— Ainda não entendi qual é o seu problema comigo, Luke Patterson — o garoto ri de forma debochada. Respiro fundo e seguro firmemente na alça da minha bag, se eu soltasse aquilo minha mão acabaria indo direto no rosto daquele idiota.
— O que está acontecendo aqui? — o pai de Julie pergunta ao abrir a porta e ver tal situação.
— Pai? — a garota olha pare ele assustada — por que voltou?
— Cancelaram os ensaios de hoje — ele fecha a porta em suas costas e nos olha — então?...
— É um ensaio para a peça da escola — Molina fala o mais rápido possível e entrelaça um de seus braços no do seu pai.
— Oi senhor Molina — cumprimento ele com um aperto de mão — adoraria ficar aqui para ensaiar mais um pouco com meu amigo Nick — sorrio e coloco minha mão sobre o ombro do garoto ,aperto com um pouco de força o local e seu semblante logo muda, seu rosto fica de uma cor avermelhada e uma careta se forma — mas eu tenho aulas para dar.
— Carlos está cada vez melhor, você é ótimo — ele aponta para mim com o indicador e sorri.
— Carlos que é dedicado demais — falo antes de sair e ir para o estúdio da mãe de Julie.
— Está atrasado — Carlos fala e eu rio vendo tamanha empolgação do garoto.
— Desculpa estava resolvendo algumas coisas — tiro a guitarra da bag, conecto no amplificador assim como a de Carlos que já está conectada.
— Aquele garoto chato ainda está aí? — o pequeno pergunta, olho para ele e concluo de que ele está se referindo ao Nick.
— Ele está ,mas oque tem contra ele ? — pergunto e sento de frente para o garoto aguardando uma resposta.
— Ele é um fingido ,antes da Julie chegar na sala ele estava falando mal sobre música — Carlos revira os olhos — e o irmão caçula dele enche meu sacos todos os dias na escola ,eu já não suporto mais.
— Então acredito que você deva fazer algo sobre — sugiro — se o irmão mais velho é folgado não consigo nem imaginar o caçula.
— Ele é péssimo — Carlos fala e eu tento segurar uma risada que infelizmente acaba escapando.
— Vamos lá carinha ,temos muito o que praticar hoje — bagunço os cabelos do garoto e me ajeito na cadeira dando início aos novos acordes que ensinarei a ele hoje.
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— Hoje é sua vez de ir buscar a comida — Carlos fala deitando no pequeno sofá de couro preto que há ali. Ele coloca os pequenos pés para o alto e me olha como se estivesse esperando algo.
— Tudo bem, mas se o prato chegar vazio não quero ouvir reclamações — mostro a língua para o garoto que faz o mesmo antes que eu saia e do estúdio.
Subo as escadas o mais rápido que posso e abro a porta tendo acesso á sala, uma cena um tanto quanto constrangedora estava acontecendo.
Nick está embaixo de Julie enquanto a garota ri sem parar, eu não via a menor graça em tudo aquilo. A garota para quando me vê parado ali e levanta do chão esticando uma de suas mãos para que Nick segure e assim ele faz.
Balanço a cabeça de forma negativa e caminho para a cozinha com Molina em meu encalço.
— Patterson... — ela fala me fazendo virar e olhá-la. Eu não entendo o porque dela ser amiga desse idiota. — eu fiz churros para vocês.
— Pra nós ou para o seu amiguinho? — pergunto de forma sarcástica. — deveria escolher melhor suas amizades, Molina !
— Qual foi Patterson, por que está se importando? — a garota pergunta fazendo minha boca ficar seca.
— Não é isso que amigos fazem, se importam uns com os outros? — pergunto e ela me olha minuciosamente — somos amigos, certo?
— Acho que somos — Julie responde de forma seca. — mas o Nick é uma pessoa legal ,deveria dar uma chance a ele.
— Você só acha? — pergunto — certo Molina, então o papo de sermos amigos não era válido.
— Patterson você está exagerando muito, não acha? — ela pergunta com uma voz irritada, seus pés estão firmes no chão e estava do mesmo jeitinho que sempre ficou quando brigávamos nos corredores da escola.
— Obrigado pela comida, Molina. — seguro o prato em minhas mãos e passo por ela e em seguida pelo garoto loiro sentado no sofá da sala.
Eu estou convicto de que odeio o Nicolas mas algo a mais estava me incomodando e eu nem sei ao menos dizer o que é esse "algo a mais".
— Churros — Carlos sorri e me tira por completo dos meus devaneios, meus pensamentos estavam tão distantes que eu nem sei como cheguei ali. — a Julie manda bem na cozinha.
Coloco o prato sobre a mesa de centro e sento ao lado de Carlos que sem espera coloca as mãos no maior churros que havia no prato.
— Vai com calma ,não quero te dar aula pela metade — falo após pegar um dos churros do prato. — Carlos eu acho que exagerei um pouco em algo... talvez a pessoa tenha me levado a mal — mordo o churros.
— Peça desculpas ,simples — ele da de ombros — e se essa pessoa for quem estou imaginando... bom ,ela não é de guardar mágoas. Já me perdoou várias vezes por roubar doces no quarto dela.
— Então depois das aulas eu tento falar com ela — penso alto.
— Só vai precisar se esforçar para subir no telhado ,aposto que ela vai estar lá. Ela é esquisita sabe, já não fazia isso a um bom tempo mas ontem voltou com a mania esquisita. — ele fala e eu sorrio só de pensar em quantas manias estranhas da Molina eu ainda vou ter oportunidade de descobrir.
Nós fazemos parte da mesma banda agora, não quero que fique um clima estranho por causa de bobagens então acho melhor resolver do que tudo se tornar uma bola de neve. E é só por esse motivo que eu estou disposto a ir atrás dela depois de concluir a aula com Carlos.
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