A vida de casado seria tranquilo, caso eles não tivessem que se encontrar. Na primeira semana, Elly deixava para se levantar após a saída de Peter para a corrida matinal. Se vestia rapidamente e saía para o trabalho. Peter retornava e encontrava a mesa do café intacta, servida para dois. Seguia sua rotina de exercícios, tomava seu banho, seu café e saía para trabalhar. O dia seguia sem contato, físico ou por mensagens. No início da noite, Elly retornava seguindo apressada direto para o quarto. Peter jantava sozinho, as vezes saía, as vezes se isolava na biblioteca. Ela aproveitava o momento para descer e se alimentar, depois seguia de volta ao quarto.
No sábado à noite, ele saiu com alguns colegas de trabalho enquanto Elly ficou em casa lendo.
No domingo logo cedo, ela saiu para a casa de Lis. Deixou o recado através de uma mensagem:
“ Vou visitar a Lis. Devo voltar antes do anoitecer!”
Ao retornar da corrida, ele visualizou e soltou um suspiro tentando não se incomodar com aquilo.
Elly passou o dia todo com Lis. Peter se pegou diversas vezes no dia, conferindo as mensagens ou tentando digitar algo, mas nunca completava. Até que no fim da tarde, quando digitava uma mensagem ordenando que retornasse, ouviu-a chegar. Saiu da biblioteca e da porta encarou-a distraída:
- Como foi seu dia com a Lis?
Ele estava na sua pose oficial, como Elly já definira, de pé, cabeça erguida, mãos nos bolsos e ar autoritário. Ele estava apoiado à porta da biblioteca, ela levou um leve susto e tentou encurtar a conversa:
- Muito bom!
Ela caminhou em direção às escadas, mas ele interrompeu:
- O jantar será servido daqui trinta minutos.
Ela parou antes de pisar no primeiro degrau e respondeu com um sorriso forçado:
- Estou sem fome!
- Iremos jantar juntos... A partir de agora, todos os dias.
Ela engoliu forte e com um sorriso sarcástico, encarou-o e respondeu:
- Sim senhor! – Subiu depressa as escadas.
Ele engoliu forte e encarou-a subir a passos largos. Retornou à biblioteca.
Pouco mais que trinta minutos, estavam os dois à mesa, em silêncio, comendo.
Ela tentou comer mais rápido para encerrar o momento, ele a observava apressada. Ela finalizou e depositando seu guardanapo sobre o prato, forçou um sorriso:
- Terminei! Se não se importa, vou me retirar.
Ela levantou-se e ele a impediu:
- Espere! – Bebeu um gole de vinho – Não aprendeu que é falta de educação deixar outra pessoa sozinha à mesa?
Ela forçou novo sorriso e alfinetou:
- Infelizmente não tive aulas de etiqueta! – Ela deu um passo e ele ordenou:
- Volte e sente-se... Agora!
Ela engoliu forte, virou-se devagar e retornando à mesa, sentou-se e usou de sarcasmo para provocá-lo:
- Sim senhor!
Soltou um suspiro. Ele forçou um meio sorriso e voltou a comer com muita paciência.
Ela revirava os olhos e o encarava ansiosa. Ele sorria e sempre mostrava-lhe a taça oferecendo vinho. Ela desviava o olhar tentando ignorá-lo.
Assim que ele encerrou, depositou o guardanapo na mesa e autorizou:
- Agora sim, podemos nos retirar!
Ela levantou-se e saiu apressada sem responder. Ele sorriu e seguiu para a biblioteca.
No dia seguinte, retomaram a rotina, ela evitando-o e ele tentando ignorar o fato.
Na sexta, ele planejou que seria diferente. Levantou-se e aguardou, ao invés de sair para correr. Fez como se saísse e aguardou próximo à biblioteca. Ela conferiu o corredor e saiu apressada com sua bolsa. Descia as escadas apressada, quando o ouviu e congelou:
- Bom dia! Não vai tomar café?
Ela virou-se devagar e forçou um sorriso disfarçando:
- Ah, sim! Eu tenho que chegar mais cedo no trabalho, então...
- Eu te levo! – Ele informou.
- Não precisa se incomodar...
- Não incomoda! – Ele balançou as chaves passando por ela – Vamos?
Ela engoliu forte e forçou um sorriso falso, seguindo-o.
No caminho, permaneceram calados. Na porta da lanchonete, ainda fechada, ele questionou:
- Será a primeira a chegar?
- Ah... Sim! Eu tenho que limpar algumas coisas... Então, obrigada!
Ele travou as portas antes que ela abrisse. Ela estava de costas pra ele, pronta pra sair e pediu:
- Pode abrir, por favor?
Ele puxou-a pelo braço, encarando-a e questionou:
- Por que está me evitando?
Ela engoliu forte e tentou desconversar:
- O quê? Eu? Não... É impressão sua...
- Ah, é? E por que todos os dias você sai enquanto estou correndo, não faz questão nem de tomar o café da manhã... Quando chega, corre para seu quarto e fica lá até eu me recolher...
