Claire não gostou nada de me ver ganhar dela no baralho. Ela jogava bem, mas a incapacidade de ler os meus pensamentos a fez sair em desvantagem.
Na minha saída do CAM, encontrei Aaron. Ele estava quase entrando pela porta secreta no chão quando me viu sair.
— Eu sabia que encontraria você aqui! — afirmou já se aproximando.
Terminei de fechar a porta e ele me envolveu em seus braços. Ele cheirava tão bem. Aquele abraço pareceu tirar do meu corpo todo o peso e cansaço daquele dia. Era incrível como Aaron sabia me tranquilizar sem dizer uma única palavra. Talvez eu não tivesse reparado muito bem quando o vi pela manhã, mas vendo de perto, parecia que ele estava deixando a barba crescer.
— Senti saudades... — ele sussurrou no meu ouvido e eu sorri. Suas palavras exalavam tanta sinceridade que nem parecia que ele tinha me visto na manhã daquele dia.
— Eu também senti — declarei e era verdade. Os seus olhos verdes me encaravam.
— Você está tão linda hoje — anunciou e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Não importava quantas vezes ele dissesse aquilo, em todas elas eu sentiria o meu rosto queimar.
Aaron colocou a mão na minha nuca e começou a trazer o meu rosto para mais perto do dele. Apoiei a mão em seu peito e esperei o seu próximo movimento. Ele estava tão perto que não consegui manter os meus olhos abertos. Seu hálito era fresco e eu sentia os seus lábios muito perto dos meus. Eu queria beijá-lo.
— Estou aqui, ainda posso ver e ouvir vocês! — a voz do doutor Stewart surgiu nos alto-falantes escondidos em algum lugar nas árvores.
Foi como me jogar um balde de água fria.
— Logo agora, doutor?! — Aaron reclamou. — Eu faço tantos favores para você, não poderia fazer um para mim e deixar eu beijar a minha garota em paz?
A risada do fundador do CAM ecoou no meio das árvores.
— Leva a Chloe para sair! Lá você poderá beijá-la o quanto quiser... — garantiu o diretor.
— Seu pedido é uma ordem! — Aaron respondeu com uma continência. — Esse favor eu realizo com prazer para o senhor.
***
Perseguir Aaron com a minha moto era como correr atrás do inalcançável. A Papa-Léguas era silenciosa e veloz. Mesmo com Aaron pilotando em poucos quilômetros por hora, era difícil me emparelhar com ele.
Eu não sabia para onde ele estava me levando, mas aos poucos os prédios da cidade começaram a ressurgir na paisagem. Dobramos algumas ruas e finalmente Aaron parou. Era um prédio com muitos andares.
Aaron tirou o meu capacete e segurou a minha mão. Caminhamos em direção à entrada. Ele tocou a palma da mão livre na porta de vidro e um círculo eletrônico se formou ao redor dela. Segundos depois a porta se abriu e entramos na área da recepção. Aaron foi saudado por algumas pessoas que estavam ali muito bem vestidas.
Meu namorado me guiou até um elevador.
— Último andar! — ele deu o comando e as portas metálicas se fecharam.
— Para onde está me levando? — quis saber.
— Esta é uma das filiais da Larson's Technology, mas para onde eu estou te levando, você descobrirá daqui a pouco. — Aaron parecia se divertir com a minha curiosidade.
— Último andar! — a assistente eletrônica do elevador avisou.
Quando as portas se abriram eu demorei para entender onde estava.
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Garota X: O Gene da Cura
Teen FictionTrês anos após ter fugido do Departamento de Transmutação Genética, Chloe Williams nunca pensou que sua vida se tornaria tão monótona e confusa. Ela conheceu o mundo e se tornou livre, mas não sabe o que fazer com tamanha liberdade. Manter um legado...