01 | E AS LUZES VERMELHAS SE APAGAM

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Isabella Romano tinha lembranças muito específicas da sua infância

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Isabella Romano tinha lembranças muito específicas da sua infância.

Por exemplo, ela se lembrava perfeitamente do dia em que conheceu Dante Esposito, o menino do apartamento ao lado que viria a se tornar seu melhor amigo não muito tempo depois. Se lembrava, também, dos longos meses que passou sem conseguir entrar sozinha no banheiro da escola, depois que uma coleguinha — que de colega mesmo não tinha nada — gentilmente lhe contou sobre a lenda da Bloody Mary.

Entre essas lembranças — que conseguiam ser, ao mesmo tempo, pontuais e aleatórias —, havia uma que Bella considerava a mais especial de todas: a primeira madrugada que passou acordada assistindo a uma corrida de Fórmula 1 com o pai.

Mesmo depois de todo aquele tempo, ela ainda era capaz de escutar o barulho de motor que a acordara em algum momento depois das quatro horas da manhã daquele domingo. Na época, com apenas cinco anos, a menina foi até a sala coçando os olhos, ainda meio sonolenta, e se sentou ao lado do pai no sofá. Gian se sentiu mal por ter acordado a filha sem querer, mas Bella não se importava. Para ela, qualquer tempo que podia passar na companhia do pai valia ouro.

Quando Isabella perguntou o que ele estava assistindo, o mais velho tentou explicar o esporte da forma mais simples que conseguia. De início, tudo o que ela precisava saber era que todos aqueles carros correndo em círculos pela pista estavam disputando o primeiro lugar, ou, no pior dos casos, o terceiro. Em outras palavras, o piloto que conseguisse se manter na frente até o fim da última volta ganhava a corrida.

Curiosa sobre o motivo pelo qual o pai gostava tanto de ver aquilo, Bella continuou se sentando ao lado dele durante as corridas que se seguiram, sem querer criando uma nova tradição que, posteriormente, se tornaria a favorita dos dois.

Com o tempo, Gian começou a explicar melhor sobre as regras e outras particularidades do esporte para a filha, indo desde os tipos de pneu usados até como funcionava a definição do grid de largada.

Antes mesmo do fim da temporada daquele ano, Isabella já estava irreversivelmente apaixonada por todos os detalhes que compunham o universo da Fórmula 1. Tão apaixonada que, além dos domingos, a menina passou a acompanhar também às sextas e sábados, para assistir aos treinos livres e à sessão classificatória.

Bella sempre teve a tendência de descobrir uma coisa da qual gostava e, pelos meses seguintes, ficar completamente obcecada por aquilo, consumindo tudo o que podia e não podia sobre o assunto — até se cansar ou encontrar sua mais nova fixação. Era um ciclo sem fim.

A diferença com a Fórmula 1, entretanto, foi que o interesse de Bella não diminuiu e muito menos acabou com o tempo. Mesmo depois de já conhecer o esporte como a palma da sua mão, a italiana continuou acompanhando todas as corridas religiosamente, ano após ano. E o que era um ritual dela e do pai acabou ganhando mais um adepto quando Isabella conseguiu convencer Dante a assistir a uma corrida com eles e o menino também se apaixonou pelo mundo da velocidade.

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