Capítulo 4.

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. Kamiko POV .

— Você precisa comer algo Kamiko — Disse minha mãe.

— Eu preciso de um banho bem quente primeiro.

— Tudo bem, vá se arrumar. Eu preparo algo.

O banho quente não exerceu o seu papel, meu corpo tornou-se gélido novamente. Estava nervosa. Não estava preparada para o que viria a seguir.

Enquanto eu mastigava o sanduíche, minha mãe me olhava, com mesmo olhar da Kaori no retrovisor. Permanecemos quietas até ouvir a buzina, Yamato dessa vez estava presente. Deduzi que o carro seria do Kakashi, já que estava dirigindo novamente. Kaori tem seu carro também, mas como ela vive mais na casa dele do que na própria, não havia necessidade de ambos irem em carros diferentes. Em seguida, passamos em uma floricultura, eu queria levar um buquê de flores. Sem mais delongas seguimos para o funeral.

— Chegamos meninas — Disse Kakashi simpático, mesmo com a máscara sabia-se que ele estava sorrindo, seus olhos adoravelmente sorriem junto.

— Obrigada Kakashi — Eu e minha mãe dissemos.

— Não teve graça — Disse Yamato irritado, nos fazendo rir.

Eu corri os olhos pelo terreno, o lugar estava cheio de rostos conhecidos. Do alto de uma árvore, um pássaro cantava insistente, fora isso, o silêncio permaneceu por longos minutos. Apertei as pálpebras desejando que aquilo não passasse de brincadeira. Meu pescoço e meus ombros estavam tensos. Assim que abri os olhos. Eu o vi, sem duvidas era ele. Todos estavam indo até ele e sua família para prestar as condolências. Pelo que me pareceu uma eternidade, eu não conseguia mover um músculo em sua direção.

Apesar da distancia entre nós, prendi minha respiração por algum motivo, talvez na tentativa de fazer meu coração parar de esmurrar meu peito. Mesmo de longe, ele estava mais bonito do que eu pensava. O passar do tempo tinha sido gentil com ele, os cabelos pretos continuavam longos, os olhos que tanto me lembravam a luz da lua, agora estavam marejados. Suspirei chorosa com a cena. Queria tanto poder abraçá-lo.

— Já se apaixonou de novo? — A voz que eu bem conhecia me tirou do transe.

— Não seja ridícula Kaori. Eu nem o conheço mais.

Mas eu o conhecia; e é isso que torna tudo estranho, mas com certeza eu ainda o admirava muito, mesmo depois de todo esse tempo.

— Acaba de admitir que era — Disse Kaori vitoriosa.

— Nós éramos apenas amigos, maldosa.

O lugar estava ficando cada vez mais vazio, então decidimos ir embora também. Ainda estávamos próximos ao horário do almoço, Kaori sugeriu que almoçássemos na casa de Kakashi. Apesar do cansaço, aceitei o convite e acompanhei o casal e Yamato. Minha mãe não quis nos seguir, dizendo que seria melhor descansar. Durante o caminho os três discutiam o cardápio como se eu não estivesse presente, é como se Kakashi fosse pai dos dois tentando chegar em um consenso em meio a birra que eles faziam. Até que por final comeríamos bife.

Quando chegamos, eu os acompanhei até a cozinha e fiquei ali assistindo. Era divertido, porque em várias ligações eu ouvia Kaori e Yamato reclamarem de como Kakashi podia ser mandão. Enquanto Yamato temperava os bifes, Kaori fazia o restante. Kakashi permaneceu ao lado dos dois palpitando, eram coisas do tipo, "por que você não coloca mais sal", "falta isso", "falta aquilo". Isso durou pouco tempo até que eles se irritassem. Yamato se sentou ao meu lado e ficou observando os dois também. Não conseguia ouvir o assunto agora, mas eles pareciam se dar muito bem, nem por um segundo os dois pararam de conversar e rir. Logo o almoço estava servido.

Já era tarde quando cheguei em casa, minha mãe já estava dormindo. Depois de tomar um banho, finalmente eu dormiria em uma cama descente.

Eu só conseguia assimilar que minha pele estava encharcada, eu estava submersa.

Não enxergava nada além de um borrão, era um homem, sem duvidas.

— Kamiko? — Eu não conseguia responde-lo.

— Kamiko, sou eu, Hizashi.

E então finalmente minha visão tomou forma, agora eu o enxergava, nós estávamos nadando como antigamente.

— Eu gostaria de nadar mais uma vez com vocês... — Disse ele.

Acordei quase num pulo e, voltei a dormir. Ao acordar pela segunda vez, quase no horário do almoço, desci para almoçar com minha mãe. Há anos, eu havia deixado essa rotina de lado, mas amei me sentir em casa novamente. Passamos o restante do dia desfazendo as malas, por sorte contei com a ajuda dela, ou teria passado a noite também.

— Prontinho! Parece que está tudo no lugar — Minha mãe comentou se jogando na cama exausta.

— Até que enfim — Joguei-me ao lado dela, essa sensação do aconchego era maravilhosa.

— E aí? O que quer comer hoje?

— Com a fome que estou, qualquer coisa agora seria a melhor refeição que já fiz na vida — Respondi e ela deu uma gargalhada.

Enquanto jantávamos, contei a ela o sonho que havia tido, ela apoiou a minha decisão de visitar o lugar que fora tão especial para nós. E assim eu fiz. Já estava escuro quando cheguei, sentei-me em uma rocha no topo da cachoeira. A lua iluminava o lugar inteiro, enquanto eu a olhava, lembrei-me dos olhos dele, lindos, assim como ela, pensei. Até perceber que havia alguém atrás de mim.

— Kamiko? — Quando me virei, pensei que aquilo poderia ser só imaginação minha.

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