Olá querido diário! Prazer, eu sou a Alana Collins e essa é a minha história. Sou estadunidense e atualmente moro em Seattle com minha mãe. Desde que nasci, não consigo ter ideia de quem poderia ser meu pai. Talvez eu sinta falta de ter uma figura masculina na minha família, mas tenho o meu melhor amigo Pete que passa a maior parte do tempo comigo, então o considero como um irmão mais velho de outra mãe.
Peter Hayes é meu parceiro de vida que sabe quase todos os meus segredos, até os mais íntimos. Não tem como falar da minha vida sem mencionar o Pete, porque ele é o cara que começou a me mostrar um novo modo de ver as situações. Em todos os meus problemas familiares ou pessoais, ele sempre estava lá para me amparar, dizer o lado positivo das coisas ou me dar umas broncas quando eu faço besteira. Algumas vezes brigamos, normal, somos humanos. Hoje em dia já podemos contabilizar 17 fucking anos de amizade pelo fato de termos liberdade de sermos nós mesmos na frente do outro, e confesso que nossas mães deram uma ajudada por serem amigas no colegial e ter unido nossas vidas desde o nascimento. O Peter sempre alegra meu dia e faz com seu jeito extrovertido de me conquistar, talvez seja seu poder especial contra mim, contar piadas internas cheias de caretas engraçadas e sinceras.
Passei esse final de semana assistindo vídeos em português no Youtube. É interessante acompanhar os americanos que estão fazendo intercâmbio no Brasil. Cada um fala que a convivência com os brasileiros o fazem acreditar mais no amor e na felicidade. Me emociono vendo que cada um evolui e se sente transformado com a energia das pessoas que vivem lá. Seria maravilhoso conhecer de pertinho a tapioca! Aliás, sou quase fluente em português, essa é uma característica bem particular minha em relação aos outros norte-americanos.
Minha mãe é uma das pessoas que mais me inspira e influencia no mundo. Quando ela tinha mais ou menos vinte anos viajou para uma cidade do nordeste brasileiro, gostou tanto da cultura que não conseguiu desapegar quando voltou. Ela conseguiu introduzir a comida brasileira uma vez por semana na nossa alimentação, e claro, para mim as quintas são mágicas com arroz e feijão.
Um fato muito engraçado meu, é que tenho olhos e cabelos castanhos iguais aos do meu pai, acredito, porque minha mãe é loira dos olhos azuis como o Peter. A diferença entre eles é que o Pete tem olhos azuis escuros com um cabelo castanho médio. E pensando bem, eu realmente pareço uma Latinoamericana comparado com as pessoas daqui. Nas minhas conspirações, meu pai mora no Brasil, simplesmente pelo fato da minha mãe ter passado uns tempos por lá, e sinceramente, para mim, seria um sonho visitar e conhecer meu pai. Sinto que eu e ele seríamos muito amigos.
Música: Fifteen - Taylor Swift
E vamos para a vida real! Acordo com meu despertador do celular para o primeiro dia de aula do 3º ano da high school. Abro a persiana e instantaneamente coloco a mão nos olhos para que a claridade do Sol não ofusque a minha visão. Olho pela janela, e a grama que fica na frente da minha casa está verde, como todos os dias. Desço rapidamente as escadas e como um pão com manteiga de amendoim e geléia, ovos e bacon que minha mãe já tinha preparado para mim e deixado na mesa. Coloco os pratos na lava louça. Pego minha mochila transparente colocando nas costas, carrego o tablet na minha mão direita e saio pela porta. Peter irá chegar em cinco minutos e prefiro ficar esperando do que atrasar. Essa é minha rotina todos os dias pela manhã, acordo em um pulo e quando percebo, já estou no carro do meu melhor amigo com destino a escola.
Chegamos! O Peter estaciona o carro e ao mesmo tempo o ônibus escolar, o clássico amarelo, para no meio do estacionamento para que todos saiam. "Será que no Brasil tem algum parecido com esse?". Olhamos para o time de basquete descendo do ônibus com os casacos personalizados, e um deles estava segurando o troféu do jogo passado. Eles não fazem contato visual com a gente e caminhamos até a porta de entrada. Coloco o meu crachá e aviso para o Peter colocar o dele também. Subimos juntos a escada até a porta giratória principal de vidro. Passo primeiro pelo detector de metais e depois o Peter passa, mostramos as nossas bolsas transparentes e em poucos passos chegamos ao corredor principal, onde tem vários armários vermelhos e azuis, entre eles as portas das salas e alguns murais com avisos da escola, informações sobre atividades extracurriculares e eventos feitos pelos alunos, como a batalha de bandas do último ano e a festinha after baile da formatura.
Caminho até meu armário e o Pete faz o mesmo indo até o dele. Quais aulas tenho hoje? Matemática, Teatro, Saúde e Literatura. Pego os livros que vou precisar, me olho no meu espelho pequeno e dou uma checada nas fotos que colei na porta do armário semestre passado, percebo uma com o Simon, arranco e coloco no bolso. Fecho a porta do armário rapidamente, coloco o cadeado e em seguida o Peter aparece por trás de mim.
– Oi Aly, o treinador Danforth deixou um papel no meu armário sobre a seletiva para entrar no time de basquete da escola, legal da parte dele né? O que você acha? - enquanto o Peter fala, observo o Simon passando pelo outro lado do corredor com seus olhos verdes marcados com um lápis preto, cabelo platinado, roupa preta e sua guitarra nas costas - Alana? Você está por aí? Planeta Terra chamando Alana! - volto a olhar para o Pete e o respondo.
– Estou sim! Muito legal para você Peter! Só espero que você não vire um babaca sem cérebro. Você sabe que a tendência é ficar popular e ter muitos em cima de você. Não esqueça de quem gostava de você quando você era um pobre mortal! - Rimos e ele responde contra atacando minha jogada.
– Você sabe que eu nunca deixaria você, e se eu ficar um babaca sem cérebro, você me avisa! - depois dessa, o sino toca e caminhamos em direção às nossas salas.
Eu e o Peter nunca tentamos nos encaixar em grupos, mesmo aqui sendo como em toda escola americana, tendo os babacas, as patricinhas, os populares, os jogadores de basquete que fazem as maiores festas, os excluídos, as mentes incríveis do grupo de teatro, e algumas pessoas aleatórias que provavelmente seria o local onde eu e o Peter "estamos inseridos". Talvez, agora, as coisas mudem um pouco. Sem dúvidas que esse ano será louco e cheio de surpresas.
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A Redescoberta De Alana
Teen FictionUma garota norte-americana que descobre o verdadeiro significado da palavra resiliência após conhecer a outra parte que lhe faltava, o Brasil. A beleza cultural do Recife torna-se mais brilhante para Alana estando ao lado do seu pai biológico, pois...