Ele aguardou resposta. Ela baixou os olhos e buscou explicar:
- Bem, eu... Não acho que é necessário fingirmos até quando estamos sozinhos...
Ele apertou os olhos e aproximou:
- E se eu disser que sim?
Ela engoliu seco e encarando aqueles olhos medonhos:
- Tudo bem!
Baixou-os de novo. Ele soltou seu braço e voltando-se pra frente determinou:
- Se quiser continuar a trabalhar, eu vou te trazer e buscar, todos os dias.
Ela surpreendeu-se e tentou se livrar:
- Mas... Não tem necessidade disso...
- Eu defino o que é ou não necessário. Estamos entendidos?
Ela soltou um suspiro, desistindo, concordou:
- Tudo bem! Posso ir agora?
Ele destravou a porta e com um sorriso forçado ordenou:
- Não se esqueça do beijo de despedida.
Ela revirou os olhos e com toda má vontade que possuía, deu-lhe um selinho no rosto. Ele forçou um sorriso e antes que ela saísse, puxou-a de volta e beijou-a na boca.
Ao afastar-se encarou seus olhos surpresos, e sorrindo liberou-a:
- Agora sim... Tenha um bom dia!
Ela não respondeu, apenas saiu chateada e bateu a porta com força.
Ele fechou os olhos, sentindo o impacto e sorriu satisfeito.
Ela observou o carro se afastar e sentou-se na calçada.
E a rotina seguiu com alguns ajustes. De manhã, passaram a tomar o café juntos, em silêncio. Ele a levava ao trabalho, um selinho de despedida, sem muito sentimento. No fim da tarde, ele a buscava, em alguns dias Antony a buscava, por ele ficar preso em alguma reunião ou assunto importante da empresa. Jantavam juntos, em silêncio. Ele seguia para a biblioteca e ela para o quarto.
Passada mais uma semana e uma novidade para Elly. Lis trouxera um recado de Nathan em seu intervalo.
Ela passou a ir almoçar em um café próximo à lanchonete, onde se encontraria com ele às escondidas. E por uma semana, não foram descobertos por Peter.
Na sexta-feira, ele sorria feliz por uma grande conquista da semana, concretizada naquela tarde. Uma visita inesperada, entrou sem avisar em sua sala, era seu pai:
- Boa tarde, meu querido filho!
A secretaria veio logo atrás explicando:
- Sr. Peter, eu tentei impedir mas...
- Tudo bem, srta. Clark! Pode ir!
A secretaria saiu sem graça fechando a porta. O pai sorriu e sentou-se confortavelmente na poltrona. Peter que erguera-se ao vê-lo entrar, observou seu jeito suspeito e ajeitando seu paletó, sentou-se novamente perguntando:
- O que está fazendo aqui?
- Ora pois, vim visitar meu filho querido!
- Poupe-me de seus joguinhos.
- Mas pra que tanta hostilidade? Acabou de se casar, deveria estar feliz... A menos que... A sua querida esposa não esteja cumprindo o papel dela... Não com você!
Peter apertou os olhos, respirou fundo e pediu sem paciência:
- Vamos lá! Sejamos objetivos, o que você quer?
O pai sorriu e retirou seu celular do bolso do paletó e desbloqueou. Colocou-o na mesa, com uma foto na tela e recostou-se com um sorriso satisfeito:
- Veja esta foto!
Peter encarou-o e perguntou sem olhar para o aparelho:
- Por que eu deveria?
- Vamos negociar!
Ele olhou o aparelho e engoliu forte ao ver que era a Elly, beijando outro, beijando Nathan. Pegou o aparelho e observou a foto surpreso.
- Então... Sobre o meu pedido de anulação do testamento do seu avô... Devo incluir essa foto e outras tantas, como prova de que seu casamento é uma farsa? Ou prefere abrir mão amigavelmente da herança?
Peter jogou o aparelho na mesa e forçou um sorriso irônico:
- Isso não vale de nada...
- Realmente... – O pai pegou o aparelho e guardando-o de novo no bolso completou – Mas com alguns depoimentos, especialmente do amante de sua esposa, creio que terá um peso e tanto.
Peter recostou-se na poltrona, engolindo forte, encarou o pai e perguntou cruzando as mãos:
- O que pretende? Ameaçá-lo? Comprá-lo?
- Não será necessário... Ele se propôs amigavelmente a salvar a... Elly... Esse é o nome de minha nora, certo?
- Pra você é Ellene Wright Schmidt ou sra. Schmidt.
O riso do pai soava cada vez mais prazeroso e irritava ainda mais Peter.
- Então...
- Por que eu deveria temer um depoimento desse... imbecil?
- Vejamos... – O homem se aproximou da mesa e falou em tom baixo e ameaçador- Acontece que ele vai nos ajudar a juntar as provas necessárias... Através de sua querida esposa.
Riu e recostou-se de novo.
- Está blefando! – Peter provocou.
