Capítulo 31

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— Você mancha nome dessa nobre família moleque pestilento. — gritava o senhor Gospoldin, um velho tão velho que mais parecia uma múmia.

Akira estava bebendo chá numa delicada xícara violeta, deixando tudo que o sogro estava falando entrar por um ouvido e sair pelo outro, e usando cada micrograma de deboche o rapaz falou.

— Mais um bolinho meu sogro?

— Arthuro controle esse seu esposo,ou eu mesmo vou fazer. — ameaçou o velho Gospoldin batendo com o chicote na mesa.

Arthuro a falar com o pai.

— O lucro desse ano foi incrível pai, aumentou 70% do que ano passado, os novos chocolates são um sucesso.

— A decoração ajudou muito também devemos confessar. — falou Akira impondo sua opinião sabendo que deixaria o sogro nervoso.

— Cala boca peste. — ralhou o velho.

— O importante é que deu certo pai, Akira e eu estávamos pensando que no natal...

— Não, essa festa medíocre cristã não, não, vamos sofrer com a ira de Koschei a qualquer segundo.

— Meu sogro isso são negócios, não vamos comemorar a festa do nascimento do Deus falso,as podemos lucrar com ela. — sorriu o garoto colocando uma uva na boca.

— Sempre lucramos sem precisar dessas besteiras.

— Meu sogro deixe de ser um velho ranzinza, o tempo está mudando, temos que pensar em seguir a modernidade.

— No meu tempo pessoas como você moleque cuidava da casa, e não se metia em assuntos que não eram seus, ou seria castigado.

— No seu tempo as pessoas eram embalsamadas e colocadas em pirâmides. — zombou Akira.

— Akira respeita meu pai. — mandou Arthuro ao esposo.

— Sim marido. — disse o rapaz passando geleia na torrada.

— Pai foi uma escolha minha o meu esposo trabalhar comigo.

— Um grande erro de sua parte Arthuro. — disse o senhor Gospoldin.

O genro revirou os olhos.

— Esse ano teremos aqui nessa casa a glorificação a Koschei, garoto não me decepcione ainda mais, essa é uma cerimônia muito importante para nossa família, o clã Gospoldin a celebra há décadas, milênios até, e não vai ser a nossa geração, a fazer o nobre clã Gospoldin a passar vergonha.

— Eu sei meu sogro, já estou preparando tudo há semanas, tendo algumas ideias, quero algo simples, mas sofisticado.

— Minha querida Dandara fazia incríveis bailes com muitas comidas, bebidas e músicas. — disse o senhor Gospoldin se perdendo em lembranças.

— É não vai ser nada espalhafatoso,quero algo simples.

— Está chamando minha mulher de espalhafatosa. — rugiu o homem.

— Não senhor, só quero algo mais simples e delicado.

— Koschei merece mais que coisas simples,sua função como o dono da casa é garantir...

— Eu sei perfeitamente as minhas funções nessa casa meu sogro.

— E uma de suas funções é respeitar os mais velhos. — disse velho alterado apontando o chicote para genro.

— Calma pai, o Akira como meu esposo tem o direito de decidir como será a celebração a Koschei, sem contudo quebrar as tradições desta casa. — falou Arthuro olhando para Akira.

— Irei respeitar as tradições da família amor.

— Respeitar. — debochou o senhor Gospoldin. — Tudo o quê você mais tem feito foi quebrar cada regra do código, pessoas como você não tinha nem que ter voz, ainda mais trabalhar e gerenciar uma empresa,mas você convenceu o idiota do meu filho que era o melhor,viado só só tem um direito ficar quieto e servir marido como ele bem quiser.

— Os tempos mudaram! — exclamou Akira elevando a voz.

— Os códigos não. — falou mais alto ainda o velho Gospoldin.

O rapaz respirou fundo e se acalmou soltando seu melhor sorriso simpático.

— Meu sogro eu irei respeitar o código, sei meu lugar nessa casa, peço desculpas se fui inconveniente. — o mais velho sufocou a raiva em ver que tais palavras, eram nada mais que palavras ao vento. —Mas um dia esses códigos vão mudar.

— Poderíamos ir mais tarde no sótão ver se algo te agrada para festa. — disse Arthuro para o esposo cortando o assunto.

— É vamos. — o rapaz saiu da sala de jantar sem olhar para ninguém.

***

Akira pensou que o sótão fosse sujo, escuro e empoeirado, mas se surpreendeu ao ver o ambiente limpo e organizado. Na parede dos fundos um enorme armário de mogno, e aqui e ali baús e caixas antigas só esperando serem abertas e exploradas, numa caixa de vidro um par de sapatos feitos de rubi, pendurado numa parede uma tapeçaria de uma mulher metade cobra dando um fruto a uma humana pelada, em um outro canto um lençol bege cobria algo volumoso que o rapaz logo foi ver.

— Que lindos. — exclamou Akira sem fôlego com tamanha beleza.

Arthuro se aproximou para ver as tediosas telas de família, que para ele poderia ir para o lixo, mas o esposo estava fascinado pelas peças com molduras de ouro e marfim.

— São todos Gospoldin?

— Sim várias e várias gerações, ainda faltam muitos, que nem se tem registros direito, há esse é o primo Jack.

Akira olhava para um homem preto como à noite vestido impecavelmente, com uma cartola escondendo parcialmente seu rosto, em sua mão direita ele segurava um rim.

— Ele estripou umas mulheres na antiga Londres. — respondeu ao ver a curiosidade do esposo que continuava a ver as obras.

O rapaz viu rostos conhecidos de histórias os pais contavam, outros ali nem ao menos sabia quem eram, Arthuro sempre explicava quem era quem e suas histórias. O rapaz ficou fascinado por um quadro de dois metros e quinze retratando três beldades gigantescas. As mulheres do retrato eram estranhamente idênticas em tudo, os mesmo 1,95 de altura, magras e rosto com maçãs saltadas, pele de chocolate extremamente amargo, olhos amarelos e cruéis, aos pés delas pedaços de um corpo e a cabeça de um homem, a pintura mostrava a frieza da situação como o sorriso das belas damas.

— Arthuro você sabe que não gosto daquelas horríveis obras de arte, acho que seria bom honrar nossos antepassados colocando as pinturas pela casa.

— Os retirados ficavam pela casa, quando minha mãe faleceu meu pai mandou tirar, você fala das obras de arte, os quadros da família são bem macabros por sinal.

— Prefiro esses, e iremos recolocar aos seus lugares de direito.

— Você gosta de perturbar o velho não gosta Akira?

— Que mal juízo faz de mim marido. — disse o rapaz quase inocente.

— Vou chamar Aldo para levar os quadros.

— Não, chame Janaína para me ajudar a limpar e polir as molduras primeiro.

— Como assim ajudar você? — indagou Arthuro já ficando irritado com que estava a pensar.

— Vou eu mesmo limpar, preciso de ajuda. — Akira foi incisivo.

— Isso é coisas para empregados.

— Meu amor vá chamar o Janaína, eu mesmo quero cuidar de tudo para a grande noite. — disse o jovem apertando os fortes braços do marido lhe dando um suave beijo.

LUA CHEIA o sangue dos inocentesOnde histórias criam vida. Descubra agora