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Any

Josh me acompanhou até meu carro e depois de trocarmos contato, nos despedimos e eu dirigi até o meu prédio. Seria curioso me tornar amiga de um padre, mas o rápido café que tomei com ele foi muito interessante. Eu adorei ouvi-lo falar, tanto na missa sobre Deus, quanto numa conversa casual sobre a vida e coisas aleatórias.

Assim que cheguei até a porta do meu apartamento e encaixei a chave na fechadura, ouvi a porta da Heyoon ser aberta e ela me olhou de forma séria.

— Tem uma pessoa querendo falar com você. — ela fez sinal em direção ao interior de seu apartamento.

— Joel? — franzi a testa. Era o único em que eu conseguia pensar. Yoon negou com a cabeça.

Tomada pela curiosidade, eu entrei no local e minhas pernas travaram assim que eu vi quem estava sentado no sofá, parecendo esperar ansiosamente por algo.

— Oi, querida! — sorriu sutilmente.

— Pai? — meu semblante se tornou sério.

— Eu a vi na igreja hoje, mas não soube como falar com você. Não parei de pensar nisso e depois de ouvir o sermão do padre, senti que precisava vê-la.

— Eu vou deixar vocês a sós. — Yoon disse, retirando-se para o seu quarto.

Tomei fôlego e sentei no sofá de frente ao meu pai, sentindo-me desconfortável com a situação em que fui colocada. Eu não esperava vê-lo nem hoje e nem tão cedo. Nossa relação sempre foi extremamente conturbada e depois que a minha mãe faleceu, tudo só piorou.

— O que quer me dizer? — perguntei.

— Eu queria poder consertar as coisas. Eu sei que nós nunca fomos muito próximos e que você sempre preferiu a sua mãe, mas não é tarde pra refazer a nossa história. Eu sou o seu pai e quero fazer parte da sua vida.

— A mamãe era o laço que nos prendia. — desviei o olhar. — Por que de repente você decidiu que precisa de mim? — soei um pouco grossa.

— Você foi uma estranha para mim desde que nasceu. Eu tentei, eu juro que tentei te dar atenção e eu me importava de verdade, sempre quis o melhor pra você. Eu só... eu não sabia lidar com uma pessoa que dependia tanto de mim daquela forma.

— E aí você achou que seria muito melhor deixar que a minha mãe fosse a responsável por me dar amor e atenção? — pendi a cabeça para o lado.

— Parecia muito natural para ela. Blanca era extremamente amável. — sorriu como se uma lembrança tivesse surgido. — Eu gostaria de voltar no tempo e ter aprendido a ser como a sua mãe.

— Mas isso não é possível. Você nunca foi um pai, você só é o homem que me sustentou durante a minha formação e olha, eu agradeço por isso. Mas só sustento financeiro não é o suficiente.

— Eu sei, agora eu sei disso. Filha... — ele tentou segurar minha mão, mas eu a afastei. — Ok... — suspirou. — Eu estou tentando me redimir. Hoje eu te vi num lugar que sempre foi sagrado para mim e interpretei isso como um sinal. Ouvir o sermão sobre como devemos zelar pela nossa família me fez acordar pra muitas coisas. Eu não posso mudar o passado, mas eu posso moldar o meu futuro pra que ele seja melhor. Pra que eu seja melhor.

— Eu tenho certeza que uma criança precisa muito mais da atenção de um pai do que uma mulher de quase trinta anos. — era difícil dar o braço a torcer.

— Tudo bem. — ele ficou de pé. — Estou tentando, Any. Você é quem decide se vai me perdoar e tentar de novo, ou não. — de seu bolso, ele pegou seu cartão de advocacia, com seu número de celular. — Me liga caso pense melhor, eu gostaria de levá-la para jantar.

Caindo Em tentação{Adaptação}Onde histórias criam vida. Descubra agora