O homem retirou novamente o aparelho, discou e colocou no viva voz:
“- Alô?” – Nathan atendeu.
- Olá, Nathan, meu caro. Aqui é o Peter pai, lembra-se de nossa conversa?
“- Ah, sim! Olá sr. Peter, como vai?”
- Muito bem! Só te liguei pra saber se ainda está de pé o nosso acordo.
“- Claro! Te dei minha palavra.”
- Que bom! Em breve teremos tudo que necessitamos. Acha que a Ellene irá nos ajudar?
“- Com certeza. Ela é uma das principais interessadas!”
O pai arqueou as sobrancelhas provocando o filho com um sorriso sarcástico.
- Então, aguarde minhas instruções! Muito obrigado, meu querido!
Encerrou a chamada e encarou o filho sorrindo satisfeito por ver sua expressão surpresa e acuada.
- O que você quer?
- Já falei... Abra mão da herança. Afinal, não será acusado de apenas um crime caso tudo isso vir a tona. Sabe que será acusado de chantagem, falsificação e fraude. O que será desse império se você cair? – Ele reduziu o volume da voz e completou – Será meu.
Peter engoliu forte e propôs:
- Pedirei aos meus advogados para estudarem uma proposta. Em uma semana terá resposta.
O homem ria com prazer e discordou:
- Ora, Peter... Não está em condições de definir prazos e propostas... Te darei até a próxima quarta-feira para responder se abrirá mão de tudo ou se prefere prosseguir. Só pra constar, meus homens irão garantir que o sujeito fique em segurança, caso pense em tentar algo.
O homem ergueu-se e ajeitando o paletó, sorriu e concluiu dando-lhe as costas para sair:
- Até breve, meu querido filho, foi um prazer negociar com você! – Antes de atravessar a porta provocou-o – Deveria trabalhar menos e cuidar mais da sua esposa! – Riu e saiu.
Peter estava enfurecido e não suportou. Soltou um grito, que mais pareceu um rugido, jogou um pequeno vaso de cristal que havia encima da mesa, contra a porta tornando-o em pedaços com o impacto. Jogou suas pastas e papéis de cima da mesa ao chão descontrolado. Apoiou-se na mesa, tentando controlar sua respiração ofegante. Apertou os olhos vermelhos, fechando-os com força e rangendo os dentes. Encarou a porta e engoliu forte, tentando pensar e se recompor. Sentou-se na poltrona, soltando vento pelas ventas com sua ira.
A secretaria abriu a porta devagar e perguntou:
- Sr. Peter, está tudo bem?
Ele controlou sua respiração e pediu fingindo estar bem:
- Sim, srta. Clark. Me faça um favor, cuide dessa bagunça. Eu preciso ir.
Pegou suas chaves e sua bolsa, saindo da sala.
No fim daquela tarde, Peter chegou mais cedo para buscar a Elly. Ela saiu sorrindo e conversando com uma colega, ao percebê-lo encostado no carro, encarando-a através de seus óculos escuros, desconcertou-se e despediu da amiga, indo na direção do carro.
- Boa tarde!
Ele só soltou um sorriso forçado e intimidador, entrou no carro. Ela estranhou e entrou pela outra porta.
No caminho, ele permanecia calado, sério e tenso. Apertava o volante com força e sua mandíbula estava tensa, como se ele apertasse os dentes. Pelo canto dos óculos, ela percebeu seus olhos, vermelhos, carregados de raiva, fixos no trânsito. Suas narinas só reforçava as suspeitas, ele estava enfurecido com algo. Pensou em perguntar se estava bem, mas preferiu manter-se quieta. Na mansão, antes de sair do carro, ele informou:
- Vamos até a biblioteca!
Ela tirava o cinto, ao ouvir aquilo sentiu o medo surgir dentro do peito, então saiu e acompanhou-o com receio.
- Tranque a porta!
Ela fechou a porta devagar e trancou-a respirando fundo para manter a calma.
Ele estava de um lado da mesa, encarando-a ainda de pé, dessa vez sem os óculos. Ela aproximou e sentou-se na poltrona, do lado oposto.
- A partir de hoje, você não trabalha mais naquela lanchonete ou em qualquer lugar sem minha autorização.
Ela engoliu forte e perguntou surpresa:
- Mas... Nós tínhamos combinado...
- Sim. Tínhamos! – Ele se sentou e prosseguiu – E tínhamos combinado também que não faria nenhuma bobagem... Mas... Você insiste em me contrariar.
Ela ficou em silêncio.
- De agora em diante, será como eu definir! – Ele estava firme e intimidador – Você só sai acompanhada de pessoa de minha confiança. Seja pra ir à esquina ou ao inferno.
Ela engoliu forte e seus olhos arregalados, brilhavam com as lágrimas que surgiam. Ela tentou:
- Eu sinto muito, se fiz algo... Por favor... Não é necessário...
- “EU” determino o que será necessário ou não. Me entendeu bem?
Ela baixou os olhos e tentava conter suas lágrimas, respirando fundo.
