Cap. 02 -Água sobre pedra

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Kya

Ela dobrou água por horas seguidas, acelerando sua viagem de forma considerável dormiria quando chegasse. Seus braços estavam cansados, mas ela não se importou, era filha de Katara, a maior dobradora de água do mundo, navegar era praticamente uma habilidade natural, estava em seu sangue. Quando soube que Tenzin havia terminado com Lin por causa de Pema se colocou a caminho da Cidade República sem nem pensar duas vezes. Conhecia bem o temperamento da Beifong, mas não esperava que ela destruísse quase metade da ilha em um rompante, quando os acólitos lhe disseram que Tenzin estava na delegacia a horas ela temeu pelo pior, e novamente estava dobrando água pois não esperaria por uma balsa.

Praticamente invadiu o prédio da polícia, ninguém ousou tentar impedi-la, ela ouvia os gritos do irmão e da filha de Toph antes mesmo de entrar no prédio. Quando entrou na sala da Chefe de polícia os dois estavam exasperados, e seu caçula não parecia se importar com o fato de que seria agredido a qualquer instante.

-Você está sendo completamente irascível! Não pode prender Pema! – O mestre do ar gritava batendo suas duas mãos na mesa da Chefe que estava em pé atrás do móvel com os dois braços cruzados rígida como uma rocha.

- Posso e vou! Mas não se preocupe, você vai estar muito ocupado reconstruindo sua preciosa ilha para sentir falta daquela ladrazinha! – Lin gritou de volta para ele.

- Chega vocês dois! – Kya não esperou para ouvir mais, e quando ambos a olharam chocados, dando-se conta de sua presença não os deu tempo de retrucar. – Tenzin só sai daqui!

Lin deu um sorriso triunfante ao ouvir suas palavras, e seu irmão a olhou completamente descrente. Então foi necessário um pouco mais de ênfase.

- Tenzin vá embora! Eu vou me resolver com a Lin e depois será a sua vez. – Ela manteve a porta aberta deixando claro que ele deveria sair.

- Está bem, mas eu estarei lá embaixo. Isso não acabou Lin! – O mestre do ar se virou e saiu batendo a porta atrás de si com uma lufada de ar.

- Acabou sim! Você decidiu acabar quando me traiu seu covarde! – Lin gritou para toda a delegacia ouvir. E teria gritado mais se estivesse sozinha ali, mas Kya a dissuadiu com um olhar. Beifong revirou os olhos e se jogou em sua cadeira cansada. Depois de respirar fundo baixou seu tom de voz, embora ainda estivesse cheia de mágoa. – E você? Veio visitar seu irmão?

- Eu soube o que aconteceu, e vim ver você. – Ela se sentou sobre a mesa ciente que ninguém mais em sã consciência faria isso, mas Lin não se opôs. – Eu me lembro como você ficou quando a Toph enterrou o caso da Su. Por isso sei que você não vai usar seu cargo para prender Pema, essa não é você, Linny.

As palavras perfuraram a rocha que era Lin Beifong na mesma hora, ela abriu a boca para retrucar, mas não o fez, bufou irritada por saber que a outra tinha razão. Por alguns instantes houve silêncio, então a Chefe pegou um bloco de papeis em cima da mesa e o rasgou. Andou com passos duros até a porta e a abriu sem nem a tocar dominando o metal em sua fechadura e gritou por um de seus homens que atendeu prontamente ao chamado com a voz trêmula.

- Liberte a prisioneira da cela 3-B. E diga ao Conselheiro Tenzin que não o quero na minha delegacia. Você tem cinco minutos para tirar esses dois do prédio. – A chefe fechou a porta na cara de seu subordinado voltando a se jogar em sua cadeira com um olhar vencido. – Feliz agora, Kya?

- Você fez certo, sabe que se arrependeria, não vale a pena sujar sua honra por causa do imbecil do meu irmão. – Era difícil olhar nos olhos de Lin naquele momento, ela própria não sabia o que sentia, haviam tantas coisas em sua cabeça e seu coração. Apenas engoliu em seco e empurrou tudo o que sentia o mais fundo que pode antes de continuar com a voz mais firme e doce que pode emular. – Eu sinto muito que não tenha dado certo entre vocês.

Implacável como o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora