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Todos a encaravam como se ela tivesse acabado de cometer o maior crime de todos. Por um momento desejei sumir, mas ao mesmo tempo quis ficar aqui pela Any, por que sabia que a partir de agora tudo iria mudar.
Não sei porque ninguém quer contar a ela. A Any vai descobrir alguma hora, e agora é a melhor hora de descobrir isso, já que nossos planos foram todos por água a baixo.
Tentei a impedir de perguntar antecipadamente, mas entendo porque está querendo saber logo, eu também iria querer se fosse ela.
Enquanto meu pai a encara sem jeito ou sem saber o que dizer, eu seguro forte na mão dela por baixo da mesa, e ela aperta a minha mãos de volta, a segurando firme.
"Está tudo bem, senhor Urrea, não precisa me responder se não quiser," diz ela, depois do silêncio ter se estendido por tanto tempo.
"Any," o Sr. Soares a chama, fechando o olhos brevemente ao se virar para ela, provavelmente para se preparar antes de explicar a ela a situação.
Ela balança a cabeça, pronta para ouvir as palavras do pai.
"Eu e o Marco... o Sr. Urrea," continua ele, calmamente. "Estamos... como posso dizer? As coisas não deram muito certo."
Any não diz nada, apenas espera seu pai terminar de falar. Ela olha para mim com o olhar perdido, ainda confusa.
"O nosso contrato acabou," completa o meu pai. "A partir de hoje, nós não somos mais sócios."
Any assente com a cabeça e seu olhos encaram um único ponto em cima da mesa. Ela pensa e pensa mais, como se tivesse achar uma saída para nós, mas não acho que os nossos pais permitiriam isso.
"Mas eu achei que estava tudo bem," diz ela, com um sorriso fraco.
"Na verdade não," responde o Sr. Soares. "Estávamos tendo problemas desde o primeiro dia, e depois do que aconteceu hoje, não acho que este acordo pode continuar."
Os nossos pais se entreolham. Não há nenhum pingo de compreensão entre eles, é como se um deles estivesse pronto para atacar o outro a qualquer momento.
"O que aconteceu?" Any pergunta, querendo saber de todos os detalhes.
"Filha, acho que não é hora..." a mãe dela diz, mas o Sr. Soares coloca a mão no ombro da esposa e diz no seu lugar.
"Isso não é importante, Any Gabrielly," diz ele.
"Se isso fez o contrato de vocês terminarem, é sim! Me contem, um dia serei eu que estarei no comando," ela exige.
O silêncio volta a fazer parte da mesa de jantar novamente, mas desta vez ele não dura por muito tempo, meu pai olha para ela e diz sem rodeios:
"Por conta das inúmeras brigas e desentendimentos que eu e o seu pai tivemos," ele aponta para o Sr. Soares. "Uma enorme quantia de dinheiro foi perdida no negócio, e essa infelizmente não foi a primeira vez. Se acontecesse novamente, faria ambas as empresas irem à falência, então resolvemos que o melhor a se fazer é separar todas as ligações profissionais que nós temos. No fundo, nós já sabíamos que negócios entre amigos nunca dão certo."