Ele aproximou da mesa e ameaçou:
- Já sabe o que pode acontecer se me desobedecer.
Ela encarou-o com medo. Ele ordenou:
- Agora suma da minha frente.
Ela levantou-se devagar e ele gritou:
- SAI! AGORA! – Ela assustou-se, congelou por alguns segundos encarando aqueles olhos furiosos e saiu quase que correndo.
Trancou-se no quarto e chorou.
Pouco depois, ele desceu para o jantar. Percebeu que ela não estava e perguntou à empregada:
- Cadê a Ellene?
- Ela ainda não desceu, sr. Peter!
- Vá chamá-la, por favor!
- Sim, senhor! – A empregada obedeceu.
No quarto, ela permanecia deitada, abraçada ao travesseiro. Bateu à porta:
- Sra. Ellene, o jantar está servido e o sr. Peter a aguarda.
- Estou sem fome. Diga que não irei.
A empregada obedeceu. Desceu depressa e informou:
- Sr. Peter, ela disse que está sem fome e não virá.
Ele olhou para a empregada. Soltou um suspiro impaciente, depositou o guardanapo na mesa e foi pessoalmente chamá-la. Parou em frente à porta, respirou fundo e bateu:
- Desça para o jantar!
- Já disse que estou sem fome.
Ele virou a maçaneta e percebeu que estava trancada. Forçou um sorriso impaciente e avisou:
- Abra a porta, agora!
- Eu quero ficar sozinha, por favor!
Ele riu da ousadia, deu um passo para trás e meteu o pé na porta, arrombando-a em um golpe só. Ela assustou-se, erguendo com os olhos arregalados e agarrada ao travesseiro. Ele pegou-a pelo braço e falou arrastando-a com ele:
- Eu mandei descer!
Ela pedia tentando se livrar:
- Me solta, está me machucando.
Ele a conduziu pelas escadas, arrastando-a pelo braço até a sala de jantar. E soltou-a, jogando-a sentada na cadeira ao lado da sua. Sentou-se e ordenou:
- Agora coma!
Ela estava em choque com a agressividade e segurava suas lágrimas, contendo também sua respiração. Encarou o prato com ódio e ignorou a ordem. Mas ele ameaçou:
- Não me faça forçá-la a comer também!
Ela engoliu forte encarando-o, percebeu em seus olhos que ele não blefava, então pegou o garfo com raiva e comeu contra vontade.
Encerrado o jantar, ele permitiu:
- Pode retornar para o seu quarto.
Ela respirou fundo, jogou o guardanapo sobre o prato e levantou-se agradecendo com ironia:
- Obrigada!
Saiu a passos largos e subiu as escadas com pressa. Ele engoliu forte e foi até a biblioteca.
Na manhã do sábado, ela descia as escadas em silêncio e com cuidado para não ser percebida, mas ele a observava da porta da biblioteca e a assustou perguntando:
- Onde pensa que está indo?
Ela congelou-se por instantes e virou-se devagar explicando:
- Eu preciso falar com o sr. Bill, dar-lhe uma satisfação e acertar as contas.
Ele aproximou e informou encarando-a nos olhos:
- Não é necessário. Meus advogados vão cuidar de tudo. Pode retornar ao seu quarto.
- Mas...
- Eu mandei ir para o quarto.
Ela apertou os olhos e questionou:
- Vai me manter presa aqui agora?
Ele riu e tocou seu rosto, falando com sarcasmo:
- A menos que me obedeça, permanecerá aqui dentro. E se fizer mais alguma bobagem, tiro seu telefone e qualquer meio de comunicação com o mundo lá fora. Aí sim, será cárcere privado.
Ela engoliu forte e desviou-se dele, retornando ao quarto.
No encontro daquele sábado, Elly não apareceu. Mas Peter sim.
Nathan comia batatas fritas e olhava o relógio em seu pulso. Percebeu que um homem se aproximou da mesa, ergueu o olhar e engoliu forte a batata que mastigava. Peter sorriu e sentou-se. Dois homens o acompanhavam e ali permaneceram de pé próximo à mesa.
- E então, Nathan, como vai?
Nathan hesitou com medo. Peter continuou:
- Soube que está ajudando meu pai. Quanto ele lhe ofereceu?
- Não sei do que está falando.
Peter riu e continuou:
- Bem... Eu sei tudo sobre você... A menos que queira que a Elly descubra sobre seu passado e sua vida inútil, é melhor cooperar. Vamos ser objetivos e breves.
- Eu não sei...
- Ah, não? – Peter tirou uma fotografia de uma criança, uma menina e jogou na mesa – E Então... Como vai ser?
Nathan engoliu forte e respondeu pegando a foto:
- Dez mil.
- Sério? – Ele fez um sinal para o homem ao lado que o entregou um envelope pardo com um volume, jogou-o na mesa e esnobou – Como é mesquinho aquele velho! Aqui tem cinquenta mil. Você vai sumir do meu caminho. Ou a coisa vai ficar feia para o seu lado.
