capitulo 29

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Any Pov

Posso dizer que foram os dois piores dias da minha vida, fui humilhada a cada vez que era levada até aquela sala, tentei ao máximo ser forte e bancar a durona mas no primeiro xingamento chorei. Fui tratada como um simples objeto, pensei que pela primeira vez em anos meu pai ia finalmente lembrar que tem uma filha e que deveria se importar com ela, mas na verdade ele não se importou e na unica ligação que fiz pra ele ouvi que devia parar de brincar e voltar pra casa, fiz ele ouvir com todas as letras que eu fui sequestrada e a unica coisa que falou foi " faça o que quiser Ricardo, não tenho dinheiro"

Lucas foi algumas vezes ao quarto em que fiquei, ele não era tão ruim assim, tentou me animar de todas formas possiveis quando ninguem estava olhando mas eu só sabia chorar e dormir, acabei descobrindo através de conversas no corredor que serei morta por não ter valor e ser inútil para eles e é claro que surtei, quebrei pelo menos uns cinco copos e alguns pratos que vinham com comida, gritava por socorro e batia na porta implorando para que alguém abrisse, Lucas tentava me acalmar a cada ida no quarto mas não tinha resultado eu sempre gritava com ele e mandava sair, quebrei um dos copos perto demais do seu braço o que causou um corte, depois de perceber o que fiz chorei pedindo desculpas.

- é hoje não é ? - perguntei me referindo a minha execução assim que ele entrou com um copo de água e ele apenas concordou me entregando o copo que neguei no mesmo instante

- você precisa se hidratar, vamo lá Gabrielly me ajude a te ajudar  - Lucas falou se sentando ao meu lado

- pra você é facil falar, não é o seu pescoço que vai ser cortado essa noite

- Any - ele me chamou e eu o olhei - o que você tem de mais valioso lá fora ? - olhei sem entender já que foi uma pergunta completamente aleatória mas respondi

- a família que eu mesma escolhi, meus amigos - falei lembrando deles - e você Lucas ? quem é a pessoa mais importante da sua vida ? E porque está aqui ? Sei que não é porque quer

- Sou sobrinho do Ricardo, meu pai trabalha pra ele então tenho que fazer tudo o que Ricardo quiser caso contrário estamos fudidos - explicou e deu um sorrisinho no fim

- entendi, mas você não respondeu a primeira pergunta - olhei pra ele

O garoto abaixou a cabeça no momento em que falei aquilo, parecia algo delicado e xinguei a mim mesma por ter tocado no assunto

- se não quiser não responda

- Catarina - falou soltando um suspiro logo apos isso - ela era filha de um dos caras que tambem devia pro Ricardo, lembro que ela passou quase um mês aqui e foi o necessário pra me apaixonar por ela

- ela ta lá fora ? porque não sai daqui e vai ver ela Lucas ? - perguntei

- ela morreu, não consegui impedir, não consegui fazer Ricardo mudar de ideia - vejo uma lágrima escorrendo por seu rosto - e eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes, eu não vou deixar que ele estrague sua vida como estragou a minha quando me obrigou a vim pra cá ou como estragou a de Catarina - mais lágrimas caíam pelo seu rosto e ele parecia não ligar, não limpou nenhuma e fez com que a postura de durão que somente ele acreditava que existia sumisse de vez.

Abracei o garoto na tentativa de lhe consolar, Lucas teve a vida virada do avesso por um cara que não liga pra mais nada a não ser o dinheiro, eu precisava sair dali mas não ia embora sozinha, coloquei na cabeça que só sairia de lá se Lucas tambem fosse, não fazia sentido eu ir embora e deixar a única pessoa que me ajudou pra trás.

