O sol estava prestes a desaparecer no horizonte, quando Caio avistou algumas casas de madeira, mais ao fundo era possível ver alguns prédios.
Era um dia frio e os jovens estavam sendo castigados por ele, suas vestes eram finas, e seus corpos estavam começando a dar sinais de exaustão por terem passado horas andando sem rumo e com medo. Após algumas horas da fuga, a número Quatro havia encontrado o resto do grupo, e agora caminhava em silêncio como os outros.
As feridas superficiais haviam se curado a algum tempo, porém as causadas pelos fios internamente ainda levariam várias horas para desaparecer. O gás deixou sequelas na respiração dos jovens, que continuava arrastada e muitas vezes ofegante.
Um sorriso iluminou o rosto pálido de Caio, que correu com Ártemis pela estrada por alguns minutos deixando os outros para trás, até encontrarem uma loja de conveniência, Caio avistou um carro e rapidamente checou a placa do mesmo.
- Sótchi! Ártemis, estamos na Rússia!- Se virou para a ruiva quase pulando de animação.
- Sótchi!- Estalou os dedos animada -A ex da Yelena não mora aqui?!- perguntou com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso no canto da boca.
- Ah...- Caio hesitou.- Será que ela vai querer nos ajudar?
- Deixa comigo.- disse com determinação deixando Caio para trás e entrando na pequena loja.
Não demorou para os outros encontrarem Caio que esperava ansioso pela ruiva, o rapaz explicou onde estavam e tranquilizou os outros.
- E o que ela tá fazendo?- Ina perguntou ao ruivo quando avistou Ártemis dentro do estabelecimento conversando divertidamente com o atendente.
- Uau, nem parece a Quatro que eu conheço. Não me lembro de já ter visto ela sorrir.- Aikoh observou surpreso.
- Ela está dando um jeito.- Caio contou.
- "Um jeito"? O que isso quer dizer?- Lorenzo perguntou encarando Caio.
- Ela está conseguindo o que nós precisamos.- respondeu tentando se manter discreto.
- "Conseguindo"?- Clara se manteve pensativa antes de concluir: - Ah, ela deve estar prestes a roubar algo.- e Caio assentiu com um olhar divertido.
- Ah...- Ina disse tentando disfarçar sua surpresa.
- O que? Não me diga que você nunca...- Aikoh cobriu a boca com a mão.- Você nunca roubou?- perguntou incrédulo.
- Não... quer dizer, não é algo que me orgulho. Você fala como se fosse algo normal.- disse cabisbaixa.
- Mas é claro que é normal, eu vivi disso durante grande parte da minha vida.- Lorenzo respondeu levemente ofendido.
- Eu também.- Caio concordou.
- Mas isso é errado.- levantou a voz.
- Não é como se roubássemos os miseráveis, Ina.- Lorenzo começou.- Não se rouba de quem tem menos que você, isso é o que o pior tipo de ser humano faz, e sabe onde a maioria deles se situa? Na elite dessa sociedade. São esses que roubamos.
- Eu não sabia que você era tão ingênua.- Aikoh encarou Ina intrigado.
- Tudo bem ser ingênua, só espero que isso não nos atrapalhe a chegar no nosso objetivo.- Clara disse friamente.
A porta da loja se abriu, e a ruiva atravessou a mesma com um sorriso simpático, acenou para o funcionário uma última vez, antes de se juntar aos jovens e assumir a sua habitual expressão de tédio. Tirou do bolso um celular pequeno e velho, discou rapidamente e se afastou do grupo novamente enquanto esperava ser atendida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Olhe Em Seus Olhos
Science FictionSeis crianças que vivem como cobaias por causa de suas capacidades sobre humanas, vêem suas perspectivas mudarem absurdamente quando uma delas é induzida a se rebelar. Dez anos se passam após as crianças serem separadas. Suas vidas tomam rumos compl...