Nathan evitava encarar Peter, estava acuado. Peter completou se levantando:
- Caso insistir nisso, a Elly vai conhecer o verdadeiro Nathan, antes que ele suma da face da terra.
Riu e saiu acompanhado dos dois homens. Nathan, deu um soco de leve na mesa e soltou um suspiro derrotado.
Elly planejava em sua cabeça como faria para sair daquele cativeiro. No jantar, ela tentou:
- Posso visitar a Lis amanhã?
- É claro! Basta informar a Antony e ele irá direcionar alguém para acompanhá-la.
Ela respirou fundo:
- Um homem?
- Provavelmente. Por quê?
- Vamos falar assuntos pessoais e íntimos... Coisas de mulher!
Ele apertou os olhos encarando-a, mas ela disfarçou sua intenção:
- A Ariel... Ela não pode ir? É de sua confiança, não é?
- O quê? – A Anna perguntou por impulso surpresa.
- Deixaria sua sobrinha vir comigo, Anna?
Peter olhou pra Anna e assentiu com a cabeça.
- Fique tranquila, Anna. Caso acontecer alguma coisa, será exclusivamente responsabilidade da Elly e ela pagará sozinha, estamos acordados?
Encarou Elly com olhar ameaçador e Elly apenas concordou com a cabeça.
No domingo, seguiam no carro em silêncio. Elly tentou puxar assunto:
- Obrigada por ter vindo!
Ariel permaneceu calada. Elly percebeu que não seria fácil conquistar a confiança dela, então evitou forçar. Na casa de Lis explicou:
- Oi amiga!
- Oi! Quem é ela? – Lis perguntou encarando Ariel.
- Essa é Ariel! Peter pediu que me acompanhasse, por segurança... Depois eu te explico.
Lis estranhou o sorriso da Elly, mas aceitou e sentaram-se no sofá, enquanto Ariel aguardava sentada numa banqueta pouco afastada.
Pouco mais tarde, retornaram à mansão. Elly percebeu o silêncio e presumiu que ele não estaria em casa. Então, trancou-se no quarto e ligou para Lis. Desabafou e pediu-lhe:
- Por favor, não mande mensagens sobre isso ou qualquer coisa relacionada. Se ele suspeitar vai confiscar meu telefone e me deixar incomunicável.
“- Tudo bem! Mas você deveria acabar com isso logo...”
- Assim que tiver a oportunidade certa, vou me encontrar com o pai dele e acabar de vez com isso. Só ele pode nos ajudar agora.
Ela escutou a fechadura, olhou para a porta e seu coração disparou ao perceber que a maçaneta girava. Ficou muda quando a porta se abriu e lá estava ele, encarando-a com um sorriso diabólico. Ele aproximou devagar, parou próximo à ela e pediu:
- O telefone!
Lis chamava preocupada:
“- Elly, fala alguma coisa... Elly... Está aí?”
Ela engoliu seco e despediu-se:
- Eu preciso desligar...
“- O que houve Elly...”
Encerrou a chamada e entregou-o. Ele desmontou o aparelho e colocou as peças sobre a penteadeira. Abriu a gaveta, pegou uma tesoura, cortou o chip pacientemente e num golpe só, cravou a tela. Voltou-se à ela, passou a mão por detrás de sua cabeça, pegando-a pelos cabelos, fazendo-a encará-lo e falou:
- Eu te avisei! – Aproximou bem pertinho do seu rosto e perguntou – O que acha que está fazendo? Quem acha que vai te ajudar agora?
Ela respirava com dificuldade e seus olhos arregalados, encaravam aquele rosto diabólico.
Ele riu e falou em tom de ameaça:
- Elly, Elly... Está testando a minha paciência... E como já te informei, não tenho boas experiências com isso.
Ela engoliu forte e permaneceu quieta. Ele soltou-a com grosseria e falou tirando a chave do lado de dentro da porta:
- Vai passar uns dias refletindo. – Antes de sair completou – Se pensar em fazer mais alguma bobagem, pule a janela e me poupe de te matar.
Saiu do quarto e trancou-a. Ela estava aterrorizada. Deitou-se, tentando controlar sua respiração e desacelerar seus batimentos.
As horas passaram. Na hora do jantar ela aguardou e ninguém se manifestou. Dormiu.
No dia seguinte, tomou seu banho, vestiu-se e quando tentou abrir a porta percebeu que permanecia trancada. Bateu pedindo:
- Ei! Abre aqui! Peter!?
Nada. Ela virou-se e deslizou até o chão suspirando. Na hora do almoço, permanecia trancada. Tentou novamente:
- ANNA!! ARIEL? ALGUÉM, POR FAVOR... EU PRECISO COMER!
Ela batia forte e gritava. Mas ninguém veio em seu socorro.
Seu estômago roncou. Ela procurou na bolsa uma barra de cereal, pra sua salvação encontrou uma barrinha e algumas balas. Comeu e deitou-se.
