Histórias do passado

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|PAFFERTY, CASTELO DE VALÊNIA - 09:14 PS|

Zibele estava curioso olhando para Leopold segurando aquela coroa. Ele estava diante do altar onde deveria deixar a coroa, era a Sala das Sete Lanças, onde ficava a lembrança do reinado dos outros reis de Valênia.

Aquela sala contava tantas histórias que Zibele não conseguia sequer deixar de sentir o coração palpitar, era muitas emoções misturadas. Cada quadro com a imagem de um rei contavam histórias de nações. Algumas engraçadas, outras se tratavam de momentos devastadores.

Mas ainda assim era uma emoção.

Pensar que Leopold teria uma homenagem naquela sala em algum momento era assustador e nostálgico, pois com certeza, se pudesse visitar aquele local depois da morte do atual rei de Valênia, sentiria tantas coisas que jamais conseguiria colocar em palavras.

Leopold já havia o estressado, o feito rir, entrado em desespero, deixou-o desconfiado, seduziu-o. Eram muitas coisas para descrever o que Leopold fez com Zibele, e talvez ele nunca saberia todas elas, pois algumas misturas de sentimentos não tinham nomes.

— Por que está demorando tanto para posicionar a coroa? — Zibele perguntou ao ver a hesitação de Leopold.

O lobo virou para ele com a coroa em mãos, analisando com uma certa tristeza. Zibele manteve as mãos para trás enquanto media Leopold de cima a baixo, tentando desvendar o que aquelas atitudes poderiam significar.

— Você disse que iria embora depois que tudo se resolvesse — Leopold ergueu levemente a coroa — Ou pensou. Mas o ponto é que se eu colocar a coroa, você vai ir embora.

Zibele sorriu, sentindo a ponta de seu cabelo tocar abaixo de sua bunda. Ele caminhou até Leopold com a calma e tocou os pulsos dele que estavam segurando a coroa. Leopold estava mais alto, pois aproveitava-se de um degrau que levava até o altar.

— Você é meu amigo agora, lembra? Pode me visitar quando quiser. Se precisar de mim, pode me chamar também. Eu não vou embora para sempre.

Aquilo tinha um tom de despedida e Zibele ao menos tinha preparado a trouxa para a viagem de volta para casa. Sentia saudade de muitas coisas, dos amigos, de acordar e ficar olhando para o mar em uma brisa fria de cortar a pele.

A saudade que sentia foi embora como poeira assim que sentiu a mão de Leopold tocando sua pele, deslizando os dedos até seus cabelos como serpentes. Aquele toque era tão bom que Zibele não fez nada a mais do que fechar os olhos e suspirar, desmanchando sob o carinho que recebia.

Leopold, por outro lado, apenas sorriu ao ver uma expressão tão meiga adornar os traços endeusados de Zibele, sentindo um aperto no coração ao saber que ficaria um tempo sem vê-lo ou tocá-lo. Não que o último ele fizesse tanto, mas era diferente quando se tratava de Zibele. Qualquer toque, o mínimo que fosse, deixava Leopold louco e ansiando por mais.

Aqueles lábios, os malditos lábios grossos e redondinhos. Tinham sabor de audácia, experiência e muito charme. Leopold queria mordê-los, chupá-los, usar e abusar deles.

— Posso te beijar uma última vez? — Leopold perguntou.

— Leopold — ele olhou com uma expressão neutra para ele — Sabe que será mais difícil, não sabe? Você vai me beijar e provavelmente vamos gostar disso e, você sabe, eu tenho que ir.

— Eu sei. Melhor eu me arrepender depois, porque só sentirei o arrependimento, não a vontade que estou sentindo agora — Leopold se inclinou, Zibele ergueu o rosto, assim como subiu um degrau para estar na altura do lobo — É estranho eu pensar assim?

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