- Eu vou pedir o carro de Arisha emprestado e partimos em seguida.- Ina sussurrou para a ruiva que sustentava uma mistura de espanto e excitação em seu rosto. Logo isso se desfez quando a mesma lembrou de seu conflito com a hacker.
- Não, vamos só pegar a van e vazar, depois, se sobrevivermos nós devolvemos pra ela. Arisha não vai nos ajudar.- Ártemis saiu do quarto que dividia com Ina e Caio e foi até o escritório da hacker a procura das chaves da van.
- De jeito nenhum!- a cacheada disse com o tom mais autoritário. Se precipitou até a sala, logo atrás dela apareceu uma Ártemis hesitante ao avistar Arisha.
Ina não fez rodeios, pediu a van emprestada e lhe prometeu cuidar da mesma como se sua vida dependesse daquilo.
- Pra onde vão?- Arisha tinha finalmente tirado os olhos da tela do computador, encarando a ruiva.
- Vamos voltar a floresta, só para conhecer o local, planejar melhor as coisas, não deve demorar.- Ina podia sentir o quão ruim era em contar mentiras em sua alma que se retorcia de decepção.
- Eu e Caio havíamos combinado de fazer isso amanhã. Não acho que ele concordaria com isso... Além do que, são duas horas da manhã.- Estava embasbacada com o quão ruim era aquela desculpa.
- Vamos Ina, eu falei pra você.
- Eu levo vocês.
Ina não conseguiu esconder sua surpresa, e a ruiva ficou pálida com as palavras da hacker. Entraram na van felizes enquanto Arisha dirigia calmamente até o local onde eles saíram da floresta pela primeira vez. Quando a van foi estacionada, antes de destravar as portas Arisha não pôde deixar de perguntar:
- Vocês tem um bom plano, não tem?- Disse sem se virar para encarar as jovens.
- Eu não chamaria de plano... e também não arrisco dizer que é bom.- Depois da fala da morena, foi possível ver mesmo com Arisha de costas a sua expressão mudar completamente.
- Nós vamos conseguir, obrigada pela carona. Ártemis tentou abrir a porta mas ainda havia algo rondando sua mente.- Aliás... por quê está nos ajudando se você mesma deixou claro que não concorda com o que queremos fazer?
- Eu não concordo mas não posso privar vocês de viverem a escolha de vocês. Eu nunca vou entender mas não posso ignorar.- Declarou destravando as portas.
- Arisha pode me fazer só mais um favor? Eu realmente estou preocupada com algo.- Ina falou antes de descer da van com a expressão cansada.
- Diga.
- Mande Clara para Paris o mais rápido possível. Ela não pode ficar aqui por muito tempo, e acredito que o amigo dela tenha respostas para nós. Ela precisa partir logo.- Arisha assentiu enquanto as jovens saiam do carro e lentamente sumiam entre as árvores sem olhar para trás.
¤¤¤
- Não abaixe a guarda, essa floresta já não é a mesma que atravessamos naquele dia.- Ártemis sussurrou cautelosamente.
- Não é mesmo, consigo sentir o cheiro de pelo menos vinte pessoas que passaram por aqui nos últimos dias. O que será que estavam fazendo em uma reserva?
- Colocando armadilhas, provavelmente.- A ruiva tinha seu cabelo preso em um coque evidenciando seu rosto focado em achar possíveis armadilhas.
- Caio consegue encontrar esse tipo de coisa? Se ele vier atrás de nós pode ser perigoso demais.- Ina estava na frente da ruiva agora, as duas pisavam descalças na chão com cautela.
- Não se preocupe com Caio, ele já viveu muito mais coisas que nós duas juntas.
Ártemis conseguia sentir a brisa tranquila passando por elas, a morena também sentia a pureza do vento. Ina ainda tinha as palavras de Magnus ecoando em seus pensamentos e a fazendo se distrair a todo momento, estava tão perturbada que mal podia ouvir a sua mente sempre consciente e racional, não era muito difícil imaginar o motivo da ruiva ter se juntado a ela, Ártemis não aguentava mais esperar para que decidissem o que fazer quando obviamente eles nunca chegariam a um consenso.
Depois de mais de meia hora de caminhada a escuridão da floresta já não era um grande desafio, Ina começou a sentir-se vulnerável quando percebeu aquela talvez na fosse a melhor ideia que já tivera. Ártemis parou de repente, ela não se moveu um centímetro, Ina a imitou assim que percebeu.
A morena sentiu um impacto atingir suas costas, tentou encontrar folego mas caiu no chão sem reação antes que conseguisse. Ela havia caído de joelhos mas agora suas mãos e sua testa a sustentavam com dificuldade. Seus cabelos foram puxados com agressividade para que seu pescoço ficasse exposto. Sua visão estava embaçada mas conseguia ver a ruiva ainda parada a sua frente imóvel, parecia que não tinha percebido o que estava acontecendo ainda.
Não conseguia se mover, não sentia presença alguma ali, mesmo tendo certeza de que havia alguém a atacando naquele exato momento. Uma lâmina afiada surgiu diante de seus olhos e desceu lentamente até encontrar seu pescoço e o rasgou com firmeza, sentiu o sangue subir até a sua boca e também escorrer pelo seu tronco. Conseguiu ouvir a ruiva correr a até ela mas houve um som muito alto e em seguida seus sentidos se perturbaram e tudo se apagou.
Vote e comente para me incentivar a continuar postando!
Fim da primeira parte...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Olhe Em Seus Olhos
Science FictionSeis crianças que vivem como cobaias por causa de suas capacidades sobre humanas, vêem suas perspectivas mudarem absurdamente quando uma delas é induzida a se rebelar. Dez anos se passam após as crianças serem separadas. Suas vidas tomam rumos compl...