Centro de Pesquisas Avançadas Twain, Atlanta, Geórgia, fevereiro de 2010.
Os pingos de chuva atingiam com ímpeto as janelas de vidro da ala de incubação. Trovões reverberavam e relâmpagos acendiam o céu, tornando a noite parecida com o dia. Lá fora uma tempestade, um colossal temporal.
Por um monitor, Margareth Twain analisava os batimentos cardíacos de um feto de três meses numa incubadora, eram lânguidos e debilitados, como alguém à beira da morte.
Haviam muitas incubadoras na sala, mas aquele bebê merecia uma atenção especial. Era defeituoso, cheio de más formações. Sobreviver a um parto tão prematuro tinha sido miraculoso, entretanto, conservar-se com vida com tantas anomalias seria quase impossível.
O pequeno feto estava coberto por fios e tubos, agulhas por todo o seu corpo franzino, mas se pudesse ver a sagacidade nos olhos da doutora Twain, saberia que ela não temia o que estava prestes a fazer. Embora não lhe faltasse coragem, a cientista ainda precisava de autorização. Olhou sugestivamente para a mãe do bebê que analisava a situação minuciosamente e recebeu confirmação com um sutil assentir de cabeça.
Margareth Twain adicionou ao soro uma quantidade significante de nanopartículas de genes sãos. Aquela era a última esperança daquele que lutava para viver. As gotinhas começaram a pingar, o líquido escorregou pelo tubo e encontrou a fina veia. Os momentos seguintes seriam cruciais.
A chuva ainda caía veementemente, deixando o ambiente amedrontador. Outro trovão longamente demorado e a luminosidade se foi, deixando a sala num escuro breu. Um estouro ecoou de repente e em seguida um clarão invadiu o local. Um raio.
Descargas elétricas atravessaram as janelas, quebrando os vidros e acertando em cheio a incubadora do prematuro feto, que foi envolvida por uma luz intensa como fogo. A doutora Twain foi arremessada para trás e atingiu a parede. Aturdida, desmaiou.
Quando se levantou, Margareth percebeu que algo estava diferente. Ao lado da incubadora estava sua única testemunha, a mãe do bebê apavorada. O suor no rosto da mulher se misturava com as muitas lágrimas que desciam de seus olhos. A pele estava rubra. Ela parecia estar tendo um ataque de pânico.
— O que você fez com o meu filho?! — vociferou a mãe.
— Eu ainda não sei... — respondeu a doutora Twain transtornada demais para pensar com clareza.
A médica caminhou lentamente até a incubadora e descobriu o porquê de tanto espanto e alvoroço. Aquilo deixaria seus cabelos com ainda mais fios brancos. Algo extraordinário aconteceu: as veias do recém-nascido resplandeciam, iluminando toda a sala. De dentro delas era possível ver não só o sangue, mas também a dosagem de soro com os genes saudáveis que o feto recebera. Esta, circulava com rapidez, adquirindo uma cor esverdeada, dando voltas completas pelo corpo inteiro em poucos segundos. Era como ver um carro em alta velocidade numa avenida. Margareth tocou o vidro da máquina e foi obrigada a retirar a mão rapidamente. Havia levado um choque.
Contemplando atentamente, a doutora então viu: as deformações tinham desaparecido. O feto, era um menino. Um garotinho perfeito.
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Garota X: O Gene da Cura
Novela JuvenilTrês anos após ter fugido do Departamento de Transmutação Genética, Chloe Williams nunca pensou que sua vida se tornaria tão monótona e confusa. Ela conheceu o mundo e se tornou livre, mas não sabe o que fazer com tamanha liberdade. Manter um legado...