- vamo fugir - falei ainda no abraço e ele rapidamente se afastou de mim me olhando - tô falando sério, você conhece isso aqui melhor do que ninguém conhece todos os horários em que cada um fica em cada posto, vamos lá Lucas é a nossa chance

- sem chances Any, vou falar com Ricardo e fazer ele mudar de ideia, fugir é muito arriscado, tem segurança em todo canto - falou se levantando

- Lucas por favor, não seja burro ao ponto de ir falar com Ricardo não vai funcionar e nós dois sabemos disso - falei quase implorando na esperança que ele concordasse

Ele apenas saiu e eu gritei de ódio, ele tava desperdiçando a única chance que tinha de arrumar a própria vida e de não me deixar morrer, joguei o copo de água na porta que agora estava trancada e soltei mais alguns gritos. me recusei a almoçar e a falar com Lucas, no fim do dia próximo a noite ele voltou no quarto mais uma vez tentou falar comigo e eu apenas continuei olhando pra pequena janela que tinha ali, ignorando completamente sua presença no local.

- vai ser de madrugada, ele sempre prefere assim, tem menos chances de alguém ouvir ou estranhar a movimentação, venho te buscar mais tarde, desculpa por isso Any tentei de tudo - Lucas falou

Sussurei um " Eu falei" Lucas suspirou e saiu do quarto .

Sabe aquela pontinha de esperança, aquele pontinho de luz que você acredita que ainda existe no fim do túnel ? pra mim não existe mais, olhei pra janela e vi a noite chegando com ela chegava a minha hora, pensei diversas vezes que seria algo bom assim não teria que lidar com Nicole nem com Bryan nem com meu pai, mas lembrei de Joalin de Noah de Sabina e de Josh, onde eles estavam ? sera que preocupados ou achando a mesma coisa que meu pai ?

Sentei no chão e chorei, era só isso que eu sabia fazer nos últimos dias, eu sei que não adianta de nada mas eu tava apavorada, chorar era uma reação quase que automatica do meu corpo, pensei em mil maneiras de como fugir, analisei as fechaduras e a janela mas não tinha como abrir nenhuma das duas, e eu também nem sabia como era fora desse quarto sempre que me tiravam daqui colocavam algo em meu rosto.

Lucas abriu a porta e me chamou, em sua mão havia um capuz e na outra uma chave que rapidamente foi colocada em seu bolso, eu ainda estava no chão então ele estendeu a mão e eu segurei a mesma usando como apoio para levantar

- Lucas me empresta seu celular ? - ele me olhou sem entender nada - se eu for morta hoje alguem precisa ficar sabendo e eu preciso me despedir

O garoto pareceu pensar por alguns instantes e então me entregou o celular

- por favor não demora Any, e fala baixo tem gente no corredor - Lucas fala e eu sussuro um " relaxa"

Disquei rapidamente o número de Sabina pois foi o primeiro que veio na minha cabeça apesar de nunca ter decorado seu número ele estava bem claro na minha mente agora. No mesmo momento que ouvi sua voz comecei a chorar, contei tudo o que tinha acontecido mesmo estando chorando muito, me despedi de Sabina e consegui ouvir e sentir o desespero na voz dela mesmo do outro lado da linha.

- Any precisamos ir - Lucas me chamou e eu o olhei

- eu te amo Saby - falei e antes de desligar ouvi os gritos de Sabina, encerrei a chamada e entreguei o celular pra Lucas e fiquei em sua frente.

- obrigada por ter feito isso tudo ser um pouquinho menos assustador - falei em meio às lágrimas e dei um sorriso

- desculpa não conseguir salvar sua vida - ele diz e eu apenas abraço ele como um sinal de que estava tudo bem e como uma despedida - precisamos ir - Lucas falou e eu apenas assenti me separando dele e limpando o rosto

Ele levantou o capuz pedindo permissão para colocar em mim e eu apenas assenti, o garoto me guiou para fora do quarto e ouvi a porta sendo fechada atras de mim, respirei fundo e tentei acalmar a mim mesma

- pronta ? - Lucas perguntou baixo

- quem está preparado para a morte ? - falei e ele respirou fundo começando a me guiar

É Any você não vai ter um final feliz como nos filmes e livros, mas pra falar a verdade você nunca acreditou que teria né, penso comigo mesma enquanto caminho em direção ao meu fim

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Espero vocês no proximo capitulo meus amores

Mais uma vez, não me matem eu imploro

Ass: Lua

𝑂 𝑔𝑎𝑟𝑜𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑠𝑎𝑙𝑎 13 Onde histórias criam vida. Descubra agora