Capitulo 1

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      Detroit, o berço dos andróides, que agora estão por toda parte onde você anda. Eles estão nas ruas, nas lojas, nas casas e até mesmo em lugares onde você não imagina.
       Era uma noite chuvosa, as luzes da cidade refletiam nas pequenas gotas d'água que iluminava o ambiente. Renee Valentine, detetive da DPD (Departamento de Polícia de Detroit), olhava para o teto do quarto pouco iluminado, cercada por uma leve luz neon cor de rosa. Ao seu lado estava um belo rapaz, de cabelos e olhos castanhos, sua franja estava cobrindo uma parte do seu olho esquerdo. Ele era esbelto e suas feições traziam um semblante de inocência e seriedade, mas ele não era humano.
       Connor era um andróide , modelo RK800, modelo de última geração que está fazendo sucesso no Eden Club, lugar este onde humanos buscam androids por prazer. Mas a relação entre a detetive e o andróide não era apenas sexo, no primeiro dia que Renee foi ao clube era essa a intenção dela, mas no fundo o que ela realmente queria era alguém que acabasse com a sua solidão. Com seu emprego no departamento de polícia, não tinha tempo para relacionamentos e também não se dava bem no convívio social.
        As primeiras noites com Connor era apenas conversas, no começo, Connor usava respostas automáticas e sua fala era bem robótica. Mas após dias apenas querendo companhia e alguém para conversar, Renee resolveu dar um passo à diante, foi a primeira vez que Connor viu uma pessoa pedir permissão para ter relações com ele, pela primeira vez alguém se importava com ele, com seus sentimentos e que não o tratava como objeto. Algo nele mudou depois de um tempo, mas ele não sabia o que era e isso o incomodava e o deixava confuso, a mensagem "Instabilidade de Software" começou a surgir com certa frequência, segundo suas auto-avaliações, nada estava fora do normal.

      - Vai ficar mais um pouco como sempre? - Perguntou Connor.

      - Gostaria muito de ficar mais tempo, mas tenho que chegar cedo amanhã, ultimamente os casos de divergentes aumentaram.

      - Está bem, vejo você quando puder. - Connor se sentiu um pouco chateado por não passar mais tempo com Renee, os dias  nos quais ela o visitava com frequência vem decaindo cada vez mais, segundo ela, o motivo era o trabalho. Novamente, a mensagem de "Instabilidade de Software" apareceu em seu campo de visão.

     - Connor, posso te perguntar uma coisa?
    
     - Claro, o que é?

     - Se você fosse um divergente, você me contaria?

     Aquela pergunta o pegou de surpresa, Connor não sabia o que responder, sabia que não era um divergente. Mas já viu muitos de seus companheiros andróides se tornarem divergentes e fugirem, mas nem todos possuem a mesma sorte. Ele sabe muito bem como os andróides são tratados pelos humanos e como os divergentes estão sendo caçados. Connor sabe que Renee é uma boa pessoa e que nem todos os humanos são maus, mas considerando sua profissão, isso os coloca em uma situação complicada.

       - O que você faria se eu fosse um?

      - Eu não teria escolha a não ser ir atrás de você, mas se isso acontecer, eu espero que você fuja e se esconda. Eu sei que os andróides divergentes possuem um esconderijo, mas não sabemos onde. Se cuida, Connor! Sinceramente, espero não passar por esta situação, eu não conseguiria. - Após terminar a sua fala, a detetive saiu do quarto, deixando o andróide só.
      Connor ficou sozinho no quarto, refletindo sobre a resposta de Renee, o led em sua cabeça piscava em amarelo, refletindo seu estresse e conflito.

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