No jantar, ouviu quando ele caminhou até o quarto ao lado e tentou de novo:
- PETER... POR FAVOR, ABRA A PORTA! ME DEIXE SAIR!
Ele caminhou até sua porta e riu dizendo:
- Agora quer sair? Pra quê?
- Peter, pelo amor de Deus... Eu preciso me alimentar... Eu juro que...
- Guarde seus juramentos. Aproveite seu momento de reflexão.
Ela ouviu os passos se afastando e gritou batendo na porta desesperada:
- PETER! PETER, POR FAVOR... PETER?
Deixou-se cair no chão, sem forças e sem lágrimas.
No dia seguinte bem cedo, ela acordou e tentou já sem forças:
- Peter, por favor... Preciso comer alguma coisa...
Ele parou frente à porta e fez menção de destrancar, mas afastou a chave e informou:
- Vou providenciar seu café. Mas você não vai sair.
Ela engoliu forte e aceitou:
- Tudo bem!
Sentou-se na cama e aguardou. Logo, a porta se abriu e Ariel entrou com uma bandeja. Ela parecia assustada, mas obedecia as ordens com presteza. Peter permaneceu da porta observando Elly que o encarava sem forças. Ariel saiu e antes de sair ele informou:
- Coma! Aproveite porque não sei se estarei com mesmo humor no almoço ou no jantar.
Saiu do quarto deixando-a só. Assim que ouviu a chave girar e os passos se afastarem, ela recorreu à bandeja e comeu com vontade. Bebia o suco como se fosse a primeira vez que sentia o sabor. Sentiu as lágrimas correrem no seu rosto e continuou comendo, mesmo chorando.
Peter estava incomodado com a situação, mas era frio e determinado quando se tratava de seu império. Hector entrou na sala:
- Precisamos conversar!
Peter encarou-o, olhando-o de cima abaixo e ignorou:
- Estou ocupado agora.
Hector não se importou com a informação, apoiou-se na mesa, frente à ele e insistiu:
- Vamos conversar agora!
Peter arqueou uma sobrancelha surpreso com a ousadia e riu dizendo:
- Deixe-me adivinhar, a sua namoradinha “Lis" pediu pra me questionar algo?
- O que fez à Elly? – Hector foi direto ao ponto determinado.
Ainda com um sorriso no rosto provocou:
- Adivinhe!
Hector engoliu forte e pediu tentando ser paciente:
- Vamos lá, Peter, diga!
Ele usou de sarcasmo:
- Quer saber se a machuquei? Se a matei e ocultei o cadáver?
- Você não seria capaz...
- Está duvidando? – Aproximou-se da mesa e completou – Sabe que sou, por isso veio aqui.
Hector engoliu forte e insistiu:
- Onde ela está? Sabe que está arriscando muito...
- Eu não a matei... – Soltou rindo e recostando-se na poltrona – Ela está bem guardadinha!
Hector sentou-se, soltando um suspiro de alívio.
- O que houve? Por que isso agora?
- Eu deveria estar te questionando, afinal, foi ideia sua o casamento com essa garota idiota.
- Poderia ter desistido antes... Quando descobriu que ela estava apaixonada por outro.
- Quando me viu desistir de alguma coisa?
Hector o conhecia e sabia que mais que o dinheiro, o orgulho de Peter o induzia a loucuras.
- Como ela está?
- Diga à sua namoradinha que está bem. Apenas preferiu se recolher um pouco, para pensar.
- Deixe-me vê-la.
Peter estranhou a preocupação de Hector e insinuou:
- Por acaso está interessado nela também?
Hector riu e brincou:
- Você está?
Peter apertou os olhos e negou:
- Não! Mas ela é minha esposa agora... Se estiver interessado, aguarde até o divórcio.
Hector levantou-se e com as mãos nos bolsos, observou a sala e pediu:
- Não a machuque! Estou te pedindo!
- Ou...?
- Não farei nada, apenas acredito que fará isso por mim.
Ele riu e pediu:
- Se puder se retirar agora, tenho muito trabalho a fazer.
Hector forçou um sorriso, balançou a cabeça incrédulo de sua frieza e ousadia, então saiu sem dizer mais nada. Peter observou-o afastar-se, soltou um suspiro e engoliu forte pensativo.
Elly passou o dia sem almoço e sem o lanche da tarde. No jantar, Peter supervisionou a entrega do seu alimento e a trancou novamente. Assim seguiu-se o fim de semana.
Na segunda-feira, logo no café , assim que Ariel se retirou, ele trancou a porta ainda dentro do quarto e iniciou uma negociação:
- Sabe o motivo disso tudo, não sabe?
Ela evitava encará-lo, mas assentiu coma cabeça.
- Então... Como quer seguir daqui adiante?
- Me desculpe!
Ele riu e repetiu:
- Eu te fiz uma pergunta...
- Eu não sei o que quer que eu responda! – Ela respondeu suave.
Ele agachou-se próximo à ela encarando seu rosto e repetiu:
- Como quer seguir, daqui pra frente? Basta responder, o que quer que eu faça?
