Ômega exemplar

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| PAFFERTY, CASTELO DE VALÊNIA - 11:10 PL | 

Haviam chego finalmente no castelo, Zibele estava cansado e com as pernas pesadas, como se sacos de arroz estivessem amarrados em sua coxa, queimando com muita dor. Queria descansar, e faria isso nem que tivesse que dormir sobre uma árvore.

Mesmo que estivesse cansado, um clima diferente pairou no ar, os soldados também pareciam cansados, alguns agitados e outros desconfortáveis. Não parecia o clima ameno de todos os dias, tinha cheiro de morte.

Lucilla não estava deitada como deveria, ela já usava um peitoral de couro e tinha o cabelo bagunçado, como se estivesse lutado com muito afinco. Haviam mais tochas acesas do que o comum, algumas madeiras quebradas espalhadas pelo chão e algumas armas também. 

Que tipo de furaão havia passado ali? Zibele se perguntava.

Leopold não ficou para trás nas análises, ficando um tanto surpreso com o que via. Nueve se aproximou com uma expressão cansada e estressada, dizendo algumas coisas baixas para Leopold. Zibele tentou focar em alguma coisa, mas estava com os olhos pesados em sono. Não tinha dormido uma quantidade suficiente para se considerar completamente descansado, na verdade tinha a sensação de que cairia dormindo ali mesmo, com o rosto na areia do pátio.

— Quer dormir, Zibele? — Leopold pergunto enquanto Zibele bocejava, os olhos lacrimejando um pouco — Vai lá, posso continuar por aqui.

— Tem certeza? — Zibele deu uma leve coçada na cabeça, sentindo-se sujo e querendo um banho antes de tudo.

O alfa sorriu compreensivo e tocou o ombro fino de Zibele, tranquilizando-o. O feiticeiro sorriu meio zonzo e foi para o quarto, subindo as escadas sem pressa. Tomou banho com calma, sentindo que poderia dormir dentro da tina, esfregou os membros do corpo, sem sentir a sensação da água mágica que lavava o cansaço.

Acabou ficando com mais sono ainda.

Nem ao menos se deu o trabalho de colocar uma roupa adequada, apenas se deitou de baixo das cobertas e dormiu em menos de dois minutos. Estava realmente cansado de andar, fazer portais e fugir de lobos.

Dormiu o que achou ser o suficiente, pois no outro dia acordou oito da manhã sendo observado por Leopold, que estava sentado no divã ao lado da cama de Zibele, perto da sacada que dava para a lateral da cachoeira.

— Leopold... — Zibele coçou os olhos, nem se surpreendia mais com aquelas invasões de privacidade.

— Não vai dizer que poderia estar nu? — falou em tom descontraído.

— Na verdade, eu estou.

Zibele se sentou na cama e encostou as costas na cabeceira enorme de madeira, quase deixando o cobertor sair de seu corpo e mostrar mais do que deveria. Leopold olhou para ele um tanto perplexo, os olhos mel brilhando em expectativa.

Só a expectativa mesmo.

— Aconteceu alguma coisa? — Zibele perguntou implicitamente o motivo dele estar ali.

— Descobrimos quem pegou o pergaminho de Hutos, sabemos com quem está a coroa, vim agradecer pela ajuda. Esse trabalho teria demorado se não fosse por você.

O feiticeiro sorriu levemente e penteou a franja para trás da orelha, o cabelo despenteado e completamente bagunçado, mas lindo aos olhos apaixonados de Leopold.

— Eu trabalho com você, Majestade, é o que devo fazer.

Leopold sorriu levemente e se levantou, indo até a cama de Zibele. Ele se sentou perto do joelho do feiticeiro e olhou para ele com carinho. Zibele se manteve quieto, sem saber exatamente como agir sob aquele olhar logo de manhã. Zibele se sentia um príncipe mimado, tratado com regalias por seu pai, o rei amado pelo povo.

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