— Você mancha nome dessa nobre família moleque pestilento. — gritava o senhor Gospoldin, um velho tão velho que mais parecia uma múmia.
Akira estava bebendo chá numa delicada xícara violeta, deixando tudo que o sogro estava falando entrar por um ouvido e sair pelo outro, e usando cada micrograma de deboche o rapaz falou.
— Mais um bolinho meu sogro?
— Arthuro controle esse seu esposo,ou eu mesmo vou fazer. — ameaçou o velho Gospoldin batendo com o chicote na mesa.
Arthuro a falar com o pai.
— O lucro desse ano foi incrível pai, aumentou 70% do que ano passado, os novos chocolates são um sucesso.
— A decoração ajudou muito também devemos confessar. — falou Akira impondo sua opinião sabendo que deixaria o sogro nervoso.
— Cala boca peste. — ralhou o velho.
— O importante é que deu certo pai, Akira e eu estávamos pensando que no natal...
— Não, essa festa medíocre cristã não, não, vamos sofrer com a ira de Koschei a qualquer segundo.
— Meu sogro isso são negócios, não vamos comemorar a festa do nascimento do Deus falso,as podemos lucrar com ela. — sorriu o garoto colocando uma uva na boca.
— Sempre lucramos sem precisar dessas besteiras.
— Meu sogro deixe de ser um velho ranzinza, o tempo está mudando, temos que pensar em seguir a modernidade.
— No meu tempo pessoas como você moleque cuidava da casa, e não se metia em assuntos que não eram seus, ou seria castigado.
— No seu tempo as pessoas eram embalsamadas e colocadas em pirâmides. — zombou Akira.
— Akira respeita meu pai. — mandou Arthuro ao esposo.
— Sim marido. — disse o rapaz passando geleia na torrada.
— Pai foi uma escolha minha o meu esposo trabalhar comigo.
— Um grande erro de sua parte Arthuro. — disse o senhor Gospoldin.
O genro revirou os olhos.
— Esse ano teremos aqui nessa casa a glorificação a Koschei, garoto não me decepcione ainda mais, essa é uma cerimônia muito importante para nossa família, o clã Gospoldin a celebra há décadas, milênios até, e não vai ser a nossa geração, a fazer o nobre clã Gospoldin a passar vergonha.
— Eu sei meu sogro, já estou preparando tudo há semanas, tendo algumas ideias, quero algo simples, mas sofisticado.
— Minha querida Dandara fazia incríveis bailes com muitas comidas, bebidas e músicas. — disse o senhor Gospoldin se perdendo em lembranças.
— É não vai ser nada espalhafatoso,quero algo simples.
— Está chamando minha mulher de espalhafatosa. — rugiu o homem.
— Não senhor, só quero algo mais simples e delicado.
— Koschei merece mais que coisas simples,sua função como o dono da casa é garantir...
— Eu sei perfeitamente as minhas funções nessa casa meu sogro.
— E uma de suas funções é respeitar os mais velhos. — disse velho alterado apontando o chicote para genro.
— Calma pai, o Akira como meu esposo tem o direito de decidir como será a celebração a Koschei, sem contudo quebrar as tradições desta casa. — falou Arthuro olhando para Akira.
— Irei respeitar as tradições da família amor.
— Respeitar. — debochou o senhor Gospoldin. — Tudo o quê você mais tem feito foi quebrar cada regra do código, pessoas como você não tinha nem que ter voz, ainda mais trabalhar e gerenciar uma empresa,mas você convenceu o idiota do meu filho que era o melhor,viado só só tem um direito ficar quieto e servir marido como ele bem quiser.
— Os tempos mudaram! — exclamou Akira elevando a voz.
— Os códigos não. — falou mais alto ainda o velho Gospoldin.
O rapaz respirou fundo e se acalmou soltando seu melhor sorriso simpático.
— Meu sogro eu irei respeitar o código, sei meu lugar nessa casa, peço desculpas se fui inconveniente. — o mais velho sufocou a raiva em ver que tais palavras, eram nada mais que palavras ao vento. —Mas um dia esses códigos vão mudar.
— Poderíamos ir mais tarde no sótão ver se algo te agrada para festa. — disse Arthuro para o esposo cortando o assunto.
— É vamos. — o rapaz saiu da sala de jantar sem olhar para ninguém.
***
Akira pensou que o sótão fosse sujo, escuro e empoeirado, mas se surpreendeu ao ver o ambiente limpo e organizado. Na parede dos fundos um enorme armário de mogno, e aqui e ali baús e caixas antigas só esperando serem abertas e exploradas, numa caixa de vidro um par de sapatos feitos de rubi, pendurado numa parede uma tapeçaria de uma mulher metade cobra dando um fruto a uma humana pelada, em um outro canto um lençol bege cobria algo volumoso que o rapaz logo foi ver.
— Que lindos. — exclamou Akira sem fôlego com tamanha beleza.
Arthuro se aproximou para ver as tediosas telas de família, que para ele poderia ir para o lixo, mas o esposo estava fascinado pelas peças com molduras de ouro e marfim.
— São todos Gospoldin?
— Sim várias e várias gerações, ainda faltam muitos, que nem se tem registros direito, há esse é o primo Jack.
Akira olhava para um homem preto como à noite vestido impecavelmente, com uma cartola escondendo parcialmente seu rosto, em sua mão direita ele segurava um rim.
— Ele estripou umas mulheres na antiga Londres. — respondeu ao ver a curiosidade do esposo que continuava a ver as obras.
O rapaz viu rostos conhecidos de histórias os pais contavam, outros ali nem ao menos sabia quem eram, Arthuro sempre explicava quem era quem e suas histórias. O rapaz ficou fascinado por um quadro de dois metros e quinze retratando três beldades gigantescas. As mulheres do retrato eram estranhamente idênticas em tudo, os mesmo 1,95 de altura, magras e rosto com maçãs saltadas, pele de chocolate extremamente amargo, olhos amarelos e cruéis, aos pés delas pedaços de um corpo e a cabeça de um homem, a pintura mostrava a frieza da situação como o sorriso das belas damas.
— Arthuro você sabe que não gosto daquelas horríveis obras de arte, acho que seria bom honrar nossos antepassados colocando as pinturas pela casa.
— Os retirados ficavam pela casa, quando minha mãe faleceu meu pai mandou tirar, você fala das obras de arte, os quadros da família são bem macabros por sinal.
— Prefiro esses, e iremos recolocar aos seus lugares de direito.
— Você gosta de perturbar o velho não gosta Akira?
— Que mal juízo faz de mim marido. — disse o rapaz quase inocente.
— Vou chamar Aldo para levar os quadros.
— Não, chame Janaína para me ajudar a limpar e polir as molduras primeiro.
— Como assim ajudar você? — indagou Arthuro já ficando irritado com que estava a pensar.
— Vou eu mesmo limpar, preciso de ajuda. — Akira foi incisivo.
— Isso é coisas para empregados.
— Meu amor vá chamar o Janaína, eu mesmo quero cuidar de tudo para a grande noite. — disse o jovem apertando os fortes braços do marido lhe dando um suave beijo.