𝘽𝙖𝙩𝙢𝙖𝙣: O ɪɴɪ́ᴄɪᴏ

Ao Batman

Estava escuro, era um beco escuro. Bruce Wayne, ainda de oito anos, estava saindo do cinema com seus pais, Thomas e Martha Wayne, quando foram surpreendidos por um criminoso, já conhecido da tão sombria Gotham City.
Bruce era um garoto gordinho, de cabelos escuros e com as pontas loiras. O jovenzinho usava um pequeno terno preto com gravata borboleta.
Já o pai, Thomas, era um homem sério, de rosto inexpressivo e sempre com uma rasa barba bem feita. Os cabelos grisalhos deixavam-no com um aspecto ainda mais velho, mesmo não possuindo a idade aparente. Vestia um terno igual ao do filho.
Martha era uma mulher refinada, loira com os cabelos cortados em Chanel, mas ondulados. Possuía um pescoço de alguém mais velho, mas seu rosto ainda era jovem e lindo. Ela vestia um vestido branco e seus acessórios, colar e pulseiras, eram de pérolas.
Tudo parecia estar indo bem no cinema aquela noite, até o assaltante aparecer, em um beco, na saída do cinema. Por mais que Thomas e Martha oferecessem - e entregassem - jóias e dinheiro, o assaltante não estava nem um pouco satisfeito... Ele queria mais. No fim do assalto, Thomas e Martha acabaram sendo assassinados e o jovem Bruce tornou-se órfão...

- Patrão Bruce. - Chamou uma voz ruída. - Por favor, acorde.

Bruce abriu os olhos, ele havia sonhado, novamente, com o assassinato dos pais... Mesmo isso já tendo feito dezoito anos de acontecimento.

- Alfred. - Bruce, já de vinte e seis anos, resmungou o nome do mordomo e figura paterna. - Que horas são?

Wayne esfregou uma de suas grandes mãos pelo rosto e notou que sua barba estava por fazer. Além disso, deslizou a mesma mão pelos cabelos, sentindo-os úmidos... Suor...

- Exatamente dez horas e quarenta e sete minutos, patrão. - Respondeu Alfred prontamente. O mordomo já era idoso, tinha os cabelos tão brancos quanto o açúcar que põe no café. - Espero o senhor na sala de jantar para o café da manhã.

Alfred era sempre muito prestativo. As empresas anti-Wayne já chegaram a xingar Bruce de "Escravizador", por deixar um homem tão velho como Alfred trabalhar. Entretanto, o Wayne não vê o mordomo como um simples empregado... Vê como um único e melhor amigo.
Bruce levantou e fez seus afazeres matinais. Desceu as escadas vestindo um roupão preto para o café da manhã.
Bruce tinha várias manias semelhantes ao pai, como sempre deixar a barba rasa e bem feita e sempre vestir ternos. Bruce tinha os cabelos negros, agora que adulto, e escorridos, chegando na altura de suas maçãs das bochechas, mas sempre os penteava para trás com auxílio de gel.

- O Comissário Gordon ligou. - Informou Alfred enquanto servia ao patrão uma xícara de café. - Ligou para o Batman. - O tom de Alfred se tornou sério nesse momento.

Bruce levantou o olhar para o mordomo imediatamente. Gordon? Algo de muito ruim aconteceu, pensou o magnata.

- Ele informou que encontraram uma mensagem na cena do crime da semana passada. - Continuou Alfred ao perceber o olhar interrogativo de seu patrão. - ele pediu para o Batman passar para ver quando estiver disponível.

Bruce então lembrou-se do dia em que se tornou órfão, lembrou de quem o acolheu naquele momento tão complicado para o garoto.

- Garoto! - Chamou uma voz grossa. O jovem Bruce se virou para trás... Havia escutado três tiros. Dois haviam matado seus pais, já o terceiro... O assaltante. - Meu nome é Jim. Jim Gordon. - Informou o homem de cabelos curtos. - Sou Sargento do departamento de polícia.

Bruce estava com medo, não entendia bem o que estava acontecendo. O sargento, que estava próximo, tirou sua própria jaqueta policial e colocou sobre os ombros do jovem e gordinho Bruce Wayne.

- P-papai.... - Sussurrou o garotinho. - M-mamãe... - Gordon percebeu o estado de choque do pequeno Bruce e decidiu o ideal... Levá-lo para a delegacia.

- Venha. - Falou Gordon, segurando os ombros do garoto. - Vamos para a delegacia.

Bruce conseguiu notar bem em Gordon, jamais se esquecera do rosto de quem o salvou àquela noite. Bruce percebeu que Gordon possuía cabelos castanho-escuros e bem cortados. Além disso possuía costeletas bem rasas e não usufruía de nenhum outro tipo de barba ou bigode. Bruce imaginou que o policial deveria ter uns trinta anos... Ou mais.

- Patrão? - Chamou Alfred com voz serena e calma... Ele conhecia os devaneios do Wayne. - Gostaria de mais café? - Perguntou indicando a garrafa térmica onde se encontrava o líquido escuro.

- Sim, Alfred. - Respondeu Bruce, voltando ao mundo real, fora das lembranças tão antigas quanto aquelas. Logo, o mordomo já está servindo o café para o patrão.

Durante a tarde, Bruce revisou contratos com fornecedores de sua empresa, a Wayne Enterprises, ao lado do seu amigo e CEO da empresa, Lucius Fox.
Foi durante a noite que tudo mudou, o homem entrou em seu esconderijo, que ele gostava de chamar de "Batcaverna", e se transformou; foi de Bruce Wayne à Batman.

Em seguida se dirigiu ao centro da cidade de Gotham, usando seu traje, onde a polícia havia encontrado um cadáver... Assassinato.
Ao entrar na residência, se deparou com diversos policiais, mas o que mais importava estava mais à frente: o, agora comissário de polícia, Jim Gordon.

Gordon havia envelhecido também. Os cabelos estavam maiores e grisalhos. Já não usava mais as costelas e agora ostentava um bigode igualmente grisalho e usava óculos quadrados.

- Você chegou. - Gordon suspirou e apontou a luz da lanterna para o cadáver... Estava totalmente "enfaixado" com fita silvertape. No rosto, também enfaixado, estava escrito "Chega de mentiras"... Com sangue. - É isso que nós temos.

Bruce suspirou. Ninguém alí sabia que ele era o Batman, nem mesmo o Gordon.

- O que sabemos sobre a vítima? - perguntou Bruce sem tirar os olhos do cadáver, este estava sentado amarrado à uma cadeira.

- Cornelius Vandergunt. - Falou Gordon, colocando as mãos nos bolsos de seu paletó preto. - dono do hospital Vander. De acordo com apurações... Era adúltero e corrupto.

- Descobrimos o motivo do recado então. - Respondeu Bruce em tom de voz levemente diferenciado.

- Tem mais uma coisa. - Gordon suspirou e abriu o zíper da jaqueta da vítima, tinha um cartão colado ao peito de Vandergunt... "Ao Batman". - Isso.

Bruce não teve reação. Era isso mesmo? Algum louco estava cometendo assassinatos para... Atingir à mim?, pensou Bruce realmente chocado, mas sem demonstrar.