Ela apertou os olhos com medo e pediu:
- Eu vou me comportar...
Ele sorriu e completou:
- E...?
- Não vou ver mais o Nathan!
- E...?
- Não terei contato com seu pai.
Ela respondia acuada e encolhendo-se, sem ter pra onde olhar ou se mexer.
- Boa menina! – Ele reparava no rosto pálido dela – Deixarei que saia do quarto. Mas não vai sair, sem minha permissão ou desacompanhada, de casa. Se você insistir em tentar me prejudicar... Eu sinto muito, mas terei que tomar medidas ainda mais drásticas. Estamos entendidos?
Ela balançou a cabeça de forma frenética. Ele ergueu-se e indo em direção à bandeja informou:
- Vamos sair esta noite! Vamos comemorar que enfim nos entendemos. Convide a Lis e Hector, por mensagem. – Pegou uma uva e mastigou-a lentamente.
Ela não o encarava, apenas movia a cabeça obediente.
Ele saiu do quarto e deixou a porta destrancada. Ela tomou seu café, mas preferiu não sair.
No fim da tarde, ela foi até os jardins e sentiu o ar livre. Ventava frio e o céu estava escurecendo. Ela reparou no sol se pondo e fechou os olhos fazendo um pedido em voz baixa.
Retornou ao quarto e começou a se arrumar. Logo, ele mandou-lhe uma mensagem e informou que se atrasaria. Ela agradeceu internamente.
E pouco tempo depois, ele surgiu. Estava vestindo um smoking preto e bem alinhado, trazia uma caixinha de veludo. Ela encarou-a com hesitação, mas forçou um sorriso e fingiu surpresa:
- É para mim?
Ele sorriu e aproximou de onde estava sentada, colocou-se atrás dela e pegou a joia dizendo:
- É claro! – Colocou o colar de diamantes e observou-a através do espelho – Ficou perfeito em você!
Ela forçou um sorriso e mentiu:
- Muito obrigada é realmente lindo! – Tocou o colar baixando os olhos para desviar dos dele fixos no espelho.
- Então... Vamos? A Lis e o Hector nos aguardam no restaurante.
Ela deu um sorriso falso e concordou, levantando-se.
O jantar foi breve e pouco dinâmico. Quase não falavam. Hector tentou saber sobre Elly, mas ela se reservava a respostas curtas acompanhadas de um sorriso forçado. Lis a observava atenta e buscava meios para ajudar a amiga a se libertar. Convidou-a:
- Vamos ao banheiro retocar o batom, Elly!
Elly olhou para Peter que sorriu e fez um leve movimento de cabeça permitindo. Ela levantou-se e seguia a amiga. Hector iniciou:
- O que foi isso?
Peter tomou um gole de vinho e respondeu friamente:
- Eu não sei do que está falando.
- Ela claramente te pediu autorização para ir ao banheiro. O que está havendo?
Peter sorriu e começou a contar-lhe:
- Hector, não que lhe interesse, mas... Fizemos um combinado depois de uma visitinha de meu pai...
No banheiro, Lis bombardeou a coitada:
- O que foi aquilo?
Elly pegou o batom e encarava o espelho tentando não envolver Lis:
- Não foi nada! - Começou a retocar.
Lis encarou-a através do espelho e insistiu:
- Ah não foi nada? Então agora precisa de autorização pra ir ao banheiro e não foi nada?
- Lis, por favor, eu não preciso de mais motivos pra me sentir pior do que já estou.
- Então, me conte a verdade.
Ela hesitou, mas sua amiga era insistente e a encarava aguardando. Então desabafou:
- O pai dele me procurou... Procurou a Nathan e depois a mim... Ele queria nos ajudar e... Ele descobriu tudo.
- Como?
- Eu não sei, só sei que Nathan estava combinando para que pudéssemos nos encontrar e dizer toda a verdade, assim o pai dele poderia nos ajudar.
- E onde está Nathan agora?
- Eu não sei... Ele sumiu... E eu não tive oportunidade de me encontrar com ele de novo.
- Mas por que ele não entrou em contato comigo então?
- Eu não sei, eu não o vi mais...
- E agora?
- Agora? Tenho que me comportar... Tudo que faço, onde eu vou, com quem falo... Tudo ele sabe.
- Deve haver um jeito...
- Não, não há... A única esperança era o pai dele... Mas até que ele receba essa bendita herança... Tenho que me comportar e aceitar tudo... Ou ele... Não posso nem imaginar.
- Nós vamos achar uma saída! Acredite em mim...
- Não faça nada, por favor! Não quero que se arrisque, nem arrisque ao Hector... Eu vou conseguir esperar e... Serão poucos meses...
Lis encarava aquela criatura fraca e sem esperança com piedade, queria transferir de alguma forma, força e coragem pra que ela reagisse e lutasse, mas percebeu que só poderia ajudá-la apoiando-a, então abraçou a amiga.
