Capítulo 10| Fuga

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- Eu vou pedir o carro de Arisha emprestado e partimos em seguida.- Ina sussurrou para a ruiva que sustentava uma mistura de espanto e excitação em seu rosto. Logo isso se desfez quando a mesma lembrou de seu conflito com a hacker.

- Não, vamos só pegar a van e vazar, depois, se sobrevivermos nós devolvemos pra ela. Arisha não vai nos ajudar.- Ártemis saiu do quarto que dividia com Ina e Caio e foi até o escritório da hacker a procura das chaves da van.

- De jeito nenhum!- a cacheada disse com o tom mais autoritário. Se precipitou até a sala, logo atrás dela apareceu uma Ártemis hesitante ao avistar Arisha.

Ina não fez rodeios, pediu a van emprestada e lhe prometeu cuidar da mesma como se sua vida dependesse daquilo.

- Pra onde vão?- Arisha tinha finalmente tirado os olhos da tela do computador, encarando a ruiva.

- Vamos voltar a floresta, só para conhecer o local, planejar melhor as coisas, não deve demorar.- Ina podia sentir o quão ruim era em contar mentiras em sua alma que se retorcia de decepção.

- Eu e Caio havíamos combinado de fazer isso amanhã. Não acho que ele concordaria com isso... Além do que, são duas horas da manhã.- Estava embasbacada com o quão ruim era aquela desculpa.

- Vamos Ina, eu falei pra você.

- Eu levo vocês.

Ina não conseguiu esconder sua surpresa, e a ruiva ficou pálida com as palavras da hacker. Entraram na van felizes enquanto Arisha dirigia calmamente até o local onde eles saíram da floresta pela primeira vez. Quando a van foi estacionada, antes de destravar as portas Arisha não pôde deixar de perguntar:

- Vocês tem um bom plano, não tem?- Disse sem se virar para encarar as jovens.

- Eu não chamaria de plano... e também não arrisco dizer que é bom.- Depois da fala da morena, foi possível ver mesmo com Arisha de costas a sua expressão mudar completamente.

- Nós vamos conseguir, obrigada pela carona. Ártemis tentou abrir a porta mas ainda havia algo rondando sua mente.- Aliás... por quê está nos ajudando se você mesma deixou claro que não concorda com o que queremos fazer?

- Eu não concordo mas não posso privar vocês de viverem a escolha de vocês. Eu nunca vou entender mas não posso ignorar.- Declarou destravando as portas.

- Arisha pode me fazer só mais um favor? Eu realmente estou preocupada com algo.- Ina falou antes de descer da van com a expressão cansada.

- Diga.

- Mande Clara para Paris o mais rápido possível. Ela não pode ficar aqui por muito tempo, e acredito que o amigo dela tenha respostas para nós. Ela precisa partir logo.- Arisha assentiu enquanto as jovens saiam do carro e lentamente sumiam entre as árvores sem olhar para trás.

¤¤¤

- Não abaixe a guarda, essa floresta já não é a mesma que atravessamos naquele dia.- Ártemis sussurrou cautelosamente.

- Não é mesmo, consigo sentir o cheiro de pelo menos vinte pessoas que passaram por aqui nos últimos dias. O que será que estavam fazendo em uma reserva?

- Colocando armadilhas, provavelmente.- A ruiva tinha seu cabelo preso em um coque evidenciando seu rosto focado em achar possíveis armadilhas.

- Caio consegue encontrar esse tipo de coisa? Se ele vier atrás de nós pode ser perigoso demais.- Ina estava na frente da ruiva agora, as duas pisavam descalças na chão com cautela.

- Não se preocupe com Caio, ele já viveu muito mais coisas que nós duas juntas.

Ártemis conseguia sentir a brisa tranquila passando por elas, a morena também sentia a pureza do vento. Ina ainda tinha as palavras de Magnus ecoando em seus pensamentos e a fazendo se distrair a todo momento, estava tão perturbada que mal podia ouvir a sua mente sempre consciente e racional, não era muito difícil imaginar o motivo da ruiva ter se juntado a ela, Ártemis não aguentava mais esperar para que decidissem o que fazer quando obviamente eles nunca chegariam a um consenso.

Depois de mais de meia hora de caminhada a escuridão da floresta já não era um grande desafio, Ina começou a sentir-se vulnerável quando percebeu aquela talvez na fosse a melhor ideia que já tivera. Ártemis parou de repente, ela não se moveu um centímetro, Ina a imitou assim que percebeu.

A morena sentiu um impacto atingir suas costas, tentou encontrar folego mas caiu no chão sem reação antes que conseguisse. Ela havia caído de joelhos mas agora suas mãos e sua testa a sustentavam com dificuldade. Seus cabelos foram puxados com agressividade para que seu pescoço ficasse exposto. Sua visão estava embaçada mas conseguia ver a ruiva ainda parada a sua frente imóvel, parecia que não tinha percebido o que estava acontecendo ainda.

Não conseguia se mover, não sentia presença alguma ali, mesmo tendo certeza de que havia alguém a atacando naquele exato momento. Uma lâmina afiada surgiu diante de seus olhos e desceu lentamente até encontrar seu pescoço e o rasgou com firmeza, sentiu o sangue subir até a sua boca e também escorrer pelo seu tronco. Conseguiu ouvir a ruiva correr a até ela mas houve um som muito alto e em seguida seus sentidos se perturbaram e tudo se apagou.


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Fim da primeira parte...



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