capítulo I

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Um dia havia se passado desde o incidente em Enies Lobby, a ilha judiciária, depois que os Chapéus de Palha me resgataram das mãos da CP9 que pretendia me entregar nos portões da justiça para me torturarem, pois, era a única sobrevivente do 'chamado' no qual minha ilha-natal tinha sofrido há alguns anos, e somente eu poderia descobrir a verdade por trás da história do mundo, o século perdido, pois, era a única pessoa no mundo capaz de ler os Poneglyphs.

O Governo queria me matar a sangue-frio para que não restasse nenhuma evidência desse período sombrio da humanidade, mantendo a versão na qual o Governo Mundial havia inventado e passado de geração em geração.

Estava muito grata aos meus companheiros por tudo que fizeram por mim, ainda não conseguia acreditar nos acontecimentos recentes. Eles mal me conheciam, já havia sido sua inimiga no tempo do Crocodile, entrei no bando de penetra e mesmo assim, em nenhum momento me trataram de forma hostil, mesmo que achasse que merecesse suas indiferenças. Eles nunca deixaram de me considerar uma nakama preciosa. Essa é maior prova de lealdade que pude presenciar nesses últimos 20 anos.

Finalmente poderia me sentir parte do bando de verdade, sem mais segredos ou medos deles me traírem como fizeram todos os outros que me aliei temporariamente. Já me juntei a diversos piratas famosos, bandidos procurados e gente da pior espécie para sobreviver no mar.

Era uma fugitiva procurada desde os 8 anos com a cabeça a prêmio, não tive uma infância normal por ser considera uma criança-demônio pelo mundo, muitas pessoas ainda acreditam que a minha simples existência já é um pecado. Sempre fui ignorada, humilhada e muitas vezes agredida nas minhas jornadas, até que comecei a aprender a me virar sozinha.

Aprendi a lutar com as armas que tenho, treinei minhas habilidades com a hana hana no mi e desenvi ótimas habilidades, principalmente de espionagem e assassinato. Parei de ser um pobre garota fraca e comecei a me defender e procurar maneiras mais inteligentes para sobreviver em busca de realizar meus objetivos.

Tenho uma bagagem sombria enorme que carregarei para sempre comigo, mas sinto que ao lado dos meus nakamas posso suportar esse peso. Nunca confiei em alguém como confio neles, a prova disso foi ter me entregado a Marinha para protegê-los, mesmo sabendo das consequências que me aguardariam depois disso.

Me olho no espelho da penteadeira do meu quarto e relembro as últimas palavras proferidas pelo meu velho amigo gigante.

Quem diria Jagar D. Saul, depois de todos esses anos sozinha, eu os encontrei como você me disse que faria.

Eles realmente estavam pelo oceano me esperando.

Sorrio minimamente e sinto algo molhado escorregando pelos meus olhos.

Arregalo os olhos, surpresa e levo a mão lentamente ao meu rosto.

Estava chorando.

Não costumava ser tão emotiva assim, mas ao lembrar de todos os últimos acontecimentos em Enies Lobby, minha quase morte e também as lembranças trágicas do meu passado, não consegui me conter. Desde os acontecimentos que aconteceram levando o fim de Ohara, não tinha me permitido sentir toda a dor do luto por perder todos aqueles que amava naquele dia fatídico, principalmente, porque não tive um momento de paz desde que sai daquela ilha.

O Governo tratou de me perseguir constantemente e colocar uma alta recompensa pela minha cabeça inventando mentiras a meu respeito para ocultar seus verdadeiros motivos para o senso comum. Precisei colocar meus sentimentos debaixo de um tapete para que conseguisse sobreviver. Se tivesse me deixado abater pela tristeza que sentia no meu peito, provavelmente, já estaria morta há muito tempo. Depois de tanto tempo posso sentir todos os sentimentos reprimidos dentro de mim.

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