Retornaram à mesa. Peter encarava Elly com suspeita. Hector sorriu pra Lis e disse:
- Então... Está ficando tarde e temos outro compromisso, vamos querida?
- Ah, sim... Vamos! – Antes de saírem, ela voltou-se a Elly – Você vai ficar bem?
- Por que não ficaria? – Peter interveio.
- Sim! Até mais, Lis! – Elly respondeu prontamente.
Hector despediu-se do amigo e saíram.
Peter forçou um sorriso e lembrou-a:
- Espero que se lembre de nossa conversa!
Ela assentiu com a cabeça e ele a convidou:
- Venha, vamos pra casa.
Retornaram à mansão e se recolheram aos seus aposentos.
Os dias que se seguiram, a paz reinou. Mas o pai de Peter, não desistiria fácil.
Em uma tarde de sábado, Peter ainda estava no trabalho e ele apareceu na mansão.
Foi atendido pela empregada que tentou dispensá-lo:
- Sr. Octavius, o sr. Peter não está!
- Eu vim visitar minha nora... Vamos, Anna, saia da frente e me deixe entrar.
A empregada obedeceu e deixou-o entrar. Logo, veio Elly receosa das consequências que aquela visita poderia trazer:
- Sr. Octavius? Que prazer recebê-lo!
Ele sorriu e pediu as empregadas:
- Oi, minha nora! Gostaria de lhe falar, à sós... Podem nos dar licença?
- O sr. Peter...
Elly interrompeu-a:
- Anna, por favor... Deixe-nos à sós!
A empregada hesitou, mas obedeceu seguindo para a cozinha.
O homem sorriu e soltou:
- Empregados!
- Então... A que devo a honra de sua visita, meu sogro? – Fingiu cordialidade.
- Eu queria saber como você está. – Fingiu preocupação na tentativa de conquistar-lhe a confiança – Então... O Nathan sumiu, não consegui mais falar com ele e... Me preocupou como você estaria.
- Não tenho mais contato com ele. Estou muito bem, obrigada pela preocupação.
- Ele está te ameaçando?
- Como? – Ela fingiu desentendida.
- Vamos lá, Elly... Você sabe que estou aqui para ajudá-la!
- Sr. Octavius... Seu filho pode chegar a qualquer momento e...
- Não tenha medo... Juntos, podemos acabar com todo esse pesadelo.
Ela entendeu que a intenção era exclusivamente atacar a Peter, e nada que dissesse poderia evitar que a prejudicasse antes mesmo de se ver livre do casamento, então desconversou:
- Infelizmente, não sei do que está falando..
- Tem certeza, Elly?
Ele era tão manipulador quanto o filho, a diferença é que ele não exercia o mesmo poder sobre ela.
- Sr. Octavius, eu realmente não sei do que se trata e acho melhor aguardar que Peter...
- Olha aqui... – Ele segurou seu braço - Não sabe do que ele é capaz... Inclusive quando já tiver a herança, ele vai se livrar de você como a um objeto qualquer... Eu já sei da verdade e quero te ajudar, mas pra isso...
- Boa tarde! Pra isso... – Peter entrou na sala de estar já se metendo no assunto – Vamos papai, termine sua frase!
O homem sorriu, largando o braço dela e se afastando, respondeu desviando o assunto:
- Ora, vejam só... Estava sentindo que falávamos de você?
Peter aproximou e falou direto:
- Então, papai... O que está fazendo aqui, sozinho, com minha esposa?
- Estávamos apenas conversando!
- Sobre mim... O que falavam?
- Eu não preciso te dizer...
- Achei que teria suas próprias cartas para tentar me atacar... Mas percebo que ainda precisa de ajuda! Quer ajuda pra sair ou ainda sabe onde fica a porta da rua?
- Como é cordial...
- Você perdeu o direito à cordialidade nesta casa, no momento em que virou as costas para a mamãe! Não me venha pedir cordialidade agora.
Peter apontou a saída e o homem, com um sorriso forçado, encarou Elly e provocou:
- Se mudar de ideia e quiser minha ajuda, nora... Sabe onde me encontrar...
Saiu com ar autoritário e prepotente, sem perder a pose.
Peter olhou para Elly e aguardou que ela tivesse a iniciativa de lhe contar o ocorrido:
- E então...
- Ele veio falar de você! Mas eu não disse nada!
- Que bom! – Ele se aproximou e enrolando uma mecha do cabelo dela no dedo completou – Sabe que se não quer ficar do meu lado, contra mim é bem pior, não sabe?
Ela assentiu com a cabeça sem encará-lo. Ele sorriu e direcionou às escadas:
- Vou tomar um banho, avise-me quando o jantar estiver à mesa.
Ela respirou fundo acompanhando-o pelo canto dos olhos.
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Amor que queima
RomanceEla era só uma garçonete com a intenção de salvar seu emprego... Ele, um grande empresário, mal intencionado e ganancioso... Seus caminhos se cruzam e uma história intrigante se inicia... Até onde a obsessão pode levar alguém? Quanto suporta o amor...