fortes.

O rapaz tremia. A velocidade em que corria faziam com que um vento frio corresse seu corpo e suas roupas colassem a cada centímetro de seu tronco. Seu rosto estava vermelho e gotículas d'água desciam por sua face se misturando com a leve camada de suor.

Quando seu destino final ao fim do corredor foi visto, sentiu seu corpo ceder. Suas pernas se enrolaram, fazendo com que caíssem ao chão.

Assim que olhou novamente para a porta dupla, pode ver um homem sair por uma outra porta e caminhar naquela direção. O homem era alto e vestia uma vermelha e uma calça jeans surradas. Antes que Off pudesse o pedir ajuda, algo na mão daquele homem chamou sua atenção.

Antes que pudesse gritar, o homem já havia entrado por aquela porta. Vendo as costas do homem sumir, Off sentiu se penoso.

Apenas menos de segundos que a porta fora fechada, o som de gritos e choros preencheram o corredor vazio. O som era tormentoso e desesperador para qualquer ouvinte. Off sentia os gritos penetrarem seus ouvidos e correrem por suas veias. Assim como os segundos se passaram rapidamente, o som havia cessado.

O chão frio contra seu peito e o silêncio angustiante entorpeceram seu corpo.

Um líquido viscoso e vivido escorreu por debaixo da porta. O líquido era abundante, e escorria em grande velocidade, percorrendo o caminho até onde Off estava. Seus dedos trêmulos tocaram naquele líquido.

Mesmo sabendo do que poderia ser, Off o tocou.

O cheiro forte corria pelo corredor. O líquido avançou rapidamente, cobrindo seu corpo. Off se desesperou.

Tentava levantar seu corpo, mas parecia que o sangue no chão o segurava. As lágrimas que havia segurado por todo o caminho desceu por seu rosto e o som de seu grito que saiu de sua garganta parecia fazer o prédio estremecer.

Era um som terrivelmente desconsolador. Um grito lancinante e que poderia sucumbir qualquer ouvinte.

Tudo parecia ter parado.

Como se algo os sugasse, o sangue que percorria pelo corredor começou a drenar. Lentamente, ia sumindo sem deixar rastros.

O silêncio caiu novamente.

Off virou seu corpo, ficando de barriga para cima. Seus olhos cansados e nevados de água, olhavam para o teto branco. Seu olhar era frio e excruciante. Parecia que sua alma havia saído de seu corpo e somente a forma física teria sobrado.

O Último Adeus ◇OffGun◇Onde histórias criam vida. Descubra agora