Capítulo 5.

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. Neji POV .

O que de fato eu sinto em relação a Kamiko?

Sentado na sala, eu me fiz de novo essa pergunta. Devia ser a centésima vez desde que a vi. O sol havia se posto lá fora. Tudo estava quieto, com exceção das batidas de um galho de árvore contra o vidro da janela. Não pude deixar de pensar que nossos caminhos mais uma vez se encontraram. Sabia quem ela era naqueles tempos, mas e quem era hoje?

Embora a felicidade das lembranças daquela época estarem permeadas de tristeza agora e, eu não tenha certeza de qual dos sentimentos poderia sentir, eu não conseguia deixar de lembrar, não que eu me prenda ao passado, mas não evito pensar nele.

Apesar de ter desejado falar com ela, eu não consegui. Além do mais, ela não precisaria dizer nada, de longe eu reconheci seu olhar aflito e fraterno.

Já estava tarde e o vento lá fora estava forte. Estava cansado, deitei-me no sofá, eu ainda estava sendo puxando de volta ao passado. Agora tudo que eu posso fazer é lembrar-me do meu pai, pensei em como ela também sempre esteve presente nas minhas memórias mais felizes, olhei para o teto e permiti que elas viessem. Eu sempre permitia que elas voltassem.

Pergunto-me como ela se sente estando aqui depois de tanto tempo, ainda mais na circunstância em que estamos. Sem chegar a lugar nenhum com os meus indagamentos, acabei adormecendo.

Hiashi e Hinata chegaram logo pela manhã, havíamos decidido que seria melhor se eu me desfizesse das coisas do meu pai, eles me ajudaram a separar as que estivessem em condições de serem doadas, das que jogaríamos fora. Só fizemos pausa para as refeições. Passamos o dia todo empacotando tudo, haviam caixas espalhadas por toda parte. Algumas já estavam empilhadas perto da porta para que Hiashi desse um destino novo para elas. Já era tarde quando terminamos e fomos jantar.

As estrelas começavam a aparecer quando decidi caminhar para tomar um pouco de ar. Assim que cheguei a primeira coisa que pensei foi que tudo ali sempre estivera do mesmo jeito, com excessão a uma coisa, o lugar que costumava ser deserto, hoje não estava. Hoje eu tenho companhia.

— Kamiko? — Perguntei, andando em sua direção.

Quando ela se virou, eu me convenci que ela era real. Ela está aqui, pensei, é ela mesmo.

Embora a surpresa aos poucos se transformasse em reconhecimento, nenhum de nós conseguia falar nada. Meu primeiro pensamento foi sobre como ela parecia muito mais real ali, na minha frente, do que nas minhas lembranças. Seus cabelos negros refletiam a luz do anoitecer e seus olhos escuros pareciam cintilar como as estrelas.

Fiquei analisando-a de perto, notando as mudanças. Ela era uma mulher agora. Extremamente linda por sinal.

— Sou eu, o que está fazendo aqui? — Ela perguntou tocando meu braço como se quisesse certificar de que eu também era real.

Me recompus com o toque.

— Devo estar aqui pelo mesmo motivo que você. Faz tempo que chegou?

— Cheguei agora pouco. — Ela respondeu e, ainda não parecia acreditar que eu realmente estava aqui.

— Não acredito que você esteja aqui. Você está... linda – Eu disse e só em seguida percebi o que havia dito, pude sentir o sangue corar minha face.

— Ah! Obrigada. — Ela se virou rapidamente, também sou um imbecil, eu a deixei com o rosto ruborizado. — Como sabia que eu estava aqui?

— Não sabia, ontem sonhei com esse lugar, tive vontade de passar por aqui. Caminhei em direção a cachoeira e...

— E lá estava eu.

— É. – Assenti, fitando seus olhos. – E lá estava você.

. Kamiko POV .

O olhar de Neji continuava tão intenso, que eu recuei um pouco, esperando que o espaço entre nós tornasse as coisas mais fáceis.

— Você pretende ficar? — Ele perguntou

— Sim, não pretendo mais ir para longe, e você?

— Vou continuar morando no mesmo lugar, assim eu não me sinto sozinho porque os Hyuuga dividem a mesma área, mas você conhece a casa.

Eu sorri pra ele e me deitei na rocha que estava iluminada com o luar.

— Você se importa? — Perguntei a ele — Há anos não vejo este lugar.

— Não, claro que não.

Ele permaneceu sentado abraçando suas pernas, suas costas estavam largas, sua camisa estava se esticando, apertada, em volta de seus ombros, ele havia ganhado uma considerável quantidade de massa muscular.

— Não mudou nada, não é? — Ele disse.

— Provavelmente não mudou mesmo. Vocês ainda vinham?

— Nem tanto. Vínhamos uma vez a cada 5 meses. Levando em conta a idade dele, nós passávamos mais tempo conversando em casa.

— Parece que você passou muito tempo com ele. Espera... você disse que sonhou com a cachoeira ontem? — Perguntei intrigada.

— Sim, basicamente meu pai disse que gostaria de nadar mais uma vez conosco, você não estava, mas eu sabia a quem ele se referia.

— Entendo.

Fiquei em silencio por um tempo, lembrando-me do sonho na noite anterior.

— Eu tive o mesmo sonho, você acha que existe alguma possibilidade dele ter planejado isso?

— Eu não duvidaria – Disse ele e então rimos. – Ele gostava muito de você.

— Eu sei — Respondi com a voz embargada.

Neji estava tão perto que eu conseguia sentir seu cheiro. Uma mistura de sabonete, condicionador e colônia amadeirada. Perto demais.

— Eu também gostava muito dele e senti muita falta... dos dois.

— Achei que havia se esquecido de nós — Notei decepção na voz dele.

— Como eu poderia?

— Não sei, sua vida parecia agitada por lá e já havia um tempo que nós nem nos falávamos mais enquanto ainda estava por aqui. Eu só não esperava que você fosse ir embora.

— Bem, eu também não, mas eu precisei ir e, não foi fácil.

— Você poderia ter me procurado antes de ir — Disse ele.

— E dizer que eu iria embora? Eu não me sentia mais intima, eu não fazia mais parte da sua vida.

— E agora? Você acha que não faz mais?

— Eu não sei te dizer, eu estou aqui agora e eu não sei o que pensar, eu espero que eu possa fazer.

— Se fosse por mim, você nunca teria ido.

Eu estava confusa sobre os meus sentimentos, mil coisas se passavam na minha cabeça, nós sempre fomos amigos, mas eu poderia jurar que eu queria beija-lo agora mesmo. E se eu fizesse isso? Ele provavelmente diria eu estava ficando louca. Eu preciso parar com esses pensamentos.

— Preciso ir Neji, minha mãe está me esperando.

— Vamos, eu te acompanho.

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