Bittersweet love story (hiatus)

52

— Estou indo dar um mergulho — aviso para Flynn

— Você nem tomou café Julie — minha melhor amiga termina de colocar a mesa do café. 

— Prometo que quando voltar eu tomo — saio antes que Flynn insista. Caminho pela areia macia e levemente quente por conta do sol que acabara de se formar por inteiro. Tiro minhas peças de roupas ficando apenas com meu biquíni vermelho, vejo Luke correndo com sua prancha para pegar a primeira onda do dia. Ele estava lindo, seu cabelo bagunçado e seu peitoral sendo exibido, eu ficaria horas ali admirando ele.

Observo ele pegar a primeira onda, sem dúvida alguma ele sabe surfar bem. Mergulho na água e deixo que as ondas do mar me guiem, faz um bom tempo que não venho para Santa Mônica.  Papai costumava nos trazer sempre na casa de praia que mamãe herdou da família, mas depois que ela morreu ele resolveu fechar a casa e nunca mais ir lá.

— Julie — Reggie grita acenando da areia da praia, me recomponho e vou até ele — eu e Flynn vamos até o mercado comprar bebidas, quer algo?

— Sorvete por favor — peço

— Anotado chefia — Reggie aponta para mim e entra no carro com minha melhor amiga. Aceno para os dois que logo desaparecem na estrada.

Entro na casa e vou direto para a cozinha sentindo o cheiro de panquecas sobre a mesa, meu estômago ronca implorando para que eu o alimente. Sento na cadeira e posiciono o prato próximo a mim, revezo entre uma checada nas redes sociais e uma garfada de panqueca.

O maior assunto das redes sociais é sobre o show, algumas fãs nos parabenizando e outras especulando onde estamos após a foto que Alex postou.

— Esqueceu algo — ele mostra minhas peças de roupas em suas mãos. Seus cabelos estão molhados, alguns fios grudando na testa e gotas de água pelo rosto e abdômen. 

— Na verdade eu não me importei muito já que esse lugar é deserto — pego as roupas das mãos dele e o garoto ri. — já tomou café?

— Ainda não — o olhar dele cai sobre mim, Luke me analisa minuciosamente.  Sinto minhas bochechas queimarem e imediatamente retomo o assunto.

— Senta aí,  Flynn deixou panquecas — indico o lugar vazio ao meu lado e assim ele faz. Coloco minha roupa sobre a mesa da sala e volto a sentar em minha cadeira. — esse lugar é incrível. — observo através do enorme vidro que tem na cozinha, dando a visão do mar lá fora.  

— Acredito que a noite seja melhor ainda — Patterson fala com a boca cheia. Reprimo um sorriso ao olhar para o garoto.

O resto da refeição nós ficamos em um silêncio absurdo, eu queria pedir desculpas a ele e dizer o quanto sinto muito mas as palavras parece que não querem sair da minha boca.

— Oi — Alex entra na cozinha com Willie de mãos dadas.

— Vocês dormiram de novo? — Luke pergunta se ajeitando na cadeira e terminando de dar a última garfada em suas panquecas.

— Eu preciso recompor minha beleza, é  difícil ser eu — o loiro vai até o fogão — os mortos de fome não deixaram nada pra gente.

— Nem vem, eu e Patterson só encontramos panquecas — protesto e o guitarrista confirma com a cabeça.

— Isso é coisa da Flynn e do Reginald, sorte a deles não ser um casal. Imagina as brigas por comida — Willie ri. — falando nisso, cadê aqueles dois?

— Foram comprar bebidas — o garoto ao meu lado responde — estão pensando em encher a cara com muita música na areia da praia hoje.

— Como eles vão conseguir comprar? São menores de idade — Alex fala colocando a mão na cintura.

— Eu não faço ideia — levo meu prato até a pia.

— Chegamos — Reggie grita atrás de Flynn. Ambos com as mãos ocupados de vários engradados e sacolas com bebidas.

— Vocês trouxeram bebida para quatro dias de festa — Willie fala indo ajudar com as sacolas.

— Bebida nunca é demais — Flynn sorri.

— Como vocês conseguiram comprar tudo isso? — Alex pergunta ao ver eles colocando as bebidas sobre o balcão da cozinha.

— Aprenda uma coisa — Flynn coloca a mão sobre o ombro de Alex — essas lojinha de conveniências em beira de estrada sempre vendem bebidas para menores.

— Nem precisamos mostrar documento — Reggie sorri animado.

— Jura? — Alex revira os olhos e abre a geladeira. Deixo eles organizando as bebidas e vou para varanda, deito na rede e sinto meus olhos pesar. Não era para menos já que fiquei a noite inteira acordada com Luke, eu precisava fazer companhia para ele.

— Cansada? — a voz de Patterson me faz abrir os olhos novamente.

— Mais ou menos, você deve estar bem mais. Não sei como conseguiu surfar, não parou um minuto desde que saímos do show ontem — falo me ajeitando na rede e cedendo um espaço para ele, Luke felizmente entende e deita ao meu lado. A rede é um tanto quanto grande, cabe nós dois e mais alguém facilmente.

— Faz tanto tempo que não faço isso — ele direciona o olhar para as ondas do mar, o barulho das ondas quebrando agora soam como uma canção de ninar em meus ouvidos.

— Costumava vir aqui com os garotos? — pergunto observando seus olhos ainda fixados no mar.

— Com eles e os meus pais — ouço ele suspirar.

— Você sente falta deles ,não é? — pergunto com receio, quando se trata de assuntos familiares eu sinto medo de falar algo errado porque eu sei o quanto dói.

— Sinto, mas eles preferiram ir embora. Eu ainda visitei eles em Nova York, foi um mês horrível — o tom de sua voz passa a ser amargurado. — eu consegui arrumar distrações por lá mas a barra foi pesada demais.

— Eu sinto muito — falo, seus olhos agora estão fixados em meu rosto. Luke sorri de lado, seu sorriso transparece o sentimento de tristeza que ele carrega naquele momento.

Ouço as ondas quebrarem novamente e a respiração do garoto ao meu lado. E por fim sinto meus olhos fechando lentamente.