Hoje tivemos study hall, uma aula para estudar na biblioteca, e sempre é entediante porque nunca temos nada para fazer. Estudar nunca é uma opção para todo mundo. Eu sempre fico no youtube assistindo meus youtubers brasileiros, não pode, mas como ninguém sabe falar em português, consigo dizer que é um trabalho extracurricular.
O sino toca e saio da biblioteca à procura do Peter. Ele deu uma sumida hoje, justo o dia que não consigo parar de pensar nele. A última vez que nos vimos foi pela manhã, e eu não estava ainda preparada para falar sobre o nosso encontro no parque pela tarde. Caminho pelo campus e logo em seguida um segurança passa por mim em um carrinho de golfe e me alerta:
- Onde está seu crachá, mocinha? Coloque ele agora no pescoço, se não preciso lhe encaminhar para a diretoria. - Tiro da bolsa e mostro com a maior preguiça.
- Willy, em algum momento você viu o Peter?
- Ele está no campo da escola com os alunos do basquete e mais algumas garotas. Aconteceu alguma coisa, senhorita?
- Não, só foi uma curiosidade mesmo. Obrigada.
Minha mãe me liga e avisa que já está me esperando no estacionamento para sairmos e resolvermos algumas coisas do meu passaporte. Vou andando em direção ao local onde ela parou o carro e pensando "Espero que o Pete não tenha esquecido do nosso encontro". Bom, eu entendo que ele é a estrela do basquete agora, mas ainda é meu melhor amigo.
- Como foi a aula? Você está parecendo um pouco preocupada. Está precisando conversar? – ela olha tentando analisar minhas expressões faciais.
- Hoje foi normal como todos os dias, e eu só estou ansiosa para resolver tudo sobre a viagem – falo colocando o sinto e em seguida olho para a janela e digo baixinho – e aconteceram algumas coisas com o Peter também.
- Sim, esses últimos dias em Seattle antes da viagem serão bem intensos! Muitas coisas para resolver e comprar, malas para arrumar... e o que aconteceu com o Peter? ele está bem? – Ela coloca a chave no carro, liga e coloca as mãos no volante.
- Ah mãe não é tão importante e ele está bem sim.
- Então tá bom, vamos seguir com nossos objetivos! – Ela deu partida no carro e vamos em direção a saída do estacionamento – Filha, por acaso você sabe onde seu pai está hospedado aqui em Seattle?
- Mãe, não consigo lembrar agora o nome do local onde ele está hospedado, mas sei que é em algum lugar perto do Four Seasons.
- Uau, não esperava essa do seu pai. Ele ficou rico!
- Acredito que ainda não, mãe – riu baixinho – Lembro de ele ter falado algo sobre ser um hostel simples. Nós poderíamos hospedar ele lá em casa, o que você acha? Seria uma oportunidade de vocês se aproximarem e eu conhecê-lo mais – falei rapidamente.
- Não Alana, não inventa mais problema. Está ótimo onde ele está e não vamos confundir as coisas.
- Eu acho que poderia... – ela logo corta minha fala.
- Você acha, exatamente! – Abaixei minha cabeça e ela começou a aumentar o tom de voz – Você tem que me agradecer por eu estar deixando você ir ao Brasil, e assunto encerrado!
Não vou ficar abalada com esse momento infeliz com minha mãe, não vou embaralhar as coisas, a relação que ela tem com meu pai é completamente diferente da que eu tenho com ele. Hoje será um dia incrível com o Peter e eu ainda acredito nisso.
Volto para casa depois de resolver as documentações do passaporte. Coloco todas minhas roupas sujas do cesto na máquina de lavar para que amanhã consiga arrumar minhas malas. Combinei com a mamãe de que ela colocaria na máquina de secar quando a de lavar acabasse para me ajudar no processo.
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A Redescoberta De Alana
Ficção AdolescenteUma garota norte-americana que descobre o verdadeiro significado da palavra resiliência após conhecer a outra parte que lhe faltava, o Brasil. A beleza cultural do Recife torna-se mais brilhante para Alana estando ao lado do seu pai biológico, pois...