O Melhor Amigo Do Meu Irmão

23°

Dormi a tarde inteira depois que cheguei em casa e o Diego foi trabalhar.
Não sei se é por causa da gravidez ou dos remédios, mais estou me sentindo tão cansada.

A campainha toca assim que acordo. Droga não dá tempo de me trocar e eu não encontro me robe ou roupão sei lá.
Vou assim mesmo de pijama.

O Diego me mataria se me visse atendendo a porta, de pijama de abacate. Que vergonha!
Dou risada mentalmente, enquanto abro a porta.

Um moço aparece no meu campo de visão, ele me parece familiar.
– Pois não?
– Uma encomenda pra você, você é a Ste não é?
– Como sabe meu apelido.
Franzi a testa enquanto assinava o recebido.
– Estudamos juntos no ensino médio, sou o Rian e sem querer ser atrevido, belo pijama.
Nós dois rimos.
Como ele mudou, cortou o cabelo, perdeu as espinhas, criou músculos e agora ele usa um bigode galanteador, que o Diego nunca me ouça dizendo isso.
– Claro que lembro, quer entrar? Acabei de acordar, mais posso fazer um café.
– Claro, só uma água já está de bom.

Ele entra e põe a caixa em cima da mesinha do centro.
O que será? Tô meio curiosa, não recebo muitas coisas, a não ser que eu tenha comprado.
Deixo ele na sala e vou até a cozinha, pego um copo e a jarra d'água.

Sirvo água pra ele e me sento no outro sofá.
– Então como estão as coisas?
Pergunto pra ele.
Nós conversamos um pouco depois daquele dia no terceiro ano em que ele pediu pra ficar comigo, mas eu já estava apaixonada pelo Diego e não ficava com ninguém.
– Tá tudo indo bem pra mim e pra você?
–  Aconteceram muitas coisas comigo.
– Tipo? Se quiser falar é claro.
– Não tem problema, posso falar. Então, eu engravidei do meu namorado a uns dois anos atrás e acabei perdendo a bebê, minha vida teve altos e baixos depois disso, mais no final tudo ficou bem, agora eu tô casada, moro nessa casa linda, faço facul de veterinária.
Dou de ombros e sorriu.
Ele faz uma cara de quem comeu e não gostou, será que dei a água tá ruim? Meu Deus, melhor não perguntar.
– Com o mesmo cara de antes?
– Sim, e agora nós vamos ter outro bebê, nosso pequeno milagre.
– Porque milagre? Desculpa a pergunta.
– Tudo bem, bom os médicos me disseram que eu não podia mais ter filhos e aqui estou, muito grávida.
– Nossa.
– Acho melhor eu ir.
Ele anuncia.
– Porque ? Ainda tá cedo.
– Seu marido pode chegar e não gostar de me ver aqui.
– Essa casa também é minha.

Conversamos bastante, sobre bebês e mais um monte de coisas da época da escola.

Um tempo depois ouço a portar abrir e as chaves sendo jogadas na mesinha da entrada. Até que enfim ele chegou, demorou hoje.
Diego vem até mim e me abraça, me dando um beijo logo em seguida.

– Amor, esse é o Rian, um amigo da escola.
– Fala aí.
Eles apertam as mãos, mais vejo na cara de Diego que ele não foi com a cara do menino.
Acho que o Rian também percebeu e se levantou.
– Eu já vou indo. Tchau pra vocês.

Assim que fecho a porta, Diego vem até mim e pega no colo, me levando pro nosso quarto.
Deito com a cabeça no seu peito.
– Quem era aquele? Algum ex peguete?
– Nunca tive isso, ele era só um colega da época da escola amor.
– Tá bom então.

Decidi relatar minha gravidez no Instagram, conheci outras mães que também tiveram a primeira gravidez interrompida e sofrem até hoje, me sinto acolhida por todas elas.

Ainda estou com sete semanas, hoje vai ser a primeira vez que iremos escutar o coraçãozinho do nosso bebê.

– Já tá pronta amor?
– Só vou colocar a sandália.

Tô tão ansiosa.
Já passei por tudo isso, mais agora a sensação é totalmente diferente, porque naquela época eu não estava nem aí pra nada, nem lembro como foi o dia que escutei o coração da Larissa.

Uma hora depois

– Preparados papais?
– Sim.
Eu e Diego falamos juntos.
Ele está segurando a minha mão e o médico tá observando nosso bebê.
– Opa olha oque temos aqui, gêmeos.
Ele olha pra nós sorrindo.

Como assim?
Como ele diz isso com tanta tranquilidade, meu senhor.
Meus olhos enchem de lágrimas e o Diego aperta mas a minha mão.

– São gêmeos de placentas separadas, ainda não dá pra ver o sexo obviamente, mais já adianto eles não serão parecidos.
– O senhor tem certeza?
– Sim, aqui.
Ele aponta pra tela e vemos dois pontinhos pretos.
Puta que pariu!