Tenth

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Noah olhou para todas aquelas pessoas na sala de festas da mansão. Era quase que uma segunda casa, mas com apenas um andar e um amplo salão, e ficava do lado de fora atravessando o jardim e a piscina.

Todos olharam em sua direção, e enfrentou uma onda de cumprimentos e parabenizações de alguns parentes e amigos próximos e sócios da empresa.

Sorriu quando Bailey, que era outro alfa, Krys, que era seu ômega e Lamar , um beta se aproximaram. Tirando seus pais e irmãs, podia dizer que eles eram sem dúvidas as pessoas em que mais confiava naquele salão.

— Achei que a Itália fosse mais interessante do que o aniversário de um amigo qualquer. - zombou do casal, que estavam no outro país de férias a mais de um mês. - E os outros duendes deixaram você sair da Irlanda, Lamar?

— Muito engraçado, senhor Urrea. - o moreno revirou os olhos e forçou uma risada.

— Sabe que você é importante para a gente, Noah. - Bailey se defendeu, rindo do exagero do outro alfa.

— Não trocaria a chance de falar mal da alta sociedade com você por uma simples viagem, podemos voltar depois. - Krys brincou.

— Claro, até porque não fazemos parte dessa classe social. - revirou os olhos mas riu também.

— Sentimos sua falta também, idiota. - o beta deu um soco fraco no ombro do alfa.

Eles continuaram conversando e depois de alguns minutos disfarçadamente Noah olhou em volta. Seus pais conversavam com um dos sócios da empresa e sua esposa, enquanto Nour e Savannah estavam com seus alfas e as gêmeas conversavam entre si.

Não encontrou Josh em lugar algum, e ele já devia estar aqui.

Pediu um minuto para os outros três, saindo do salão com um pouco de dificuldade já que alguns convidados o paravam para conversar, e como era o anfitrião não poderia apenas deixá-los sem resposta.

Não tinha ninguém no jardim, por isso foi até a área da piscina. Parou ao finalmente ver o ômega agachado perto da borda, tocando a água levemente.

Ele usava uma camisa preta com botões e renda nos pulsos, a calça da mesma cor envolvia perfeitamente as pernas esguias e seus cabelos estavam presos em umas tranças. Quando se aproximou mais pode ver os brincos bonitos, que combinaram com ele.

—Josh?

O ômega o olhou surpreso, se levantando devagar. Notou as botas novas em seus pés também.

— Por que está aqui? - ele perguntou desviamos os olhos.

— Eu ia te perguntar a mesma coisa. - sorriu pequeno.

Ele mexeu nervosamente na barra de sua camiseta, demorando para responder.

— Algum problema? - se aproximou do menor, tocando sua bochecha e no momento seguinte sentiu algo molhar seus dedos. - Josh...

Levantou o rosto delicado, franzindo o cenho ao ver lágrimas escorrerem por ele. O ômega afastou o rosto de seu toque, abraçando o próprio corpo e tapando a boca com uma mão.

— Aconteceu alguma coisa?

Perguntou mas mesmo assim a resposta demorou mais um pouco.

— E-eu vou te envergonhar... - a voz quebrada machucou Noah. - Mesmo arrumado, eu sei que eles vão saber que eu sou só um servo ômega pobre que não tem nem onde cair morto. Eu não quero te fazer passar por isso.

O alfa se aproximou devagar e quando viu que ele não se afastaria o abraçou, continuando assim mesmo que ele não tenha retribuído.

— De onde você tirou essa bobagem? Josh, você não me envergonha. - tentou o olhar mas seu rosto não se levantava. - Alguém disse isso para você? Foi uma de minhas irmãs? A minha mãe?

— Não foram elas... - ergueu a mão para secar as lágrimas. - Não foi ninguém.

— Você apenas assumiu isso por conta própria?

— Eu acho melhor eu voltar para o meu quarto, estou estragando sua noite. - tentou se afastar, mas o mais velho segurou seu pulso.

Se encolheu quando o alfa virou sua mão, vendo os cortes causados pelo vidro da travessa de mais cedo.

— Você se machucou? Por que não me deixou te ajudar? Sabia que isso aconte...

— Noah, pare! - tirou a mão de seu aperto. - Volte para a sua festa, eu já estraguei quase toda a noite.

As lágrimas escorreram mais uma vez, e Josh se virou para correr de volta para a mansão. Noah nem mesmo olhou de volta para o salão antes de seguir o outro.

— Josh, volte aqui! - tentou chamar. - Não fuja de mim, eu só quero conversar com você!

O Loiro ao menos desacelerou, por isso apressou seus próprios passos, o alcançando quando já estavam no corredor dos quartos dos empregados.

Foi o mais suave o possível em segurar o braço dele, o tranco acabou fazendo com que o peito do ômega batesse no seu. O manobrou até que encostasse suas costas na parede, prestando atenção para não o machucar.

— Josh, por favor...

— Me deixa em paz, eu quero ir! - ele chocou os punhos contra seu peito, mas não foi nada realmente forte. - Por que você está fazendo isso?

— Eu não vou te deixar sozinho com esses pensamentos sem fundamento em sua cabeça.

— É a verdade, todos falariam sobre como...

— Eu não quero saber sobre o que vão falar. - o interrompeu. - Eu estava considerando ter você ao meu lado a parte alta da minha noite, nunca te considerei uma vergonha.

— Está dizendo isso por pena. - não olhou nos olhos verdes.

— Não estou.

Noah finalmente conseguiu olhar para os olhos azuis molhados, se encararam em silêncio por um bom tempo.

— Eu... Quero estar perto de você, sentir o seu cheiro mais de perto, tocar no seu cabelo, em seu corpo... N-não sexualmente! - se adiantou quando viu as bochechas do menor se avermelharem. - Eu apenas gosto de sua presença, de sua personalidade, gentileza e delicadeza, gostaria que se visse com os meus olhos e entendesse o por quê...

— O por que de quê? - Josh perguntou baixo.

Noah mordeu o lábio inferior, desviando os olhos por apenas alguns segundos.

— O por que de eu gostar tanto de você. Na verdade, até eu gostaria de entender direito. - não podia controlar a mão que subiu para tocar a trança com cuidado para não desmanchar. - Volte comigo para a festa, dona Wendy já deve estar louca procurando por mim.

A menção da ômega fez Josh estremecer e esperou que Noah não tivesse percebido.

— Tudo bem...

Ainda estava atordoado pelas palavras do alfa, mas não queria causar mais problemas, ainda mais com a mãe dele.

Secou suas lágrimas com a ajuda do outro, que lhe deu o braço para que segurasse e os guiou de volta para o salão.

𝐏𝐎𝐎𝐑 𝐎𝐌𝐄𝐆𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora