Terceiro Capítulo: Mike Watanabe

7 0 0
                                    

Mike é um rapaz, branco, cabelos morenos com mechas loiras, um corpo de dar inveja, desde pequeno ele tem um jeito brincalhão, algo que chamava atenção por onde passava, pois ao mesmo tempo que era brincalhão é sério, sempre quis fazer medicina pois seu avô era médico e ajudou muitas pessoas nos tempos de conflito pela Ásia, ou melhor, nos tempos que os conflitos eram mais sangrentos.
É filho mais velho e tem um irmão ainda na escola primária. No pátio de medicina, Mike chegava com seu capacete na mão e andar descolado.
- Olha o homem aí! - Fala Billy seu amigo, o mesmo estava sentado na mesa com o copo de café gelado na mão. - E aí, levou o misterioso para jantar? - Pergunta em tom de malícia.
- Levei.
- Comeu?
- Pervertido! - Bate na cabeça dele. - A gente conversou e eu o chamei para ir à festa comigo.
- O que ele disse?
- Que vai e vai levar os amigos juntos.
- Deveria ter sido mais especifico. - Afirma Billy dando um gole. - Será que ele vai mesmo?
- Vai sim, não sei se vai entender a música toda, mas que ele vai, vai. A propósito: eu tinha pedido para você entregar a camisa a ele, ele disse que foi uma mulher. Explique?
- Bem... eu fiquei agoniado...
- Agoniado para quê?
- Eu estava desesperado para ir ao banheiro e a sala dele é muito longe, então pedi para uma moça entregar e disse a ela como te achar, caso ele queira agradecer.
- Você não sabe nem o nome dela?
- Com a pressa que eu estava, eu nem liguei se ela iria deixar ou não, apenas entreguei, falei onde achar você e saí correndo para o banheiro. - Rir. - Meu conselho: nunca misture arroz com mousse de maracujá e porco com mel, essa combinação é explosiva.
- Não pedi detalhes, anda, vamos para a aula.
O dia Mike foi tranquilo, ele até tentou ver Max, mas o mesmo estava o evitando, então assim que termina a aula ia para casa. Vendo que o seu objetivo não iria aparecer, o jovem iludido foi embora, sua casa é uma casa tradicional tailandesa, sua mãe e pai haviam feito questão dela ser assim, pois respeitavam a tradição fielmente. Ao contrário da família de Max, Mike não era nem rico e nem pobre mas tinha boas condições de vida, pois seus pais sempre trabalharam muito.
Ao entrar em casa sempre era recebido pela mãe, que faz questão de pôr o jantar toda noite, na cozinha.
- Sawasdee Krub, Mãe. - Fala se curvando e saldando sua mãe.
- Sawasdee Krub filho. Como foi seu dia?
- Nada de muito interessante, a gente estudou umas doenças e um funcionamento de alguns sistemas do corpo.
- E isso é nada demais? - Rir. - Achei que não ia vir janta hoje.
- Porque eu não iria vir? - Pergunta pegando água na geladeira.
- Desde que esse seu amigo novo apareceu, você anda estranho, aparece até que está interessado por ele.
- Mãe! - Fala envergonhado.
- Eu não tenho problema, se for amor vai fundo...
- Mãe!
- Eu queria conhecer, saber se é de boa família, ora Mike, sou uma mãe moderna, ele vem aqui quando?
- Quem vem aqui? - Pergunta o pai de Mike que e da polícia.
- Um amigo de Mike.
- E porque não "uma amiga", nunca trouxe uma menina aqui?
- Porque a pessoa certa ainda não apareceu. - Afirma Mike.
- Sempre querendo viver um conto de fadas. - Sentas-se a mesa. - Anda se sentem ou irão ficar me olhando? Onde está seu irmão, Mike?
- Vai dormir na casa de um colega hoje.
- Uhhh...então quem é o amigo que quer trazer aqui?
- Não nenhum, eu e a mãe só estávamos conversando. Por falar nisso iriei a uma festa sexta.
- Com quem? - Perguntou olhando dentro do seu olho.
- Com uma turma da faculdade.
- Sem drogas e se for fazer sexo use preservativo.
- Okay.
- Mais uma coisa...tenha cuidado.
No dia seguinte Mike chegou na faculdade pensativo, a conversa como seu pai o fez refletir, o fez sentir algo ruim, como se estivesse sendo ou fazendo algo errado, então matou as aulas da tarde para pensar, foi a uma praça e ficou sozinho por horas até...
- Qual o motivo da tristeza? - Pergunta uma moça se aproximando.
- Acho que estou fazendo algo errado, tendo sentimentos errados, nem te conheço e estou falando da minha vida. - Dá um sorriso de canto de boca.
- Eu perguntei não perguntei? Que sentimentos são esses?
- Acho que posso está gostado de alguém...
- Então isso é um sentimento bom.
- Alguém do mesmo sexo...
- E qual o problema? Até onde eu sei e aprendi, o amor não tem cor, raça, gênero entre outras coisas.
- Meu pai é meio das antigas, ele quer netos, quer que eu seja respeitoso...
- Parou! E se você for gay não pode ser isso por quê? Olha seu pai é de uma geração que não tinha isso abertamente, até tinha, mas era escondido, mas hoje as coisas estão diferentes.
- Mas...
- Mas não garoto, quem manda e escolhe o seu destino é você, é melhor sentir do que reprimir.
- E se não for recíproco.
- Só vai saber se tentar. - Sorrir. - As coisas não são tão complicadas, é a gente que complica, eu tenho um amigo que está nesse mesmo dilema, mas sei que ele irá seguir o coração dele.
- Quem é você afinal?
- Apenas uma amiga. - Vai embora.
No apartamento de Yihwa, está ela, Max e Fai que já havia voltado da sua viagem de trabalho, estão os três experimentando roupa para o show de sexta.
- Essa está boa? - Pergunta Yihwa.- Acho justo.
- Tudo isso para impressionar o Cho? - Pergunta Max rindo.
- Vai dizer que você não vai com algo para impressionar o Mike?
- Parem vocês dois. Yihwa está lindo essa roupa. - Afirma Fai. - Pena que não poderei ir com vocês.
- Por que não? - Pergunta Max.
- Não comprei entrada.
- Nem a gente, a gente vai pagar na hora de entrar. - Rir. - Yihwa é bom a gente ir mesmo? Se ele alimentar esperanças, pensar algo?
- Ele irá pensar de todo jeito se a gente não for, ou melhor, se você não for. Porque está com medo? Sente algo por ele?
- Quer a verdade ou a mentira?
- Ter perguntado isso já responde, se você sente algo então chegou a hora de ver se pode rolar algo, fugir só iria te fazer mal.
- Engraçado, eu sempre fugi. - Pega o copo que tinha um suco nele. - Desde adolescente, toda vez que alguém dava em cima de mim, eu não reparava, até sabia, mas sempre corri.
- Me diga o porquê?
- Porque quando se é rejeitado várias e várias vezes não se acredita mais no amor. Na verdade, não se acredita mais em nada. Então eu sempre corro. Dói menos, bem menos quando não dá certo.
- Max...eu não concordo, sempre pode se dar uma segunda chance a viver e sentir o amor, fugir é o que faz a gente sofrer mais, já que está aqui, agora, então irei fazer o que estiver ao meu alcance para que você tenha outra perspectiva da vida, para que se ame e para que aceite ser amado.
A emoção foi tão forte nesse momento que os três se abraçaram, os olhos de Max vermelhos, pois começou a chorar, como uma criança que perde um doce, ele chorou no ombro de Yihwa e Fai, a cada lágrima agradece todo o carinho e a disposição das duas. Nesse momento o lado humano que o mesmo escondeu por tanto tempo apareceu, ele finalmente está no caminho para ser ele mesmo.
Afinal de contas homem também chora, quando está sempre na ideia de ser perfeito, que era o que estava na cabeça de Max, o ser humano tende a esquecer de seu lado sensível, seu lado humano, sua vontade de sentir e acaba usado tudo ao redor para barrar qualquer sentimento.
O dia passou de pressa, e a tão esperada festa chegou, os ânimos estão à flor da pele, pois será a primeira festa de Max em outro país, será uma nova turma e isso dá um frio na barriga do nosso herói é inevitável. No seu quarto, conversava com seus amigos por celular.
- Conexão Tailândia e Brasil, demorou a ligar em? - Afirma Carlos.
- A faculdade daqui é diferente da nossa, digamos que é bem mais rígida, mas estou ligando agora não estou?
- Então,que horas é a festa? - Pergunta Isabel.
- Daqui a pouco. - Responde procurando seu tênis.
- Daqui a pouco não é hora Max, que horas é a festa?
- Às 20 horas, aqui eles só podem ficar nessas festas de faculdade até as 23 horas.
- Quem é que vai tocar? - Pergunta Carlos.
- Virou interrogatório? Vocês estão muito curiosos.
- Lógico, você está no outro lado do mundo, a gente quer saber se é igual ao que a gente vê na internet.
- É uma banda de um amigo de Mike, esqueci de perguntar o nome.
- Você vai a um show e não sabe o nome da banda? Então está indo por mais um motivo. - Fala Isabel com tom de malícia.
- Sempre maldosa...estou indo para me divertir e socializar com o pessoal daqui.
- Sei. Só o pessoal que você está morando? Ok, quem está se iludindo é você.
- Max você já decidiu o que vai fazer? - Pergunta Carlos.
- Vou fazer a respeito do que?
- Se irá renovar sua bolsa...
- Eu mal cheguei aqui, vou ver onde as coisas irão me levar e seguirei meu coração.
- Quanto drama, não sabe é como contar aos seus pais isso sim. - Fala Isabel rindo. - Acho que você já sabe o que quer, precisa apenas da confirmação.
- Tá querendo saber demais.
- Vamos, Max. - Fala Knock bate na sua porta, entrando no quarto e o chamando para ir.
- Estou indo, como estou?
- Está bem bonito, se arrumando para alguém?
- Para mim mesmo. Eita, parece até que estou preso em romance. - Olha para o celular. - Bye, gente. - Desliga. - Vamos? Antes que eu desista. - Fala nervoso.
A turma está bem vestida, foram todos até Ae e Mia, a festa é na faculdade, quem vai tocar é uma banda liderada por um jovem chamado Sarawat ou Wat como é conhecido pelos amigos íntimos. Ao chegar Mike espera eles na porta.
- Vamos entrar? - Olha para Max. - Gostei... é a camisa que eu dei?
- Sim, eu achei que ia dar uma camisa para usar na faculdade.
- Vamos entrar. - Afirma Cho.
- Sim. - Entrega os ingressos. - Max quer ir comigo nos bastidores? Quero te apresentar ao meu amigo.
- Ok. - Fala sem jeito.
- Certo... A gente vai estar na fileira da frente, quando voltarem é só irem para lá. - Afirma Korn saindo com os outros.
Nos bastidores Max ficou encantado, era uma organização muito grande, tinha vários artistas, instrumentos, o que lhe chamou atenção.
- Wat, esse é Max. - Fala Mike apresentado eles.
- E aí? Você é igualzinho ao que o Mike descreveu. - Fala Wat estendendo a mão.
- Descreveu? - Pega na mão do rapaz. - Como ele me descreveu?
- Não se preocupe foi apenas coisas boas. Já tem costume de ouvir as nossas músicas?
- Sim, eu consigo traduzir e entender a maior parte já, mas se for possível tocar alguma em inglês, ficarei grato.
- Quase todas as músicas tem refrões em inglês. - Rir. - Mas iriei ver o que posso fazer por você. Mike o Tine pode ficar com vocês?
- Sim,claro.
- É que eu sempre toco uma música para ele.
- Quem é Tine? - Pergunta Max curioso.
- Meu namorado. - Responde Wat.
- Wat pode mandar ele ficar conosco, a gente vai está na fila da frente, diga para ele enviar uma mensagem quando chegar.
- Okay, agora vou me preparar, aproveitem o show. - Sai.
- Namorado? - Pergunta Max olhando para Mike.
- Sim, por quê?
- Achei que era proibido.
- Você precisa se atualizar, nada é proibido para o amor. - Rir. - Vamos?
- Vamos.
Tinha várias pessoas, estava realmente cheio o que fazia perceber que a reputação da banda é muito boa, no palco ao iniciar.
- Oi. - Fala Wat. - Boa noite a todos! Sejam todos bem vindos ao festival. Espero que gostem das músicas e que se divirtam. Hoje quero começar com uma música, para alguém que me pediu para tocar algo em inglês. Acho que essa música irá ajudá-lo a ver as coisas com outra perspectiva. - Respira. - 1 2 3 4 5 I LOVE YOU.
- Quanto mais eu tento fugir eu sou arrastado? - Fala Max com raiva.
- Você vai aprender nem que seja na força do ódio. - Fala Ae rindo. - Relaxa e curte a música.
- Max, deixa vir à tona o que você não quer entender. - Afirma Mia. - Até que é boa essa música.
- Canta, Max. - Fala Ae. - 1 2 3 4 5 eu te amo, 6 7 8 9 eu te amo. - Canta Ae.
- Todos os dias e noites eu te amo, o querida, o queridaaaa. - Cantam os três juntos. Ao terminar o verso acabam caindo na risada.
Na barraca de alimentos, Mike compra junto a Knock bebida para turma.
- Então...obrigado por ter conseguido ingressos para todos nós. - Afirma Knock.
- Por nada! Vocês são bem animados, gosto de pessoas alegres e dançantes.
- Que nada, faz meia hora que estou tentando dançar que preste, até agora só passei vergonha. - Rir. - Você gosta do Max?
- Como? - Pergunta nervoso.
- Perguntei se gosta do Max.
- Ainda não sei o que sinto por ele...
- Mas sente alguma coisa?
- Sim, quando estou com ele sinto meu coração disparar, quando não estou com ele sinto falta, me sinto como se tivesse só, eu sei que isso é estranho, a gente se conhece a pouco tempo...
- O tempo não diz muita coisa, o que dita as regras é o destino, se você é o destino dele, o tempo só vai ajudar. - Pega as bebidas. - Vamos voltar.
Ao retornar, Tine havia chegado, como é muito rápido em fazer amigos se enturmou rápido.
- Agora essa música vai para o meu Tine. - Afirma Wat. - Everything.
- Minha música. - Afirma Tine.
- Verdade? Legal, vocês se amam muito, né? - Pergunta Max.
- Sim, mas nem sempre foi assim. Canta comigo. - Respira fundo. - Mesmo se você não tiver ninguém importante, você apenas olha para mim...
Nesse verso, Max olha para Mike e permanece olhando, a sua volta tudo fica mais lento, ele não conseguiu parar de olhar até que é retribuído, os dois ficam se olhando até o final da música.
Nesse ponto o destino já tinha feito sua escolha, mas para que o final possa ser feliz muita coisa ainda iria acontecer, afinal de contas, "Se está no seu destino, o tempo só ajuda."

Looking For.. (Procurando Por - Primeira Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora