Não Submissa, Não Curvada, Não Quebrada

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Música: Never Again, Kelly Clarkson

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Música: Never Again, Kelly Clarkson

Eu espero que o anel que você deu para ela

Torne o dedo dela verde

Eu espero que quando você estiver na cama com ela

Você pense em mim

Você pense em mim

Eu jamais desejaria coisas ruins

Mas eu não te desejo o bem

Você conseguiria falar

Sobre as chamas que queimaram suas palavras?

Elia guardava as poucas coisas que queria levar em um baú.
Ela respirava fundo, guardando as poucas roupas, e jóias que queria levar.
Não levava nada de seu casamento e de Porto Real. A única coisa que queria levar dessa cidade maldita e do casamento falido era Rhaenys e Aegon, nada mais.
Estava adornada do vestido laranja com o qual chegou a Fortaleza Vermelha anos atrás para o seu casamento e as jóias de sua mãe.
Fechou o baú, com alívio. Faltava pouco para ir embora.
Mas claro, a paz não seria completa.
Rhaegar precisava mais uma vez tentar explicar o inexplicável.
Ela não sentia nada. Não queria sentir nada. Pois se sentisse seria capaz de matar aquele homem com as próprias mãos.

Eu nunca li sua carta

Porque eu sabia o que você diria

Me dando aquela resposta de escola dominical

Tentando fazer parecer tudo bem

Dói saber que eu nunca estarei lá?

Aposto que é uma droga ver meu rosto em todo o lugar

Foi você quem escolheu terminar do jeito que fez

Eu fui a última a saber

Você sabia exatamente o que iria fazer

Não diga que você simplesmente perdeu o rumo

–Já estou pronta para sair, só preciso pegar meus filhos.
–Elia, não precisa sair desse jeito, leve algumas presentes para que você e as crianças possam...
–Não precisamos de nada daqui. - falou ela, o interrompendo.
Rhaegar sabia que magoaria a esposa, mas esperava que Elia compreendesse que ele não fez o que fez para deliberadamente ferir seus sentimentos, ele fez por um bem maior.
–Elia eu já te expliquei que...
–Blá blá blá blá blá blá. - ela passou por ele sem lhe dar atenção.
Ele a segurou pelo braço, precisava falar com ela precisava fazê-la entender.
–Elia por favor, o mundo está em perigo, a Longa Noite pode chegar a qualquer momento, fiz o que fiz pela humanidade.
–Você fala, fala e fala e até agora não me entendeu? Não me interessa seus motivos.
–Não quero que você saia com raiva de mim. Não quero que pense que eu não me importo com você e com as crianças.
–Se você se importava tanto por que me deixou nas mãos do seu pai para trepar com a garota Stark em Dorne? 
–Elia você estava segura.
–Claro Rhaegar. É muito seguro sumir para ir foder uma criança enquanto sua esposa e filhos está nas mãos do louco que gosta de queimar pessoas vivas. Com certeza Aerys era a melhor pessoa do mundo para cuidar de nós.
–Eu não imaginava que chegaria a esse ponto!
–Você, um príncipe casado e com dois filhos nunca pensou que haveria problemas em desaparecer com a filha do Lord do Norte, que por acaso também era noiva do Lord das Terras da Tempestade, por acaso criado pelo Lord do Vale? Uau, sua falta de tino político me assombra.
–Elia eu jamais quis...
–Não importa o que você quis. Importa o que você fez. O pior é que eu consigo te perdoar Rhaegar.
O novo rei olhou para a ex-mulher com esperança.
–Eu te perdôo por me humilhar na frente de todo mundo em Harrenhal coroando a Stark quando estava ainda grávida do Aegon. Eu te perdôo a humilhação pública quando você fugiu com ela e eu era apontada como a mulher que nem conseguia segurar o marido por ser fraca. Eu até perdôo você anular nosso casamento e fazer dos meus filhos bastardos, mesmo eles sendo legítimos. Mas eu nunca, jamais vou te perdoar por ter usado a mim e aos meus filhos como refém para obrigar Dorne a lutar por você e por sua querida Stark. Eu jamais vou perdoar a perda da vida de meu tio Lewyn e dos dorneses que sangraram e morreram nessa guerra para pôr uma corôa na sua cabeça e na dela. E eu jamais vou te perdoar por suas ações terem posto a minha vida e a dos meus filhos em risco.
–Elia eu...
–Eu vou ser feliz Rhaegar. Vou para longe de você, longe da sua vadia, do filho que fez com ela e estou levando meus filhos comigo. Eu serei feliz, por que estarei com quem lutou por mim e por meus filhos, com pessoas que jamais vão arriscar a vida deles em busca de uma profecia tola que talvez nunca se cumpra, ou que não vai se cumprir através de você, já que sua mãe tem outros dois filhos que podem caber na profecia também. Adeus, Vossa Graca, que recupere esse reino que você destruiu por que quis entrar numa vagina gelada.
Rhaegar tentou falar com ela novamente, mas ela nem ouviu suas palavras.
Estava cansada, exausta desse homem que só a usou.

Ela pode acreditar em você, mas eu nunca vou

Nunca mais

Se ela realmente sabe a verdade

Ela te merece

Uma esposa como troféu, oh, que fofo

A ignorância é uma benção

Mas quando seu dia chegar

E ele terminar com você

E ele vai terminar com você

Vocês irão morrer juntos, mas sozinhos

A única coisa que precisava era pegar seus filhos e sair, o criado que a acompanhava estava com o seu baú.
Foi até o berçário real, pegando Aegon no colo e puxou Rhaenys consigo pela mão.
Sua menininha estava quieta, com uma expressão grave. Rhaenys era inteligente, sentia que tinha algo errado.
Foi em direção a saída.
Ela olhou para a sala do trono, onde ainda tentavam limpar o sangue de Aerys.
Ela olhou com cumplicidade para sir Jaime Lannister. Só os dois sabiam o que realmente aconteceu com o Rei Louco.
Para sua surpresa, Lyanna Stark estava lá, na porta, com o seu filho no colo.
–Lady Stark. -ela disse com calma. Não iria fazer um escândalo. A sua imagem pública era a única que não estava destruída ali, e pretendia usar esse fato para proteger seus filhos de qualquer agressão ou atentado.
–É rainha! -corrigiu Lyanna -Rainha Lyanna da Casa Stark.
Elia sorriu docemente para Lyanna.
"Pobre menina, não sabe o que a espera nesse lugar podre."
Elia olhou para a sala do trono.
–Eu estava aqui quando aconteceu.
Lyanna ficou confusa.
Elia explicou.
–Seu pai guinchava como um porco. A pele rapidamente ficou preta e caiu. O cheiro de carne queimada era muito forte. Enquanto isso seu irmão tentava alcançar a espada. Ele ficou roxo, mas não desistiu. Ele ainda tinha alguma esperança de salvar seu pai. Infelizmente quando seus dedos tocaram na espada ele não aguentava mais. Morreu.
Lyanna estava horrorizada, com lágrimas nos olhos ao imaginar a cena.
–Sua corôa de rainha está manchada do sangue de seu pai e seu irmão. Espero que sorria lindamente, lady Stark, quando puserem na sua cabeça esse diadema, nesse mesmo lugar onde seu pai queimou e seu irmão sufocou.
E lhe deu as costas, indo em direção a saída.
Do lado de fora, Elia endireitou a coluna e ergueu a cabeça.
Ela não sairia dali com a aparência de uma derrotada.
Uma multidão esperava do lado de fora, provavelmente para testemunhar a humilhação final daquela que devia ser rainha.
Mas ela era não submissa, não curvada, não quebrada, uma Martell de Dorne!
Caminhou com confiança em direção a eles.
–Um viva a Rainha Elia! -gritou alguém no meio da multidão.
–VIVA! VIVA! VIVA!
Ela sorriu, e continuou caminhando para a carruagem que a levaria embora.
O povo continuou a gritar.
–RAINHA ELIA! RAINHA ELIA! RAINHA ELIA! RAINHA ELIA! RAINHA ELIA!
E ouvindo esse grito, ela saiu de Porto Real.

Você me escreveu em uma carta

Você não conseguiria dizer bem na minha cara

Me dando aquela resposta de escola dominical

Se arrependa longe

Nunca mais vou sentir sua falta

Nunca mais vou cair na sua

Nunca

Nunca mais vou te beijar

Nunca mais vou te querer

Nunca mais vou te amar

Nunca

Dói saber que eu nunca estarei lá?

Aposto que é uma droga ver meu rosto em todo o lugar

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